Vitória sobre o Flamengo, expulsões de jogadores tricolores, importância do apoio da torcida do Fluminense e muito mais: leia a entrevista coletiva de Fernando Diniz






Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva no Maracanã

O técnico Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva após a vitória do Fluminense por 2 a 1 sobre o Flamengo, na tarde deste domingo, no Maracanã, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. Confira abaixo todas as respostas do treinador tricolor:

Vitória sobre o Flamengo 

“Acho que o Fluminense ganhou merecidamente. O elemento principal foi a coragem para jogar sob pressão muito forte dos jogadores e torcedores do Flamengo. Solidariedade, todo mundo estar muito perto para dar opção para sair jogando. E a vontade que teve de se proteger quando foi preciso e a inteligência também. Então foi uma vitória justa sobre um grande rival, muito bem treinado por um cara que eu admiro demais, que é o Dorival Junior. Além de ser um excelente treinador, um dos melhores e merece tudo que está colhendo no Flamengo, é uma pessoa ímpar no mundo do futebol.”

Rápida reação após a eliminação na Copa do Brasil 

“Jogo de quinta-feira foi muito dolorido para a gente. Por mais que fale que o placar foi 3 a 0, ele não traduziu, de maneira nenhuma, o que foi o jogo. Seria muito mais justo que o Fluminense tivesse ganhado a primeira partida de 3 a 0 do que perdido por esse placar para o Corinthians lá. Nós oscilamos no jogo e hoje foi diferente. O mais importante é que o time aprendeu a lição em relação ao jogo de quinta-feira. O time jogou muito mais perto, correu alguns riscos exagerados, é verdade. Mas é melhor correr riscos com todo mundo junto do que contra o Corinthians, em que não sabíamos se saíamos jogando ou fazíamos a bola longa. Aprendemos uma lição dura de ficar perto.

A desclassificação em si já é muito dura e o placar de 3 a 0 chega a ser cruel. Com gol contra ainda por cima, de um cara que trabalha todo dia pela paixão que ele tem no futebol. Foi um dia extremamente difícil. Mas hoje a equipe respondeu bem. Aprendeu e foi um dos jogos que eu mais gostei do time, por tudo que envolveu essa partida. E um grande time e um grande homem a gente vê que sabe se fortalecer nos momentos de baixa. Em vez de largar e esmorecer.



Hoje, o Fluminense mostrou que tem jogadores que honram muito a camisa e peço que a torcida volte para o estádio. Assim como contra o Cuiabá tínhamos 50 mil pessoas e hoje tínhamos um público que poderia estar aqui para apoiar. O maior patrimônio do Fluminense é o torcedor. Estamos fazendo tudo, tudo, tudo que podemos fazer para que o Fluminense vença jogos e possa dar alegria ao torcedor.”

Vitória para o filho

“Quero abrir mandando um beijo para minha família, minha esposa Simone, meus filhos Felipe, Thiago e Carol, e para um dos meus filhos que faz 17 anos hoje, o Diego. Era o presente que ele queria, então essa vitória é para você, filho. Te amo muito.”

Diferença para o líder Palmeiras

“Não temos que pensar muito no Palmeiras. O Fluminense tem que fazer o campeonato dele. Tem que procurar se dedicar como foi hoje no jogo, se entregar como foi hoje e vamos colher bons frutos no futuro.”

Versatilidade do elenco tricolor

“O Nathan joga de tudo. É o tipo de jogador que eu gosto. O Yago Felipe também já jogou em várias posições, Martinelli também. Ganso terminou o jogo contra o Corinthians de (camisa) 8. É uma coisa que a gente treina. A maneira que o time joga, muito fluida, possibilita essas alternativas. Tem outros jogadores que têm treinado bem. E o jogo é uma questão e um trabalho que faço praticamente na minha carreira inteira: recuperando jogador, descobrindo as possibilidades e posições. Todos que estão ali têm chance de virar titular. Em determinado momento, algum jogador pode não estar bem e depois melhorar. Nathan, quando cheguei, era um jogador extremamente criticado. Ele entrou bem de novo, é um jogador dinâmico.

E outros, que eventualmente não estão bem, podem estar bem para jogar com o Juventude. Essa dinâmica eu acho que temos que ter um pouco mais de paciência. O jogador que chega no Fluminense não é ruim. Nem no Flamengo, nem no Botafogo… Mas eles oscilam, porque é difícil para o jogador de futebol. É uma pressão exagerada e tem jogador que rende em determinado momento, mas depois cai e em seguida volta a jogar. Senão vamos perdendo e não podemos perder ninguém. Já temos um elenco restrito em número de jogadores, mas que eu gosto muito. Temos que dar confiança para os jogadores para eles poderem desabrochar e cada vez melhorarem com o passar dos treinos e jogos.”

