Uma oportunidade para o Fluminense




Foto; Vinicius Toledo / Explosão Tricolor



Decisão de Taça Rio. No passado, já valeu alguma coisa. Hoje, após anos de fórmulas esquisitas, organizações tendenciosas e sacanagens contumazes, não vale nada. Menos ainda quando o Campeonato Carioca recomeça em meio ao apogeu da pandemia mais séria do século, apressado pelo negligente lobby do rival.  

Mas a última quarta foi daqueles dias em que não era só futebol. Parece inacreditável, mas a dissidência hoje tem poder suficiente para influenciar o presidente da república na confecção de uma Medida Provisória, que tem força de lei. Por isso, o direito de transmissão dos jogos passou a ser do mandante. Só se mandantes forem eles! 

O sorteio deu o direito ao Fluminense. Mas o time da megalomania, que lá estava e até então não se manifestara, entendeu irrazoável não lucrar mais um pouquinho. E, na mesma semana em que exibiram com exclusividade uma semifinal em jogo único, alegaram que, para a final, não poderia haver transmissão só do mandante porque… era jogo único! E essa tese infame foi – pasmem -, acatada pelo TJD do RJ.   

Não que isso fosse alguma surpresa. O Time dos Maus Costumes (expressão do cronista Marcelo Savioli) já montava sua estrutura de transmissão antes da decisão. Afinal, é também o time do sistema. Só não passaram o jogo porque uma decisão do STJD os impediu, aos 45 do segundo tempo.

Dentro de campo, vitória. Ah, mas o rival treinou 30 dias (desde antes de estar liberado pelas autoridades) e nós, nem 10. Ah, mas eles têm um time estrelado, fruto de uma década de doping financeiro. No campo, nada disso importou, e, no novo mundo que surgirá após a pandemia, ganhar Fla x Flu continua sendo normal. Uma vitória da ética, do bom senso e do jogo limpo. O carioquinha da FERJ não vale nada, mas, no tempo atual, um dia de justiça importa demais.

Que se danem as finais deste campeonato de várzea! A grande decisão foi na última quarta-feira, e nós vencemos.

A atitude do rival da Gávea não causa espanto. É o mesmo clube que, no ano passado, não vendeu ingresso para a torcida do Avaí uma rodada após se posicionar firmemente contra a torcida única, no jogo em que foi visitante do Palmeiras. E que nos empurrou a apressada volta do futebol no Rio de Janeiro goela abaixo. Como não lembrar que eles demitiram dezenas de funcionários em meio à pandemia, mesmo tendo tido receita recorde em toda a história do futebol brasileiro, em 2019? Isso que ainda não se resolveu com algumas das famílias das vítimas do Incêndio do Ninho.     

Somando algumas atitudes pra lá de questionáveis de seus dirigentes à arrogante megalomania resultante da iminente alemanização do futebol tupiniquim, acabou que o outrora queridinho da mídia é cada vez mais mal visto.

Tá. Mas e o Fluminense nessa história?

Abriu-se uma lacuna. No mundo todo, as rivalidades impulsionam o crescimento dos envolvidos. Mas hoje o Time dos Maus Costumes, aos olhos dos jornalistas esportivos, não tem rival. Se Palmeiras e Grêmio, no campo, não conseguem mais competir, se o Red Bull ainda não é um projeto maduro, se o Corinthians atolou numa dívida gigantesca, se o Vasco não consegue superar seus problemas internos… que ocupemos nós esse espaço.

Se na bola não vai dar para fazer frente sempre, que aproveitemos o desgaste de imagem do rival por conta de suas equivocadas decisões. É o caso de se opor em tudo. Se eles querem voltar com o futebol às pressas, nós prezamos por prudência, bom senso e respeito à situação. Sempre. Se eles excluem o torcedor pobre, que nós tenhamos o ingresso mais barato do país e planos de sócio para quem tem baixa renda. Se eles são o time que contam com apoio do sistema, que nós rompamos com a FERJ e com a CBF e sejamos protagonistas na criação de uma liga, com cotas de TV mais bem divididas. A Globo já não está mais do lado deles, ao menos no momento. O que nos impede?

Chega de ter a imagem associado a um “tapetão” imaginário ou de ser “time das elites”.

VENCE O FLUMINENSE!

Tarik Moussallem