Definir o que é torcer pelo Fluminense, não é fácil

As pessoas não escolhem torcer pelo Fluminense… o Fluminense é quem escolhe quem serão os seus torcedores. E essa escolha é um processo que nem Freud explicaria…Ela acontece antes mesmo de um tricolor nascer.

É como se existisse um conselho em outro plano astral, formado por pessoas que reúnem, dentre as mais preciosas características, FIDALGUIA, NOBREZA, BONDADE, SABEDORIA, CUMPLICIDADE, AMOR AO PRÓXIMO, RESPEITO, CONDUTA ILIBADA e PAIXÃO por um mundo criado em três cores e recheado de suor, lágrimas e intensidade de emoções.

Este conselho seleciona criteriosamente os iluminados que habitarão este maravilhoso mundo, chamado TORCIDA DO FLUMINENSE.

Torcer pelo Fluminense é utilizar a todo momento os cinco órgãos dos sentidos:

VISÃO: Para apreciar momentos únicos, milagrosos, mágicos… Como os gols de Assis sobre o Flamengo em 83 e 84… Ou os gols de Romerito contra o Vasco e o Bangu em 84 e 85… Quem sabe, olhos que presenciaram e choraram ao ver o Paulinho bater com maestria (sem nunca ter treinado) uma falta na decisão do Estadual de 85, contra o Bangu. Olhos que viram um time, com mais de 3 meses de salários atrasados, superar adversidades e vencer o Flamengo em 1995, num espetacular gol de barriga aos 41 minutos do 2° tempo, com 70% do estádio tentando nos pisotear pelos 10 anos sem títulos na ocasião, gritando afobadamente “É CAMPEÃO”, enquanto nós sabíamos que tudo poderia mudar, porque do outro lado estava o FLUMINENSE!

AUDIÇÃO: Para ouvir nossa torcida com suas belíssimas e inovadoras músicas que embalam os estádios e contagiam nossas equipes….para ouvir gols impossíveis sendo narrados por consagrados artistas do mundo esportivo…Para ouvir o Renato Gaúcho dizer, ao término da partida emblemática do gol de barriga: “Eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo!” Sensacional! Todo tricolor explodiu ao ver o nosso ídolo falando isso, devolvendo a pisoteada citada acima, mostrando a nossa grandeza e o respeito que é necessário existir com o Fluminense!

PALADAR: Para sentir os gostos de cada vitória impossível, como a da partida contra o temido Boca Juniors por 3 a 1, pela Taça Libertadores de 2008. Jogo épico. O que dizer então do gol do Washington, aos 46 minutos do 2° tempo, contra o São Paulo! Aquele gol representa um dos gostos mais doces que já sentimos em toda a nossa vida de arquibancada. E como é bom sentir o gostinho de ver as torcidas adversárias saírem do estádio enquanto cantamos e desfilamos nossas bandeiras, em êxtase e vibração, após uma vitória com alma e com garra, características de nossa história!

OLFATO: Para sentir o cheiro do nosso pó de arroz tomando conta dos estádios quando entramos em campo com nossa bandeira em punho, para no círculo central, a balançarmos como quem chega na lua e finca uma bandeira de seu país. Para sentir o cheiro da nossa apaixonada e linda torcida em nosso lado da arquibancada, enquanto do outro lado, os cheiros são outros, desagradáveis e incomparáveis com o nosso. Para sentir o cheiro de título, mesmo quando a vitória parece não vir, como no jogo contra o Guarani, que nos deu o título Brasileiro de 2010 em um jogo truncado e de muito nervosismo.

TATO: Quis o destino que tivéssemos um jogador com esse nome, na década de 80. Ponta Esquerda que cansava os adversários, e que sempre dava lugar ao veloz e audacioso Paulinho, que destruía as zagas já cansadas, no 2° tempo de cada jogo…Como era bom! Tato para segurar nossas lindas camisas, tradicionais e pesadas de tanta honra e tantas glórias. Tato para entoar nossas bandeiras… tato para cumprimentar nossos amigos de arquibancada, ou para abraçar desconhecidos que estão vibrando com nossas vitórias, como se fossem nossos familiares ou velhos conhecidos! E quantas vezes eu já fiz isso! O tato significa sentir as coisas que tocamos ou que mexem com a nossa pele. Quantas vezes nos arrepiamos com “A Bênção João de Deus”, nos momentos de fé em coisas quase inalcançáveis… ou com o “Horto Mágico”, para afirmar o nosso orgulho de termos nascido nesse mundo maravilhoso chamado TORCIDA DO FLUMINENSE… Uma música ligada à outra… Como se através do Horto Mágico, estivéssemos agradecendo aos anjos do conselho que nos escolheu para fazermos parte desse mundo e estão ligados a João de Deus e ao nosso CRIADOR.

Ser tricolor é um pouco de cada isso. Na verdade, é o muito de TUDO ISSO! Mais do que diferentes, somos DIFERENCIADOS. Na alegria e na dor. Somos o fio da navalha, a tensão que se transforma em certeza e emoção. A esperança que se transforma em paixão. Ser tricolor é deixar de assistir a uma copa do mundo para assistir Fluminense x Friburguense… porque o nosso mundo é diferente do mundo dos outros. O nosso tem três cores, pulsa, nos inflama e nos orgulha por termos sido escolhidos para nele habitar.

Um abraço a todos!

Daniel Coelho

Foto: Vinicius Toledo / Explosão Tricolor

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