Escassez de zagueiros para o jogo contra o Juventude

“O David Duarte deve voltar a treinar. Mas independentemente disso, se ele não tiver condições, teríamos jogadores para colocar. Alguns jogadores treinam em outras posições e rendem bem. Quando colocamos o André para jogar de zagueiro em determinados momentos, não é loteria, mas é porque ele treina e quase toda vez que entra vai bem naquela função. A dinâmica do time é mais aberta do que um time que joga de maneira mais tradicional. É até bom ter o André como zagueiro, porque quando o time está apertando o adversário e sofre pouco contra-ataque e pouco cruzamentos, você ganha um jogador com mais saída e que chega mais na frente.”

Expulsão de David Braz

“Eu acho o árbitro um dos melhores do Brasil e que eu mais gosto, indiscutivelmente. Isso não invalida dizer que achei a expulsão do David Braz exagerada. Aquilo dava para ser contornado de outra maneira e foi algo que questionei quando voltei. Se for colocar para fora todo mundo que insiste na reclamação… Você tem que manter uma lógica para arbitrar. Por essa lógica, vai expulsar cinco ou seis caras, senão acaba fazendo uma coisa injusta, por isso achei que foi injusta. Não achei que teve motivo, não o vi falando palavrão. Isso é uma coisa normal que os jogadores fazem, e eu conheço o Claus há muito tempo. Embora eu ache ele um dos grandes e dos melhores que apitam no Brasil, junto com o Wilton (Pereira Sampaio) e estão merecidamente na Copa. Mas acho que foi exagerada.”

Expulsões de Manoel e Caio Paulista

“Naquele momento talvez tenha subido o termômetro, mas não achei que o termômetro subiu em nenhum momento. Não teve falta violenta nem discussão. Foi aquela coisa pontual que acabou, infelizmente, expulsando jogadores tanto do Flamengo quanto do Fluminense. Toda vez que tem expulsão desse jeito no futebol é sempre ruim e poderiam ter sido evitadas. Mas acho que o jogo teve uma lealdade muito grande.”

Emocional após a eliminação na Copa do Brasil 

“A primeira coisa foi não deixar a noite de quinta-feira passar em branco. Temos que aprender com aquilo que aconteceu. A maior derrota do jogo contra o Corinthians foi deixarmos de fazer aquilo que poderíamos ter feito em determinados momentos do jogo. Aquele jogo não volta mais, mas tinha que ficar o ensinamento. Os jogadores perceberam que tínhamos que fazer mais e precisamos continuar fazendo mais. Nunca temos garantias se vamos vencer partidas. A partida contra o Corinthians doeu mais porque sabíamos que poderíamos ter feito mais. Hoje, contra o Flamengo, ficou muito claro que tínhamos que jogar no nosso limite e foi o que fizemos.

Jogadores cansados?

“Uma coisa muito importante de falar é o seguinte: quando perdemos o jogo contra o Corinthians, para justificar o resultado, começam a fazer um monte de incoerência. Hoje é um dia para falar “o Diniz não poupa jogador e os caras estão desgastados fisicamente, então não conseguem render”. Tem lógicas que precisamos ser um pouco mais profundos e ter mais responsabilidade naquilo que falamos, porque o resultado do jogo não é o balizador para tudo, mas sim para decidir quem passa para a final e quem ganha os três pontos. Hoje, nós terminamos o jogo jogando, correndo, defendendo e sabendo defender. Mas se perde, começariam as ilações de que o time está cansado. O que é verdade não pode deixar de ser verdade porque o time ganhou ou perdeu. Se alguém sustenta isso como verdade, hoje tem que falar: “Fluminense não poupa jogador, o time está cansado, não jogou…”

Tem que ter responsabilidade, senão fica igual vento, não tem posição para nada e fica balançando conforme o resultado. Esse é um problema sério do Campeonato Brasileiro. Não conseguimos reconhecer o que é bom, mas sim quem ganha e quem perde. Se você ganha, é bom, se perde, é ruim. Isso passa para o torcedor de alguma forma. Hoje tinha que estar cheio de tricolor naquela parte do estádio.



Na quinta nós jogamos melhor que o Corinthians na maior parte do jogo. Tira os gols e analisa o jogo. Os caras tiveram mérito de marcar bem e criar chances, mas o time não jogou mal. Jogamos contra um time que tem o orçamento três vezes maior que o nosso. Poderíamos fazer 3 a 0 aqui e não fizemos. Temos que fazer essas coisas para as pessoas entenderem mais o futebol e não ficar só no “ganhou tá bom e perdeu tá ruim”.

