Veja a entrevista coletiva completa do técnico Fernando Diniz após a derrota do Brasil para a Argentina




Fernando Diniz (Fotos: Staff Images / CBF)



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O Brasil conheceu a sua terceira derrota seguida nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 ao perder por 1 a 0 para a Argentina na noite desta terça-feira no Maracanã. Em entrevista coletiva após a partida, o técnico interino Fernando Diniz apontou para a evolução da equipe e minimizou tanto os recordes negativos que vem acumulando no comando da Seleção quanto os protestos da torcida:

– A torcida está no direito de fazer o que ela quiser. Ela vem e a gente tem que entregar o nosso melhor. O torcedor é passional e quer vencer, então ele está no direito de vaiar. Acho que gritar olé para a Argentina é um pouco demais. Tanto que o pessoal que falou foi vaiado pelo público que estava. Mas vaiar, ficar indócil com o time porque não está ganhando é extremamente compreensível. Do resto, temos que saber conviver com as vaias e com a pressão. Ele (torcedor) quer vencer e jogar bem. Acho que o time jogou bem, mas não venceu. E quando isso acontece e vem a derrota, é um fato normal.

Sobre as marcas negativas à frente da Seleção, o técnico rebateu:

– Eu vou falar a mesma coisa que falei quando o Fluminense ganhou a Libertadores: você não pode achar que a vida é só estatística, se ela for só estatística está tudo muito ruim. Mas se a gente analisar como um processo de mudança, de jogadores, teve muitas coisas. Hoje tivemos três jogadores que disputaram a última Copa do Mundo, a Argentina teve quase um time completo. E jogando assim, com confiança plena, porque se a Argentina perdesse hoje, como perdeu do Uruguai, tinha uma aceitação do público diferente. Então, o desempenho está oscilando. Contra a Colômbia eu falei que jogamos boa parte do tempo melhor. E quando a gente fala não tem um impacto grande. O treinador da Argentina assistiu ao mesmo jogo que eu, ele concordou.

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Diniz tratou os tropeços como parte do processo de evolução após uma reformulação da equipe:

– O desempenho a gente controla. E eu acho que é um caminho. Quando você controla o treinamento, as coisas que você pretende fazer no jogo, mas às vezes o resultado escapa. Como é que vai fazer para ganhar? Deixar de evoluir, deixar de construir? Deixar de acreditar nos meninos que jogaram hoje, um monte que nasceu nos anos 2000? Isso é o futuro que a gente tem. E os jogadores se empenharam. Se conseguir ir melhorando isso, a tendência é de os resultados aparecerem de maneira consistente. Agora, se a gente ficar na tua pergunta, é uma pergunta que a resposta já está dada. A Venezuela empatou, depois meteu 3 a 0 no Chile. Não tem mais boa. A Venezuela não é mais a Venezuela de 40 anos atrás. E você vai ver isso nas eliminatórias. A Argentina perdeu do Uruguai agora, e esse é o futebol de hoje – afirmou Diniz, reforçando a confiança no trabalho:

– Eu concordo, a gente não pode perder. Quando veste a camisa do Brasil tem que fazer de tudo para ganhar os jogos. E isso está sendo feito no sentido de trabalho. Eu acho que se a gente conseguir aprofundar cada vez mais as nossas relações internas, crescer no trabalho, nos treinamentos, os resultados devem aparecer. Não temos garantia de que vão aparecer, a gente pode garantir é trabalho. Tivemos erros que têm a ver com a nossa pouca convivência, ainda que a gente conseguiu corrigir pra esse jogo, mas não consegue corrigir tudo. Contra a Colômbia marcamos muito mal em linha baixa, hoje marcamos bem o tempo todo. Então, é parte de uma construção. Eu acredito na força do trabalho. A tendência do Brasil é de evolução, claramente, no meu ponto de vista.

