Para desdizer os (in)conformados






Buenas, tricolada! E então, galera. O time do Flu é tão ruim assim como a maioria prega? O Fernando Diniz é o pior técnico do futebol brasileiro? O nosso elenco é fraquinho? Não, né?
Vou reiterar o que venho escrevendo sistematicamente aqui no Explosão: não somos os melhores da Série A, mas estamos longe de ser os mais frágeis, como muitos teimam em dizer e se conformam. Falácias, apenas isso.
Enfrentamos pela segunda vez em quatro dias um dos cinco melhores esquadrões do Brasil. Por duas competições distintas. E não ficamos devendo absolutamente nada nesses embates! Aliás, fomos melhores em ambos!
Queiram ou não, o Fluminense Football Club hoje em dia tem uma cara. Tem um jeito de jogar, independentemente do adversário. E como joga! Os cavaleiros do mau agouro têm que colocar as suas barbas de molho e buscar outros fenômenos de indiferença e críticas.
Demos uma falta de sorte tremenda na confecção da tabela deste Brasileirão 2019. Os confrontos até a parada para a Copa América são muito encardidos. E cruéis. Excetuando-se o primeiro duelo, contra o Goiás, batemos de frente com dois dos quatro prováveis favoritos ao título nacional – Grêmio e Cruzeiro, um clássico – Bota, e o Santos, de Sampaoli, cantado em versa e prosa pelos especialistas – lá na Vila famosa! E vêm mais durezas por aí… Bahia, fora; Furacão, fora; outro clássico, contra o Fla; Chape, fora; até encararmos o Ceará, em nossos domínios! Não é para os lânguidos, não!
O Flu e Cruzeiro deste sábado foi diferente daquele de quarta-feira, pela Copa do Brasil. Pra início de conversa, os mineiros neste finde resolveram mostrar as suas garras, diferentemente da partida de mata-mata, no meio de semana. Eles começaram o jogo marcando alto e dificultando a nossa transição – e mantiveram-se nesta balada no decorrer de 80% do tempo. Ainda assim, conseguimos algumas boas tramas e ultrapassagens dos homens de trás, tocando a bola de pé em pé com precisão. Eventualmente cometemos alguns pequenos erros e descuidos, em especial ali pela Avenida Gilberto, mas isso faz parte do pacote ofensividade, como mencionei outro dia aqui mesmo. O lateral se mandava para o ataque e a cobertura de Nino e Allan não acompanhava a velocidade do Pedro Rocha.
O “Ageneuer” foi bem, quando exigido, mas ainda mostra uma pancinha saliente. Se ele é goleiro para assumir a titularidade em um grande clube, só o tempo dirá, mas temos que dar-lhe crédito: dois jogos com o nosso manto e duas boas exibições.
A zaga esteve segura, mas o bom zagueirão Nino não pode jamais ficar no mano a mano com um atacante rápido e insinuante. Nem que ele fosse o Usaim Bolt, que não é o caso, conseguiria acompanhar a ligeireza dos contra-ataques cruzeirenses. Ferraz mais uma vez soberano, tranquilo e absoluto. Estou ficando chato mesmo: PQP, que beque! Até uma pancada pro gol, de fora da área, que obrigou o bom Rafael a fazer excelente defesa, o nosso camisa 3 foi capaz de tentar. Tivesse ele uns cinco anos menos, e sempre atuasse numa equipe de camisa, como o Fluminense, não tenho dúvidas de que seria selecionável. Talvez estivesse até no Primeiro Mundo da bola.
