Vence o Fluminense!




Oscar Cox, fundador do Fluminense.
Oscar Cox, fundador do Fluminense.

Inicialmente, quero deixar bem claro que este texto não é uma lição de moral para ninguém.

Muito menos tenho qualquer pretensão de convencer ou ensinar o torcedor tricolor de como deve se portar nesta última rodada do campeonato brasileiro.

Não sou o dono da verdade, e o único objetivo que tenho é me posicionar diante da discussão que paira na torcida tricolor desde domingo, sobre se devemos ou não entregar o jogo desta última rodada para o Figueirense, pelo enorme prazer de ver o Sr. Eurico Miranda rebaixado mais uma vez.

E eu já adianto, meus amigos, que torço do fundo do meu coração por uma vitória tricolor neste jogo. E vou explicar o porquê deste meu posicionamento.

Eu vivi intensamente os anos negros da história tricolor. Em 1996, com então 15 anos, muitos vexames, e apenas um gol de barriga para me orgulhar, eu desabei em lágrimas com a queda do Fluminense para a segunda divisão.

E nunca saiu da minha memória, a imagem do Flamengo escalando o seu terceiro goleiro diante do Bahia, e da torcida do Atlético Paranaense comemorando a derrota de sua equipe diante do Criciúma.

Eu vociferei contra estas duas torcidas, os mais impublicáveis palavrões por causa destes episódios. O nojo que eu sentia só era deixado de lado, momentaneamente, pela imensa tristeza de ver o meu grande amor tricolor rebaixado. Fato este que ocorreria, novamente, nos dois anos seguintes, até iniciarmos nossa insuperável recuperação no ano de 1999.

Em toda a minha vida, sempre citei este episódio negativamente, para defender o que entendo como lisura esportiva, competitividade, integridade, e espírito de time grande.

E, a partir daí, sempre tive a convicção de que, nunca em toda a minha vida, eu torceria contra o meu time, ou para que ele não saísse vitorioso de uma determinada partida.

Independentemente de todos os outros interesses que porventura estejam em jogo, nada para mim supera o interesse em uma vitória do Fluminense, seja em que jogo for.

Sim amigos, eu quero ver o Vasco rebaixado. Acho o Eurico dos maiores males do nosso futebol, e acho extremamente prejudicial ao Rio de Janeiro, e ao Fluminense, a sua volta como protagonista de um clube como o Vasco.

Além disso, ele não perde uma oportunidade de tentar diminuir o Fluminense, o que na verdade, só reforça a nossa grandeza.

Mas aí amigos, entra uma questão que pra mim, é inegociável em se tratando de vida e de Fluminense. Torcer pelo que eu acho que é certo.

O Fluminense tem um significado dentro do futebol brasileiro. Nós somos o berço disso tudo, a tradição deste esporte no nosso país. O Fluminense ensinou muitas coisas a todos nós, e dentre elas, a de que precisa de um algo mais para ser Tricolor.

O Fluminense que me orgulha, que me faz bater no peito e me sentir diferente dos outros, entra em campo para ganhar.

Em algumas semanas, pretendo fazer uma coluna sobre o ridículo movimento de se transformar o nosso futebol em um risível Flamengo x Corinthians.

E eu acho que a única salvação a este modelo nefasto que tentam impor, é vender o campeonato como um produto só, atrativo e de ótima qualidade.

A valorização deve ser do campeonato em si, em virtude das equipes que o disputam, e não das agremiações individualmente falando, olhando única e exclusivamente para a quantidade de torcedores de cada uma.

Um campeonato com 20 clubes fortes, sempre será mais atrativo do que um campeonato de 18 clubes fracos, e apenas dois supertimes.

Mas para este campeonato ser forte, eu preciso que ele seja confiável, que tenha credibilidade. E para isso, o meu time precisa entrar para vencer os jogos sempre, sejam eles quais forem.

Sei que muitos dirão: “Ah, queria ver se fosse o Fluminense no lugar do Vasco!”.

Sim, é verdade. Provavelmente haveria um movimento de entrega enorme do outro lado também. Com o qual eu não concordaria, e ficaria pau da vida.

Mas as atitudes que tomo em minha vida pessoal, não são baseadas no que os outros fariam. E sim, no que entendo como certo.

É justo que eu suborne um policial só porque todo mundo faz? Não. E se eu não subornar, ainda serei o único otário que vou levar a multa. E vou acabar pagando mais, do que o outro que subornou. Mas mesmo assim, eu prefiro ser o otário, pois eu acredito que, se todos nós fôssemos um pouco otários, talvez o nosso país estivesse um pouquinho melhor do que está hoje.

Assim como eu acredito que, se todos os clubes olhassem um pouco menos para o seu próprio umbigo, talvez o nosso campeonato estivesse com um pouco mais de credibilidade, com mais união entre os participantes, e se tornando um produto melhor, mais vendável, e mais justo.

Sei que não será o Fluminense que vai mudar esta condição. Sei que o fato de demonstrarmos ética, caráter, e honestidade no próximo domingo, não nos isentará de sermos sacaneados no futuro.

Mas eu prefiro deitar minha cabeça no travesseiro, com o orgulho do Fluminense ter feito o que um time do seu tamanho deve fazer sempre, em qualquer momento de sua história: Entrar para vencer.

Até porque, há de convir que, mesmo com o time entrando sério em campo, a chance de vitória é bastante pequena. Estamos falando de uma equipe que é o pior time do returno, que não vence fora de casa desde julho, e que ainda joga sem o seu principal jogador dos últimos 20 anos.

Ou seja, mesmo com o Fluminense jogando sério, a chance do Vasco cair é enorme, até porque eles precisam também ganhar do Coritiba fora de casa, e torcer pro Avaí não ganhar do Corinthians.

Mas amigos, isso só me importa pela felicidade de ver o Vasco e o Eurico com o rabo entre as pernas, no frio da Sibéria.

Porque com relação ao Fluminense, só uma coisa me interessa. E neste caso, pra mim, sempre foi, ainda é, e sempre será, vencer ou vencer! Unido e forte pelo Esporte!

Vence o Fluminense! Seja qual for a circunstância!

Abs,

Alan Petersen