O Fla-Flu rodriguiano




Ronald avança pela linha direita e encontra Aílton na ponta. O ex-rubro-negro, então, pressionado pelo tempo e pelo placar, após duas fintas desconcertantes em Charles Guerreiro, invade a área e arrisca um chute desesperado. Foi como se o meia, quase que reclamando para si a história que começava a lhe escapar pelos dedos, expelisse um suspiro de morte agonizante por um time combalido pela batalha.

Eis que bola, lançada a meia-altura – por força divina ou não – traçou uma linha reta até se defrontar em seu caminho com a barriga de Renato para morrer nas redes. Logo a dele! A barriga de Renato, o Gaúcho! O homem que há poucos meses – depois de tantas glórias na carreira – havia visto a velhice chegar e, de bom grado, rumava ao seu encontro.

Sem saber, obviamente, que seu encontro, de fato, seria com o protagonismo em um embate atemporal. Uma jogo que, se vivo fosse, Nelson Rodrigues, a ausência mais sentida naquele Maracanã em tarde de domingo rodriguiana, certamente, diria ter sido escrito há 10 mil anos por algum cronista também apaixonado por narrativas aonde trágico aparece de forma privilegiada.

Afinal, duas décadas se passaram e a certeza que tenho é que uma geração vai e uma outra vem. Mas os rubro-negros, que se declaravam campeões de antemão e agora se justificam com o discurso de que era apenas “um estadual”, jamais se esquecerão da “dor de barriga”. Assim como os tricolores, que não puderam vivenciar o feito, se lamentam pelos cantos por não terem sido contemplados com a emoção do maior Fla-Flu de todos os tempos.

Eu sou um deles! E vocês?

Um abraço, Gustavo Garcia!

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