Decisão do Mário Bittencourt, choro do Cano, desgaste interno… Jornalista revela bastidores da demissão do Fernando Diniz




Diniz (Foto: Fluminense F.C.)



O Fluminense demitiu Fernando Diniz e deu um ponto final na passagem marcante do treinador pelo clube. A despedida emocionada contrastou com o fim melancólico do trabalho.

O jornalista Caio Blois, do portal Trivela, apurou que um desgaste natural interno minou pouco a pouco a manutenção de Diniz à frente da equipe. Os bastidores são ricos em momentos importantes para o fim da trajetória.

Diniz acordou técnico do Fluminense e estudando o Vitória

Fernando Diniz, Mário Bittencourt e alguns diretores conversaram no domingo (24) após derrota no Fla-Flu. Mas a demissão não tinha sido decidida.

Diniz, então, acordou como técnico do Fluminense. O treinador conversou com pessoas próximas e já estudava o Vitória, adversário da próxima quinta-feira (27), quando recebeu ligação de Mário para uma reunião no CT Carlos Castilho.

Sem que os funcionários soubessem, o treinador chegou ao clube pela manhã para a reunião que selou sua demissão. Os assessores de comunicação, inclusive, souberam da decisão pela imprensa antes do aviso oficial da diretoria. Alguns dos presentes no CT viram a situação com estranheza.

Mário bancou demissão, mas Fred e Angioni foram contra

A decisão de demitir Fernando Diniz partiu do presidente Mário Bittencourt.

Isso porque os diretores Fred e Paulo Angioni desejavam dar um pouco mais de tempo a Diniz. Embora reconheçam que o momento era ruim, os dois ainda acreditavam no trabalho.

O Fla-Flu, entretanto, tirou força da dupla. Da escalação ao jogo, a opinião unânime era de que uma mudança seria necessária. Não era mais questão de “se”, mas de “quando” fazê-la.

A reunião que selou a demissão foi de fortes emoções do presidente, dos diretores e do treinador. Tanto que, ao fim dela, Angioni, do alto de seus 76 anos, quase 50 deles dedicados ao futebol, não desceu com Diniz para a conversa dos jogadores. A tristeza o impediu.

Cano chora copiosamente em despedida de Diniz

O jogador mais emocionado do elenco na despedida de Fernando Diniz era Germán Cano. O ídolo da torcida do Fluminense chorou copiosamente durante a última conversa com o treinador.

A despedida durou mais de duas horas. Enquanto isso, nas redes sociais, jogadores como Felipe Melo, Marquinhos e John Kennedy publicavam textos em homenagem ao técnico. Arias o faria à noite, além do próprio Cano, o primeiro de todos.

Após o fim do papo, o argentino seguiu imóvel e aos prantos por cerca de 40 minutos. Diniz o acudiu e ambos conversaram por mais tempo. O atacante esteve muito abatido do momento em que soube da notícia até a hora que deixou o clube.

Líderes apoiavam permanência de Diniz no Fluminense

O momento não era bom, mas todos no CT Carlos Castilho acreditavam e acreditam que vai passar. É uma certeza estampada nos rostos e dita pelos líderes do elenco.

Marcelo e Felipe Melo, talvez os nomes mais vocais do vestiário, apoiavam a permanência de Diniz no Fluminense, assim como Cano, Ganso e Fábio. Todos compreenderam a decisão da diretoria, mas o clima foi de tristeza na segunda-feira (24).

Vista como consequência, a queda de rendimento do time era lida internamente como causa para ciclo vicioso. O relaxamento após títulos, lesões e contratações que não vingaram ajudaram a aumentar o desgaste interno.

Ao fim do trabalho, os jogadores já não compravam mais a ideia de Fernando Diniz da mesma forma e erravam mais por falta de confiança. Alguns questionamentos eram feitos ao sistema e improvisações.

Diferente de alguns boatos, entretanto, o elenco seguiu unido e sem cobranças por mudanças de veteranos, por exemplo. Antes da demissão, havia jogadores insatisfeitos com improvisos, cobranças excessivas e a forma de falar de Fernando Diniz. Tudo pareceu superado na última conversa individual do treinador com os jogadores.

Saída de bola mudou nos treinos, mas não nos jogos

Uma das grandes polêmicas do Dinizismo era a arriscada saída de bola. O goleiro Fábio participava ativamente do jogo apoiado com os pés, e os zagueiros trocavam passes dentro da área com volantes e meias.

Os erros repetidos, entretanto, fizeram Fernando Diniz mudar nos treinos. O técnico corrigiu alguns pontos e criou um mantra: “se não tem passe, zera”.

A bola longa virou um artifício mais utilizado pelos jogadores nos últimos jogos. Mas não foi suficiente. O comportamento enraizado fez os erros seguirem. E piorarem.

Dribles e tentativas irresponsáveis dos jogadores no campo levavam Diniz à loucura. Marlon foi barrado após falha cercada de preciosismo contra o Atlético-GO. Gabriel Pires, substituído no Fla-Flu pelo mesmo motivo.

A orientação era outra, e nos treinos, melhorara, mas nos jogos, não era seguida à risca.

Laranjeiras tinha clima diferente do CT Carlos Castilho

A pressão por uma mudança de comando no Fluminense não vinha só de fora. Nas Laranjeiras, onde ficam outros departamentos que não o de futebol, muitas críticas eram direcionadas a Fernando Diniz.

Enquanto o departamento de futebol lamentava a saída, outras pessoas viam seus desejos virarem realidade. Amado por funcionários do futebol, o técnico não era unanimidade na sede social do clube.

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Por Explosão Tricolor

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