Caio Henrique é um motorzinho ali na esquerda. Mesmo improvisado, ele consegue dar dinâmica ao nosso jogo e à nossa saída da defesa pro ataque. Mas ainda quero vê-lo na meiúca, ao lado do Allan. Um lateral-esquerdo de ofício nos daria um ganho enorme nas jogadas de fundo. Mascarenhas está voltando e já ouvi rumores sobre a chegada do bom Sander, do Sport Recife. Não sei se são somente especulações, mas…
No meio, o Allan não somente cativou o Diniz, mas a todos que gostam do futebol moderno e bem jogado. O moleque é vertical, limpa os lances com uma clarividência rara, inverte as jogadas de um lado para outro como se estivesse realizando passes de meio metro, apresenta-se no ataque, cai para as laterais, marca com vigor, mesmo sendo o único volante de origem nessas duas ou três últimas escalações do treinador, enfim, ele foi um grande achado. Falta-lhe mais precisão nas batidas pro gol, mas este detalhe não diminui os seus bons compêndios. Neste peleja até deu um mole, quando errou na saída de jogo e proporcionou o gol mineiro, mas mantenho-me incólume na minha opinião: somos outro Fluminense, depois que ele assumiu a vaga de volante de contenção!
Daniel não foi tão eficaz quanto nas últimas apresentações, mas ele dá dinâmica ao setor, ocupa bem os espaços, apresenta-se para finalizar e é o homem da bola parada. O nosso primeiro gol, do Nino, saiu de um escanteio na direita batido por ele.
O PH Ganso parece um pouco disperso, por vezes. Ele tenta os toques verticais quando recebe a pelota na intermediária “inimiga”, mas tem faltado-lhe mais capricho. Sempre levanta a cabeça, é o único do elenco que tem talento para criar sem espaços ou tentar algo diferente, mas não tem obtido sucesso. Barrá-lo? Jamais! A sua qualidade é inquestionável. O craque não pode ser menosprezado. Até porque, ante a sua reconhecida capacidade, ele sempre atrai mais a atenção dos marcadores. Isso acaba gerando ambientes e atalhos para a participação mais efetiva dos seus companheiros. Mas que bola quadrada ele tocou pro Allan no gol dos caras, hein?!
Léo Artur houve-se bem na primeira etapa. Correu, buscou o jogo, recompôs direitinho pelo lado esquerdo, tentou chutes e enfiadas de bola, mas ainda parece meio tímido. É natural. Vamos dar tempo ao rapaz. Cansou no período final.
O ataque se esforçou, mas faltou qualidade em lances capitais. O gringo é um azougue, desdobra-se e dedica-se intensamente, na frente e na marcação, mas falta-lhe um pouquinho mais de técnica. E o Luciano tem que expulsar os obsessores que continuam limitando as suas performances. Foi menos egoísta, mas ainda deve demais diante do que já o vimos fazer.
Fim do primeiro tempo, um a zero pro Fluzão. Como é bom ir para o intervalo na frente do marcador! Jogadinha ensaiada, escanteio no primeiro pau, Nino de cabeça e festa da torcida!
No segundo tempo, o desenho do confronto apresentava as mesmas características. Bom controle das ações por parte do Tricolor, o Cruzeiro marcando alto e buscando os contragolpes, mas tendo que correr atrás do prejuízo. E fomos felizes ao marcar o segundo tento bem no início do período. E olhem que o VAR nos causou taquicardias! Mas é aquilo: o Luciano não vem bem, a redonda parece queimar nos seus tornozelos, talvez viva a sua pior fase no ano, mas ele está sempre ali para decidir. Gol de quem não desiste das jogadas, de quem sempre põe o pé nos espaços mais improváveis. Oportunismo dele e alívio nosso.
Alívio até a página dois, né? Numa saída equivocada, num erro coletivo e de escolha de jogadas, os caras roubaram uma bola na nossa intermediária defensiva, foram ao fundo pelo lado esquerdo de ataque e, na sobra do cruzamento, Robinho estufou as redes tricolores. Como disse o meu amigo Paulo, a gente não consegue nem transmitir paz a nós mesmos! Gostamos de viver perigosamente. Putz!
