Comprem o João Pedro de volta!






Comprem o João Pedro de volta!

Buenas, tricolada! Uma epopeia de emoções e sustos norteou a minha quinta-feira. Encarei um trânsito desumano no impraticável Rio de Janeiro. Revi pessoas no decorrer do dia que havia perdido contato. Concentrei corpo e alma na sofrência que normalmente um pré-jogo do Flu demanda. Estacionei em diversos bares e botecos nos arredores da Eurico Rabelo para encher os córneos antes de assistir ao meu time de coração. Perdi o meu ingresso um pouco antes de me enroscar naquele curral de abatedouro que dá acesso à entrada C do Setor Sul do Maraca. Consegui, quase aos prantos, encontrar um ser iluminado que me repassou o seu bilhete pelo preço cobrado nos guichês do Maior do Mundo. E pude estar ao lado de mais de 28 mil torcedores alucinados para curtir mais uma noite de gala do Fluminense!
E que noite! Um primeiro tempo de arrepiar! Um Flu livre, leve e solto envolvendo o assustado Atlético Nacional, time de camisa, de histórias, de conquistas recentes… Expurguei os meus demônios. Chorei de emoção como um pai que segura o seu primogênito no colo pela primeira vez! Berrei, incrédulo, em cada ataque do Fluzão. Que regozijo essa equipe do Fernando Diniz. Putz!
Não fosse o Gilberto ter feito uma exibição abaixo de sua pior média, especialmente lá na nossa cozinha, e o Yony desperdiçado um pênalti,  eu diria sem temores que teríamos atingido a perfeição.
Venho pregando aqui mesmo insistentemente: quaisquer equipes que se atreverem a nos peitar, a se abrir, a não se cuidar, vão tomar sacodes. Não tenho dúvidas!
Alguns pormenores têm que ser identificados. Em primeiro, passou do momento de treinarmos mais cobranças de penalidades máximas. Como gostamos de desperdiçá-las!
Em segundo lugar, disse aos meus parceiros na hora, deixem o Jotapê bater esse penal! Se ele convertê-lo, o estádio virá abaixo. Se perdê-lo, duvido que algum espectro pessimista e crítico imponha-lhe uma vaia. O moleque tem muuuuuuuito crédito!
Em terceira instância, acho que o PH Ganso tem que assumir maiores responsabilidades. A la Mestre Didi Folha Seca, ele deve botar a bola debaixo do braço e bradar em alto e bom som: eu bato essa merda de pênalti. Ele é ou não a nossa referência técnica?
Em quarto e último, João Pedro, meu filho, vai pro Watford, não! Sua vida é no Laranjal, cara! Manda o Abad desfazer a sua venda! Não é possível termos que privar do seu talento, do seu faro de gol e do seu magnetismos apenas até o final de 2019! RECOMPREM ESSE GAROTO, por favor, vaticinou o meu amigo Paulo ao meu lado na arquibancada!
O menino é ungido, tem sorte, cheiro de grande área e bom pra caceta! Três gols e uma assistência, galera! Não é pra qualquer curioso, ainda mais aos 17 tenros aninhos, na primeira vez como titular (e num torneio continental) e diante de um adversário cascudo e copeiro! Era ou não para ele bater o pênalti? Aquele segundo tento, então, com cavadinha e tudo o mais, foi coisa de Romário de Souza Faria!
Três a zero pro FFC em 12 minutos! Nem o autor do livro motivacional de cabeceira, “Gotas de Otimismo”, descreveria enredo similar!
Tomamos um gol de penalidade, depois de mais uma jogadinha nas costas do Gilberto, consignamos o quarto pepino nas redes “inimigas”,  perdemos nós mesmo a nossa chance de abrir ainda mais no marcador, quando o gringo atrasou a pelota pro goleirão no pênalti bem marcado a nosso favor, e desandamos a jogar oportunidades de aumentar o placar no lixo. Seis ou sete a um não seria nada exagerado.
Tenho na memória a última exibição de glórias e encantamento, também no primeiro tempo de um duelo internacional, quando o Fluminense foi avassalador e sapecou um 6X0 no Arsenal de Sarandi, pela Liberta de 2008! Daquela época até os dias atuais, convivemos com rame-rames nauseantes!
No segundo período, estava na cara que os malandros se postariam mais atrás. Autuóri de bobo não tem nada! Paralelamente, o Fluzão tirou o pé do acelerador, mesmo mantendo a prática do futebol vistoso e dominador, e a conduta bastante ofensiva. Não sofremos com os ataques colombianos. Mas poderia ser ainda mais fácil!
Monstros, Ferraz, Nino, Allan e João Pedro. Ótimos, Daniel e Marcos Paulo. Bons, Agenor, Ph Ganso, Luciano, Igor Julião e Caio Herrique. Razoável, Yony Gonzales. Abaixo da média, Gilberto. No dia em que o Flu atuar com TODA a equipe titular e eventuais substitutos merecendo  nota 10, Barça, Real e Bayern que nos esperem!
Para encerrar maiores delongas, eu repito: COMPREM O JOTAPÊ DE VOLTA PRA ONTEM! Creio que a vaguinha entre os onze ele já conquistou.
Saudações eternamente tricolores!

Pano rápido:

– Era jogo pra 40 mil cabeças, viu, rapaziada?
– Acho que o Diniz acatou mesmo as ideias do seu anjinho da guarda de plantão. Dificilmente ele vai conceber novamente aquele modelo de escalação mais antiquado de 5 ou 6 jogos atrás.
– Digão vai ter dificuldade de retomar o seu posto.
– Nosso elenco, pra lá de insatisfeito com os atrasos salariais, em momento algum amolece nas atuações. Quanta honradez. Quanta entrega. Quanto orgulho os caras sentem em trajar o nosso manto.

Ricardo Timon