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Em seis jogos com Diniz no comando, o Brasil soma duas vitórias, um empate e três derrotas e é só o sexto colocado na tabela (ocupando a última das vagas diretas para a Copa do Mundo de 2026). Em teoria, esta foi a última partida oficial do técnico no cargo, já que ele no primeiro semestre de 2024 terá só amistosos a fazer. A próxima rodada das eliminatórias será só no dia 5 de setembro, quando a Seleção recebe o Equador, quarto colocado, em estádio ainda a ser divulgado.

– A torcida está no direito de fazer o que ela quiser. Ela vem e a gente tem que entregar o nosso melhor. O torcedor é passional e quer vencer, então ele está no direito de vaiar. Acho que gritar olé para a Argentina é um pouco demais. Tanto que o pessoal que falou foi vaiado pelo público que estava. Mas vaiar, ficar indócil com o time porque não está ganhando é extremamente compreensível. Do resto, temos que saber conviver com as vaias e com a pressão. Ele (torcedor) quer vencer e jogar bem. Acho que o time jogou bem, mas não venceu. E quando isso acontece e vem a derrota, é um fato normal.

Veja outras respostas de Diniz

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Análise do jogo

– Jogo de dois times tradicionais, muito fortes, embora a gente teve um número de finalizações parecido, o Brasil levou muito mais perigo. A Argentina não teve nenhuma chance para fazer, a única que teve foi no escanteio, a gente errou na marcação e o Otamendi conseguiu fazer o gol. Tivemos quase também chances em muitos contra-ataques meio claros para acertar o último passe e poder finalizar. Estivemos muito mais perto da vitória do que a Argentina. Achei o resultado bastante injusto.

Melhor atuação do Brasil?

– Difícil falar o melhor. Contra a Bolívia o time foi muito bem. Mas, se considerar a rivalidade, a Argentina, por vir num momento de muita confiança e ser o último campeão do mundo, há menos de um ano. A gente com o time muito mexido. Se considerar todas as variáveis que interferiram nesse jogo, se não foi a melhor, foi uma das melhores.

Substituição do Marquinhos

– o Marquinhos teve um desconforto muscular, não foi nada assim muito agressivo, e todo mundo achou melhor ele sair junto com o departamento médico. Eu acho que tomaram a melhor decisão.

Eficiência x Ineficaz

– Acho que talvez eficiente seja o número de oportunidades ou de lances para a gente matar e não matou. Os lances mais claros nesse sentido, acho que sim. Tivemos chances, bola na trave, escanteios perigosos, a gente estava levando perigo hoje na bola parada; teve a bola determinante no segundo tempo, porque teve a jogada do Gabriel Jesus com o Martinelli, mas infelizmente a bola não entrou. Quero ressaltar o comprometimento dos jogadores, a construção do time, hoje foi um jogo que você vê muita coisa de construção coletiva. É difícil você pegar um time, ainda mais mexendo muito na equipe, e conseguir ter a coesão que o time mostrou hoje.

– Então, se a gente conseguir relativizar os jogadores que jogaram, a idade do time, o adversário que a gente enfrentou, acho que teve muito conteúdo em todos os sentidos. Na parte mental, como na parte tática, como na parte física. Os jogadores foram impecáveis na entrega, na questão da marcação, que teve muito erro, erros excessivos contra a Colômbia. Em cinco dias, fizemos uma correção muito grande. Enfim, o resultado, às vezes, não explica o que aconteceu no jogo, como no caso de hoje. Ao mesmo tempo, tem que procurar nas próximas ocasiões vencer para poder confirmar o desempenho.

Pouco tempo de treino

– A gente está fazendo isso, treinando muito. Contra a Colômbia, embora cedemos um número excessivo de finalizações, mas não tantas assim tão… Eu convido vocês que fazem análise, não sei se têm esse hábito, a assistirem ao jogo depois e tira o som para ver o que aconteceu. Vai ver que tirando a emoção é um outro jogo, é a análise que nos cabe fazer. É o que eu fiz com os jogadores, separamos o que fizemos de ruim para corrigir. Eu sou um treinador que quanto mais tempo tenho para trabalhar, melhor.

