Vamos acreditar no Tricolor!

Estamos nas semifinais da Copa do Brasil!

Numa partida quase perfeita do único tricolor do mundo, despachamos o Grêmio em plena Porto Alegre, provando pela milésima vez que não é qualquer imortal que pode fazer frente à eternidade.

Sim, porque como diria o nosso Profeta, o Fluminense nasceu com a vocação da eternidade. Tudo pode passar, só o Fluminense não passará jamais.

E o que vimos ontem, foi um banho tático, técnico e de disposição. Uma partida como há muito não víamos este Fluminense jogar.

Não vou entrar aqui em deslindes de Ronaldinho Gaúcho, que graças a Deus já é passado para nós.

Mas é inegável que este futebol que o time jogou ontem, foi similar a alguns momentos “pré-dentuço”. Um time jovem, aguerrido e intenso, regido pelo nosso capitão Fred, e que não tem medo nenhum de “cara feia”.

Pois ontem, diante de 40 mil pessoas, os meninos de Xerém mostraram ao mundo que o nosso Tricolor não precisa de ex-jogadores em atividade.

Claro que precisamos de algumas referências mais experientes, e felizmente as temos.

Mas é muito animador nos classificarmos em plena Arena do Grêmio, com cinco jogadores oriundos de Xerém no time titular. E com os cinco jogando muito bem, e tendo papel relevante na classificação.

Precisamos exaltar aqui também o Eduardo Batista, que parece aos poucos estar conseguindo reorganizar o time.

Em primeiro lugar, ele rearrumou o sistema defensivo da equipe. E isso já havia sido ressaltado por esta coluna após a primeira partida, quarta-feira passada.

Eu li durante todos estes meses, muitas críticas ao Gum. E muitas delas justas, diga-se de passagem. Mas não concordo que, após seis anos de Fluminense, a torcida ainda feche os olhos para as muitas virtudes que este atleta possui.

Não é um Ricardo, um Thiago Silva. Claro que não. Longe disso. Mas o Gum sempre foi infinitamente superior a todos os outros zagueiros do elenco, com exceção do Marlon.

Um atleta sério, que respeita a instituição, gosta do clube e sempre tenta dar o seu melhor em campo.

E que sempre rendeu bem, com um sistema defensivo bem montado. E é aí que entra o mérito do Eduardo Batista.

Nosso técnico parece ter encontrado a melhor formação defensiva da equipe para este momento.

Jean na lateral direita melhorou muito a marcação pelo setor. Com o Léo Pelé, enfim temos um lateral esquerdo de ofício e de ótima qualidade. A dupla Gum e Marlon se complementa muito bem. Pierre está dando uma proteção à zaga mais consistente do que nossos primeiros volantes anteriores. E, enfim, a grande sacada do nosso treinador, que foi a escalação do Cícero em sua posição de volante, que aliás, foi onde começou no futebol profissional.

E aqui amigos, farei uma “mea culpa”. Apesar de ser sua posição de origem, eu nunca gostei do Cícero como volante. Sempre achei ele muito lento e disperso para se dar bem nessa posição. Por outro lado, sempre preferi o Cícero mais próximo do gol, dada a sua facilidade de marcar gols, especialmente de cabeça.

Mas fato é que o Cícero escalado de segundo volante, é um dos grandes motivos para a evolução do nosso meio de campo.

A escalação do Cícero nesta posição, nos dá o luxo de ter um primeiro volante muito mais marcador, mesmo que não tenha habilidade com a bola nos pés. Isto porque, o Cícero acrescenta uma melhor qualidade na saída de bola que não tínhamos antes.

Além disso, não sei qual o tratamento de choque que foi feito com ele, que o cara resolveu correr de verdade em campo. Está marcando, roubando bolas, e sendo bastante produtivo para a equipe tricolor. Bola muito dentro do Eduardo.

Outro ponto positivo foi que, enfim, fizemos a inversão de posicionamento dos nossos três meias. O mais técnico, cerebral, mas por outro lado, mais lento, jogou ontem pelo meio. E pelos lados, o atleta mais dinâmico e produtivo, e o mais rápido e vertical que temos no momento.

Todos eles dispostos a municiar o melhor centroavante do Brasil, e um dos maiores da nossa história.

Vou fazer aqui um parêntese para falar do Gérson ontem. Li muitos comentários nas redes sociais, dos quais respeitosamente discordo, de que ele teria destoado do restante da equipe no jogo.

Para mim, foi exatamente o contrário. Não vi em nenhum momento o Gérson se escondendo na partida de ontem.

Tudo bem que as broncas e orientações do Fred ajudam muito a ele se ligar durante o jogo, mas entendo que fez uma ótima partida.

Não se escondeu, chamou o jogo o tempo todo, e não se intimidou por estar jogando uma quartas de final de Copa do Brasil, em um estádio lotado de torcida contra.

Aliás, deu uma arrancada a qual não está acostumado, e que foi em parte, responsável pelo nosso gol.

Que aliás, saiu de um ótimo cruzamento do Marcos Junior, para uma cabeçada espetacular daquele cone que faz gol em todo mundo. Mesmo no meio de quatro marcadores.

E, pra não dizer que só falei de flores, farei minha crítica à entrada do Oswaldo na partida.

A partir dela, perdemos de vez o meio de campo, e o final do jogo foi um sufoco imenso.

Tudo bem, que este sufoco já era esperado, pois era óbvio que o Grêmio se lançaria com tudo para frente.

Mas não podíamos perder o contra ataque como perdemos.

Oswaldo está numa fase péssima, e não pode ser a primeira opção para entrar nas partidas.

Entendo a substituição do Marcos Junior. Já tinha amarelo, estava cansado, e é esquentado. Mas a substituição deveria ser por outro atleta. A entrada do Oswaldo desarticulou nosso time de uma forma, que quase custou a classificação.

E por fim, Santo Cavalieri. Como é bom ter um goleiro seguro, que sim, ás vezes comete falhas, mas dá conta do recado.

Quem viveu o longo período pós Paulo Victor, sem ninguém de confiança no gol por mais de vinte anos, sabe do que estou falando.

Agora, é ir com tudo pelos 10 pontos no campeonato brasileiro, o mais rápido possível, para afastarmos qualquer ameaça, e podermos focar nossas energias neste título da Copa do Brasil, que pode salvar nosso ano.

E você, amigo tricolor, também acredita?

Abs,

Alan Petersen

Twitter: @paminongas