Um time que joga para se defender




Roger Machado (Foto: Mailson Santana / Fluminense F.C.)



O Fluminense de Roger Machado joga para se defender. Joga para se defender e, ao mesmo tempo, não sabe se defender. Antes de falar dos nossos problemas, dos nossos erros, eu gostaria de falar de outros acontecimentos problemáticos. O adversário foi melhor. Não podemos, contudo, esquecer de alguns fatos capitais. Fatos capitais, pois poderiam ter mudado a história da partida. A arbitragem foi de um nível técnico muito baixo. Não questiono a idoneidade da arbitragem. Questiono a capacidade técnica.

Vocês se lembram de quando o Yago roubou a bola do Diego, tabelou com Fred e saiu na cara do gol? O lance foi limpo e o juiz marcou falta. Lembram do pênalti claro para o Flu? O juiz, não por charlatanismo, errou e não marcou o pênalti. E tudo ocorreu quando o jogo ainda estava zero a zero. Não foi roubo, nem falta de honestidade. Não. Vigorou o subdesenvolvimento, a falta de capacidade, a falência da competência. Quer um outro exemplo, leitor? Rodrigo Caio deveria ter sido expulso quando cometeu pênalti em Caio Paulista. 

Além de tudo, o subdesenvolvimento foi capaz de transgredir seus limites. O adversário era melhor, jogava mais bola e ainda teve tempo para fazer cera de gandula. Sou do tempo em que apenas o Arranca Toco FC e os times de várzea faziam cera de gandula. Em tempo: nada contra o gandula, apenas mais um clubista emocionado no meio de um Fla x Flu decisivo. Não é falta de caráter; é subdesenvolvimento. O gandula é inocente, ele também é uma vítima do subdesenvolvimento. O leitor lembra da última cera de gandulas antes da partida de ontem?

Chegou a hora de falar dos nossos problemas, amigos. O que vimos em campo? O mesmo nada de sempre. Uma equipe que não encontrou uma forma de jogar, um time sem o mínimo conjunto e padrão tático. O Fluminense parecia uma festa dos tímidos. Onze pessoas travadas e desconhecidas umas das outras e, obviamente, ninguém tentava contato. Ninguém chamava ninguém para dançar. Roger, o dono da festa dos estranhos, precisa melhorar muito.

A verdade, amigo leitor? O Pó de Arroz foi um show de horrores! Kayky isolado e pouco acionado na ponta. Luiz Henrique? Um mero secretario de lateral. O meio não cria e não marca e, nas laterais, entregamos duas avenidas para o adversário. Até o melhor goleiro do Brasil, Marcos Felipe, falhou. A equipe de Roger Machado joga para se defender. Joga para se defender e contra-atacar. E qual o grande problema, torcedor? O time não se defende e, muito menos, consegue contra-atacar. 

– Jogamos um tempo inteiro, intermináveis quarenta e cinco minutos e não chutamos uma única e escassa bola para o gol! O Nense não ataca, não defende, não cria, não chuta. Em resumo: não joga! Precisamos melhorar muito…

Teixeira Mendes