Valle Express é acusada de dar calote de cerca de R$ 1,4 milhão em 25 comerciantes de cidade mineira






Vale Express é acusada de dar calote em empresários de cidade mineira

Na manhã desta quarta-feira, o Fluminense anunciou o rompimento contratual com a Valle Express e informou que recorrerá à Justiça para buscar os seus direitos. Segundo informações do jornalista Hector Werlang, do portal Globoesporte.com, a empresa mineira deve ao Tricolor cerca de R$ 1,4 milhão.

E pelo visto, não é só o Fluminense que está tendo problema com a Valle Express. Segundo a jornalista Juliana Gontijo, do  portal mineiro “O TEMPO”, 25 comerciantes de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, tiveram que recorrer à Justiça para buscar os valores que deveriam ter sido repassados pela Vale Express.

Confira a íntegra da reportagem publicada no portal “O TEMPO” e entenda o drama dos comerciantes da cidade:

Vender e não receber. Essa é a situação de pelo menos 25 comerciantes de Ibirité, na região metropolitana da capital. Só que no lugar do inadimplente ser o consumidor, dessa vez ele é uma empresa, a Valle Express – que atua na administração de convênios, como vale-alimentação, e serviços, além de dona de bandeira própria de cartão.

A empresa tinha um convênio com a prefeitura local para o fornecimento de cartão-alimentação, que era usado pelos funcionários do Executivo municipal nas lojas de varejo conveniadas. Em contrapartida, a operadora do cartão teria que repassar aos comerciantes o montante gasto pelos funcionários nos estabelecimentos. Por fim, a prefeitura deveria pagar os gastos dos servidores à administradora do serviço.

Os problemas para os varejistas começaram no fim de 2017. “No início, foi bom, mas em novembro do ano passado eles pararam de fazer os repasses”, conta o empresário Jeferson Fraconel. Ele lembra que, várias vezes, procurou a empresa para receber os quase R$ 5.000 que ela deveria ter repassado a ele. “A resposta sempre era que o gerente comercial não estava”, explica.

Fraconel, que tem um pequeno sacolão e também vende carnes, diz que sem o dinheiro passou a dever o cartão de crédito, o que complicou sua situação financeira.

Segundo ele, há colegas em situação ainda pior. “Tem um supermercado, ao lado do meu comércio, que tem cerca de R$ 30 mil para receber da Valle Express e quase fechou. Há também o caso de uma empresa que chegou a fechar três unidades e mandou funcionários embora, pois tinha para receber R$ 300 mil, o que não aconteceu. O impacto na cidade foi muito grande”, conta.

Sem conseguir receber R$ 250 mil, o sócio do supermercado Leão da Serra, Rafael de Oliveira, chegou a atrasar o pagamento aos fornecedores. “Tive que contratar um empréstimo, e hoje estamos pagando juros”, diz.

Não conseguir pagar os fornecedores foi também o problema causado pela dívida de cerca de R$ 12 mil da Valle Express junto ao sacolão ABC Nosso, conforme o gerente geral do estabelecimento, Cristiano Januário de Souza. “É um dinheiro que está fazendo falta no orçamento da empresa”, frisa.

Sem receber, os empresários buscaram a Justiça. A advogada Elaine Ávila está representando 25 comerciantes da cidade. O prejuízo para esse grupo chega a R$ 1,4 milhão. “O valor pode ser ainda maior, já que há empresários que buscaram outros advogados, além daqueles que não procuraram a Justiça”, diz. Ela conta que a empresa argumentou que a prefeitura não fez os devidos repasses.

Procurado pela reportagem, o Executivo municipal informou, por meio de nota, que o contrato com a empresa Valle Express foi rescindido no final do ano passado. E um dos motivos foi a falta de pagamento da empresa aos comerciantes. A prefeitura garantiu que a Valle Express recebia rigorosamente em dia.

Ainda conforme a prefeitura local, além da falta de pagamento aos comerciantes, a empresa não cumpriu diversas cláusulas contratuais, como, por exemplo, prestar contas à prefeitura do saldo dos cartões, bem como dos pagamentos dos valores devidos por ela aos comerciantes locais.

“Apesar de notificada em diversas oportunidades, ela simplesmente se recusava a responder. Chegou ao absurdo de enviar comprovantes de agendamento bancário de pagamento aos comerciantes para a Secretaria de Administração e, no dia seguinte, cancelá-los”, diz a prefeitura em trecho da nota.

A administração municipal informou que tomou todas as providências administrativas possíveis para que a empresa cumprisse o contrato, e que a mesma o descumpriu, ocasionando o processo de rescisão. “Ao final, restou um pequeno saldo a pagar para a empresa, devido ao processo de rescisão, que é objeto de uma ação de consignação e pagamento, movida pela prefeitura e que tramita na Comarca de Ibirité”, conclui.

Valle responsabiliza prefeitura municipal

Procurada pela reportagem, a Valle Express, por meio de nota, informou que ganhou a licitação para a oferta de cartão convênio e alimentação à Prefeitura de Ibirité.

“Ficamos parados por quase um ano devido a um processo aberto pela empresa que havia sido desclassificada”, diz em trecho da nota.

A Valle Express acrescenta que, em razão do processo, só teria receita nos cartões-convênio, pois no cartão-alimentação devolvia quase 7% do valor utilizado para o Executivo municipal. Logo, não teria condições de repassar tal custo aos comerciantes e ainda ter alguma receita.

“A Valle Express estava pagando para trabalhar na cidade de Ibirité, o prejuízo foi imenso”, justifica. A Valle Express confirma que tem pendências com alguns estabelecimentos e que espera receber valores devidos pela prefeitura para a quitação das mesmas. “Ibirité é uma situação à parte que iremos solucionar”, ressalta.

A empresa acrescenta que espera que a Justiça determine que a prefeitura pague o que é devido, para que possa regularizar sua situação junto aos empresários do varejo da cidade. A Valle Express também informa que está aguardando a finalização do processo na Justiça “e pede desculpas aos empresários e funcionários da prefeitura pelo inconveniente”. Nesta terça-feira (7), a empresa anunciou a venda de parte de suas operações no Brasil para um grupo de investidores norte-americanos.

Desemprego

“A ausência dos repasses aos comerciantes tem diversos reflexos. Teve empresa que mandou funcionários embora. Sem emprego, eles deixam de consumir.”

Rafael de Oliveira – Sócio do supermercado Leão da Serra

Judiciário

“A falta de repasses começou em novembro de 2017, o que causou diversas dificuldades aos comerciantes. O Judiciário foi procurado, mas sequer aconteceu a citação.”

Elaine Ávila – Advogada do grupo de empresários

Na expectativa

“Estamos com valores pendentes com alguns estabelecimentos na cidade, mas esperamos receber os valores devidos pela prefeitura para a quitação dos mesmos.”

Valle Express

Empresa fornecedora dos cartões dos funcionários

Descumprimento

“A prefeitura tomou todas as providências administrativas possíveis para que a empresa cumprisse o contrato, e a mesma o descumpriu, o que ocasionou o processo de rescisão.”

Prefeitura Municipal de Ibirité

Clique aqui para ver a matéria no portal “O TEMPO” ou acesse através do seguinte link: https://www.otempo.com.br/capa/economia/calote-no-vale-alimenta%C3%A7%C3%A3o-em-ibirit%C3%A9-1.2010729



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Por Explosão Tricolor / Fonte: O TEMPO

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