O duelo, até então controlado, transformou-se num sofrimento. Ao menos para nós, torcedores. Cada ataque da equipe azul a gente tremia nos alicerces. Os malandros têm qualidade, porra! A vitória seria de suma importância para respirarmos um oxigênio mais puro. Mantivemos a nossa boa transição, tentamos alguns contra-ataques pela esquerda com o incansável Yony, mas nada de matar a peleja.
Aí o Diniz chamou o Jotapê e o Marcos Paulo: – vão lá, garotos, façam-nos felizes! E não é que os meninos arrebentaram! Jotapê guardou duas vezes, e desde que começou a ser utilizado vem agradando em cheio. E o Marcos Paulo foi decisivo em dois lances de gol. Predestinação é isso, meu povo. Os molecotes nasceram para nos fazer sorrir. Pena que só reverenciaremos o primeiro até o final desta temporada.
Mas vamos lá, trinta e cinco min. da segunda etapa, enfiada de bola espetacular do Marco Paulo, três a um para o Flu, e a vitória parecia consolidada. Finalmente venceríamos em casa, depois de quatro rodadas!
Pois é, mas conferimos mais uma vez. Saiu o nosso quarto gol. De novo Jotapê. Balãozinho sensacional do Marcos Paulo no Egydio, sobra de bola para o Jotapê e saco! A propósito, os dois têm um entrosamento absurdo! E que tiça do menino, no canto direito do Rafael!
Ratifico: os moleques de Xerém estão pedindo passagem. Bora, Diniz, hora e vez de os dois assumirem as responsabilidades. Eles têm magia! E sorte!
Fim de papo, a equipe celeste batida e os poucos heróis no Maraca puderam aplaudir de pé os nossos guerreiros. Não é qualquer time que meterá quatro mandiocas na ótima equipe mineira! Os poderosos Fla e Inter fizeram “apenas” três! Mas o Fluzão, do elenco horrível, do prof. Pardal Fernando Diniz, da diretoria insossa e incompetente, e dos odiados Rodolfo e Luciano, talhou com louvor o seu dever de casa. Fluminense 4X1 Cruzeiro! Este placar estará gravado nos alfarrábios da história eternamente. Não há quem o apague ou retire as suas alíneas!
Deixei o tema Rodolfo para o final da coluna! Acertada a sua barração pelo Fernando Diniz!
Acima de tudo, o Flu não poderia mais ser “prejudicado” pelas sucessivas falhas do goleirão. Não vale nem a pena a gente enumerar os seus vacilos e as bolas defensáveis que estufaram as nossas redes desde que ele assumiu a titularidade.
Mas cabem também outras reflexões. Em primeiro lugar, o nosso guarda-metas é patrimônio do clube, portanto, deve ser preservado. Ali adiante, quem sabe ele não dê a volta por cima e retorne aos gramados como unanimidade! O mundo gira… Vide Pedro, antes odiado, e tantos outros atletas que caíram em descrédito e voltaram altivos.
Em segundo e último, e talvez o ponto mais importante da questão, o ser humano TEM QUE SER RESPEITADO. O rapaz vem sofrendo vaias constantes, mesmo quando não tem responsabilidades nos gols que tomamos. Isto é, ele caiu em desgraça. Nada custa alguns loucos apaixonados pelas três cores começarem uma campanha pessoal contra o Rodolfo, atingindo a sua família e a sua honra.
De resto, rapaziada, vamos comemorar muito essa estrondosa goleada no fortíssimo Cruzeiro. O Flu é isso: quanto menos os desavisados esperam por nossas novidades, mais os tons nostálgicos e a dramaticidade desmontam os padrões lógicos. A gente sempre vai reluzir nos céus tupiniquins, estejam eles cinzentos e chuvosos, como nesses últimos dias no Rio de Janeiro, ou estrelados pelo brilho inapagável do verde, branco e grená! Somos tricolores de coração, e o nosso amor jamais deixará morrer a chama de grandeza que nos é fiel há mais de cem anos!
Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon