Torcedor, calma!






Tricolores de toda a terra, a euforia das agitadas semanas de Copinha, em que, demos total atenção à “molecada de xerém”, foi substituída pela frustração, algo tão recorrente no universo do futebol profissional. Foi o fim desta “saga” , mas não foi o fim da linha.

Estamos diante de uma das mais promissoras safras que xerém já produziu. E diante disso, entendo que devemos ser menos passionais e mais racionais diante da queda de ontem para o Santos. Sei que parece surreal pedir isso ao torcedor, mas precisamos entender o poder das nossas palavras em tempos de redes sociais.

Esta introdução, faz referência à enxurrada de comentários replicados nas redes sociais nutridos por adjetivos como: time pipoqueiro, bando de enganadores, não podem jogar no profissional, marrentos de cabelos pintados, etc.

Antes de tudo, vamos ao antagonismo passional x racional: Será que o objetivo de um trabalho de base é conquistar as competições da categoria? Será que o termômetro que mede as valências dos atletas deve levar em consideração apenas uma derrota para um grande adversário em uma competição de base? Em um esporte, em que cada vez mais, as qualidades individuais dos atletas são menos determinantes do que o jogo coletivo, podemos escolher um indivíduo para Cristo? Será mesmo que o adversário não tem parte alguma no baixo desempenho dos nossos atletas? E por último, será que devido à derrota de ontem, está sepultada a geração de ouro do Fluminense?

Então, parafraseando o meu amigo Rafael Paiva, do Canal Camisa Tricolor Podcast, eu clamo: “Torcedor, calma”! Galera, em primeiro plano, temos que reconhecer as virtudes do nosso adversário antes de apontarmos os nossos pecados. Vimos um Santos fisicamente muito forte, taticamente muito aplicado, e com uma intensidade de time profissional.

No tocante ao nosso time, por mais que houvesse claríssimas virtudes no nosso jogo individual e coletivo, o nosso time desde o início da competição mostrava muita lentidão em sua saída de bola, o que prejudicava e muito a transição ofensiva. Diante disso, o Santos impôs um ritmo inicial muito forte, com uma marcação pressão no nosso campo, que impedia a nossa saída de bola qualificada. Neste cenário, ficamos sem saída, tomando pressão do adversário, e justamente em uma tomada de bola levamos o primeiro gol. O ritmo frenético do Santos caiu a partir dos 35 minutos do primeiro tempo, e o Fluminense começou a conseguir sair para o jogo, foi quando fatidicamente, o Santos em mais uma bola retomada saiu em contra-ataque e fez o segundo gol.

No segundo tempo o Santos voltou pressionando e novamente dificultou a nossa lenta saída. Diante de tal cenário, Wallace e Jhon Kenedy decidiram tentar resolver sozinhos, e até conseguiram criar problemas para a defesa do Santos, sobretudo com o gol aos 24 minutos construído pelo Wallace e executado por Jhon kenedy, mas não foi o suficiente. Concordo com aqueles que afirmam que jogamos mal, mas há que se dizer que o nosso jogo foi comprometido também pela escolha de jogo do Santos. Creio ainda que o nosso bom treinador tomou decisões equivocadas, por exemplo, quando não iniciou o segundo tempo com o Luan Brito. Diante do exposto, entendo que estas ocorrências viabilizaram a classificação do Santos.

Considerando o pós-eliminação, entendo que o saldo da participação na “copinha” foi bem positivo. Desde o primeiro jogo até o derradeiro jogo de eliminação, foi possível tirarmos boas conclusões do que vimos. Por exemplo, a mudança tática promovida pelo Eduardo Oliveira substituindo o inicial 4-3-3 pelo 3-6-1, já no jogo contra o Fast Clube, em que ele passou a utilizar o Marcos Pedro como terceiro zagueiro, tornando explícita a maior qualidade do atleta que é sua pujança defensiva, bem como a qualidade dada à saída de bola do time. Ainda graças à referida alteração tática, foi possível também observar as qualidades do Jhonny, e o quão bem este funcionou como um ponta direita, sendo protegido em suas subidas pela recomposição feita pelo Nathan.

Por fim, Eduardo mostrou que é possível em um esquema como o 3-6-1, jogar sem o ala ou o lateral, e ter nos pontas, a possibilidade de uma recomposição defensiva sem “podar” seu viés ofensivo. Falando dos atletas, foi possível ver o quão pronto estão Wallace e Jhon Kenedy, bem como as necessidades de lapidação que jogadores como Matheus Martins, Marcos Pedro, Alexsander e Jhonny tem. Foi possível ver boas virtudes no Yago e no goleiro Thiago, bem como criar uma expectativa monstruosa no futuro do Luan Brito. Dito isso galera, porque a “terra arrasada”? Será que de nada serviu mesmo a nossa participação na copinha? Garanto que o “Abelão” está “rindo à toa”!

Diante do que foi explicitado, creio que é possível deixar o lado passional de lado um pouquinho só, e perceber que ganhamos muito mais do que perdemos nessa copinha. Será que consegui deixar uma semente de convencimento na cabeça do caro leitor? Ah, e deixando claro, isso não é papo de torcedor otimista que não quer aceitar sua frustração não, muito pelo contrário, sou desgraçadamente pessimista, daqueles que preferem primeiro ver o que pode dar errado, para tentar evitar o problema, e consequentemente buscar o acerto. Amigos, quem ganhou com essa “Copinha” foi o Abelão, pois obteve boas opções para a composição do elenco profissional.
Creiam amigos,  os ventos rumam para tempos de bonança.
Saudações Tricolores!
Leandro Quintella