– Eu gosto muito de trabalhar, é treino e jogo. O jogo acaba sendo o próprio treinamento. Você não consegue treinar as emoções da partida num treinamento. Para mim seria muito melhor se tivéssemos partidas sequenciais, mas eu tenho que me adaptar a isso e fazer com que o time melhore cada vez mais. Torcer para que não ocorra mais problemas de convocação, que possamos ter aqueles que acharmos melhor, e os jogadores não se lesionem.

Confusão antes do jogo

– A gente não gosta que aconteça esse tipo de coisa. Não temos muito parâmetro para saber o que aconteceu estando dentro do campo, então eu não tenho como te falar. A gente infelizmente lamenta, mas eu não tenho dados para saber o que aconteceu, por que aconteceu…

Como combater esses casos?

– É lamentável quando acontece cena de violência e falta de respeito. Não sei o que aconteceu aqui, na final da Libertadores, de pancadaria na rua, mas não é isolado de Brasil e Argentina. E não é de hoje, faz tempo que acontece esse tipo de situação. Acho que a gente, com a voz que tem, é procurar dar os recados no campo. Embora tivesse sido um jogo faltoso e duro, não foi desleal em nenhum momento. Acho que esse é o primeiro passo. Dentro do campo não teve nada que estimulasse a violência que teve lá fora. Nesse sentido, as duas equipes souberam se comportar bem, as comissões técnicas… Eu acho que esse é o principal exemplo que a gente tem que dar. E quando vai falar, como estou falando agora, é lamentar e tentar que as torcidas consigam ter mais compreensão de vir ao estádio para torcer, e que os órgãos públicos também consigam agir de maneira preventiva.

Endrick

– É um processo de amadurecimento, um jogador que estava muito seguro, que eu acredito, obviamente que ele tem um futuro brilhante pela frente. Tanto no Palmeiras, no Real Madrid e dentro da Seleção. Foi ruim que na hora que ele entrou, logo depois de o Joelinton foi expulso. Talvez ele pudesse ter tido mais condição e bolas para finalizar, porque é um jogador diferente. Ele tem um brilho especial. Por isso que eu o convoquei, e ele mostrou isso nos treinamentos. Em quase todos os treinamentos ele acaba fazendo um gol.

Pressão para colocar Veiga?

– Eu nem sabia que tinham pedido o Veiga (no jogo passado), para falar a verdade. Eu coloquei porque eu achei que era pertinente.

Balanço dos seis jogos

– Acho que em termos de processo para o futuro, foram extremamente válidos. Inclusive perder para poder saber o que faz na hora que perde, como é que amadurece o time. Se analisar em termos de resultados, é muito ruim. Somente agora perder três jogos seguidos, e já vinha de um empate com a Venezuela. Em termos de desempenho oscilamos, acho que a partida mais estável foi hoje mesmo. Contra a Bolívia também, mas foi um outro cenário, as coisas fluíram de uma maneira… O jogo fluiu muito, fomos achando os gols, podia ter feito mais. Mas mesmo contra a Bolívia tivemos um outro vacilo defensivo e acabamos tomando um gol que não precisava ter tomado. Em termos de conteúdo tático, de entendimento daquilo que a gente quer, talvez hoje ter sido o melhor jogo.

– Então, dentro das observações que a gente teve, hoje provavelmente foi a entrega de uma coisa assim, com uma perspectiva muito positiva para frente. Nesse ponto de vista tático, de entrega dos jogadores, de equilíbrio emocional, tirando obviamente a expulsão do Joelinton, você vê uma coisa positiva para frente. A gente está formando praticamente uma nova geração de jogadores que alguns deles ainda nem se firmaram em grandes clubes da Europa, estão procurando seu espaço e têm muito talento. Eu acho que ali na frente vamos começar a colher coisas muito boas.

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Por Explosão Tricolor

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