Porque se for assim, sempre está ruim e não progredimos. Mesma coisa se o jornalista errar na matéria. Você é bom por aquilo que faz e tenta construir. Temos que, cada vez mais no futebol, procurar enxergar e defender aquilo que é bom. Se as pessoas levantaram essa discussão, podem falar que o time está cansado, não porque ganhou. Hoje ninguém vai falar que o Fábio foi mal. Ele é um goleiro espetacular, bom é pouco para ele, um dos melhores que já vi na vida e com 41 anos. Quando o cara falha, ele não é ruim, ele falha. Temos que melhorar a dinâmica das discussões, senão ficamos na mesmice. Para o torcedor, ok, mas se conseguimos formar melhor a opinião do torcedor, todo mundo vai ganhar.”

Parada da Data FIFA

“Para nós vai ser de suma importância para, primeiro, descansar o time e poder recuperar tanto física quanto mentalmente. Tenho que dar parabéns para o estafe do Fluminense, espetacular. Não temos nenhum jogador no DM porque o David Duarte está treinando com o time. Isso só acontece porque os caras são muito bons. Marquinhos Seixas, Juliano, Wagner Berteli, Chico, Filé, que é um gênio da fisioterapia. O Fluminense funciona porque tem muitas mãos trabalhando. No primeiro momento vamos descansar os jogadores e depois vamos procurar consertas as coisas que estamos errando. Por mais que tenhamos vencido, cometemos equívocos que precisamos corrigir. Vamos usar esse tempo para fazer essas duas coisas.”

Importância de André

“Para mim, ele está entre os melhores jogadores do futebol brasileiro, seguramente. Acho que o futuro dele é uma estrada aberta e muito brilhante. Ele consegue jogar num nível muito alto e você vê ele duelando com grandes jogadores que têm no Flamengo e Palmeiras. É um cara que está praticamente pronto para vingar. Minha projeção para o André é ele ir para a Europa, brilhar na Seleção e ser convocado para a Copa do Mundo.

Quando um jogador desse tamanho não joga, temos que quebrar a cabeça para que ele não faça falta. Mas ele faria falta em qualquer time do Brasil. Isso não é demérito para nenhum. Mas o momento do André é esse. O Nonato foi crescendo aqui e estava num nível muito alto. Não sabemos ainda quem entra no lugar do André quando ele, eventualmente, sair do Fluminense. Mas é um jogador que está entre os melhores do Brasil, independentemente da posição.”

Clima no vestiário

“O clima antes do jogo estava muito bom porque a derrota de quinta não poderia passar em branco. Isso é o compromisso de um time que tem propósito. Porque se não tivesse propósito, a derrota poderia levar o time para a lona. Hoje, o momento do Flamengo é espetacular. Talvez seja o melhor time do continente, não só do Brasil, uma equipe que tem dois times praticamente do mesmo nível.

Apoio da torcida tricolor 

“A torcida do Fluminense é linda. Quando estava no jogo contra o Cuiabá tinha 50 mil. Contra o Flamengo não sei quantos tricolores vieram. Eu adoro ver o tricolor aqui. Até para me xingar eu prefiro que sejam 50 mil. Porque uma das coisas que eu mais gosto dessa minha passagem no Fluminense é ver o estádio cheio de tricolores. O torcedor do Fluminense, aqui então, leva o time no colo. Se não estivesse aqui contra o Fortaleza não sei se teria sido daquele jeito. Se não estivesse na despedida e pré-despedida do Fred, não sei se seria daquele jeito. O maior craque do time é o nosso torcedor. Quando está aqui apoiando e é apaixonado, fazem uma festa do caramba. É o que a gente gosta.

Peço desculpas por não entregar aquilo que eles merecem, mas não é por falta de esforço, caráter e coragem. Nós tentamos, com aquilo que temos, entregar o melhor para a torcida do Fluminense. Com a dificuldade e recursos que têm para pagar salários, sustentar jogador e perder jogador… É só olhar para a janela como conseguimos enfrentar esses times que estamos duelando. Isso é uma narrativa a ser construída. Porque o torcedor do Fluminense tem que sentir orgulho do time também. Temos menos recursos financeiros que nossos rivais e estamos aí jogando e lutando para entregar para o torcedor o que podemos fazer de melhor. Essa é a verdade dos fatos.

Como lutar contra times que têm folha de R$ 18 milhões, R$ 20 milhões, enquanto a do Fluminense é de R$ 6 milhões? É importante para caramba. Sou muito grato à torcida. Sou muito feliz de estar aqui e esperei três anos para poder voltar. Agradeço tudo que ela faz pelo time e peço que continue fazendo. Só temos esse campeonato para disputar agora.”

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Por Explosão Tricolor

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