É jogo a jogo




Buenas, tricolada! Fato raro nesta temporada, hein? O Flu engatou duas vitórias seguidas! Nem na época do Diniz, a quem defendia, tivemos uma performance dessas!

O Botafogo vive crise pior do que a nossa? Paciência! Não é problema tricolor. A obrigação do Fluminense é atingir os 45 pontos logo. Fugir da zona perigosa. Dar bananas à degola. E sorrir, aliviado, depois do desafogo.

Beliscar um G-6? Ué! Este Brasileirão é muito mequetrefe. Equilibradinho como ele só – e bem por baixo. Quem sabe? OK! Sem devaneios! Vamos calçar as sandálias da humildade e seguir os passos miúdos de uma procissão. É jogo a jogo, ponto a ponto.

Fizemos um a zero nos caras, no nosso quintal, Engenhão, sem realizar uma grande partida. Que bom! Jogávamos melhor – há dois meses, tínhamos mais posse de bola, desperdiçávamos 30 chances, e ainda assim perdíamos alguns confrontos inacreditáveis! Neste domingo valeram mesmo os três pontos!

E, cá pra nós, fomos melhores do que o Foguinho! Merecido o triunfo tricolor!

Ao menos assistimos a um time resgatando a sua essência, implementada no começo de 2019. Falta muita coisa para que o time atual reviva um passado recente, mas os conceitos tornaram-se máxima. É como o oxigênio que respiramos, manjam?

Falando nisso, a entrevista do Allan, considerado o craque do jogo pelos internautas e pelos comentaristas globais, revelou algo muito esclarecedor. Disse ele, mais ou menos assim, após a pergunta do repórter sobre as diferenças entre o Marcão e o técnico anterior: “Ótima a efetivação do novo treinador. Ele fez com que voltássemos a valorizar a posse de bola e a troca de passes. Elas estão no nosso DNA”! Sintomático, né não?

Ah, o Marcão não sabe nem falar! Pois é, uma porrada de legalistas adotam esta premissa e pregam esse discurso surrado. Se microfone fosse sinônimo de competência, o Tite seria o melhor técnico do planeta e o Andrade não seria Campeão Brasileiro pelos Molambos, como comandante, em 2009.

Não, não estou assinando nota promissória em branco sobre a competência do Marcão. É aposta. Mas como saberemos de suas virtudes se não pudermos avaliar um trabalho de médio prazo? Deixemos o cara dar as cartas, por enquanto!

Sobre Flu e Bota, apesar de o Allan ter sido bom em quase 90 min. – ele deu uns vacilos bobos na saída de jogo –, no meu entendimento o nosso melhor jogador foi o Yony Gonzales. Além do gol, o cara ressuscitou o espírito guerreiro que o acompanhava desde a sua chegada. E que estava adormecido ultimamente. O gringo infernizou a zaga alvinegra pelos dois lados do campo.

Muriel esteve seguro, como sempre, e a boa surpresa foi o Gilberto. Mesmo não repetindo as atuações do ano passado, o nosso lateral foi 149,9% melhor do que ele mesmo nos últimos duelos. Alvíssaras! E também foi o autor do cruzamento para a cabeçada fulminante do Yony, no nosso tento.

O futebol é intrigante. O defenestrado Digão, mesmo cometendo umas duas pixotadas durante o jogo contra o Botafogo, houve-se infinitamente mais efetivo do que o Nino. De razoável pra boa apresentação, por mais que alguns discordem.

Caio Henrique dormiu no primeiro tempo e cochilou no segundo. Razoável na cozinha e ineficiente no apoio. Ah, essa Seleção!

Allan soberano, como mencionei mais acima – mesmo convivendo com pequenos equívocos. Mas ele tem que treinar finalizações. Putz! Perdeu um gol inacreditável.

Daniel, enquanto teve fôlego, foi o nosso melhor homem da meiúca. É dinâmico, acerta passes e ainda fecha a nossa intermediária defensiva.

E o PH Ganso, a meu ver, fez a sua pior partida com o nosso manto. Errou bastante! Um pouco mais clarividente na segunda etapa, mas longe de outras apresentações mais recentes.

Excetuando-se o Speed, o nosso ataque deu raiva! Nenê, que atua na frente e no meio, desperdiçou muitas bolas, escolheu mal as jogadas e não recompôs o time defensivamente, função que um jogador da sua posição atualmente tem que exercer. Acho que a idade começou a pesar-lhe sobre os ombros. O Jotapê merece um banquinho. O moleque é fera, a gente sabe, mas está disperso, prendendo demais a pelota, errando passes idiotas e finalizando mal. Além disso, não serve os companheiros bem colocados quando se vê dentro da área inimiga.

O Marcão não relacionou o menino para o clássico, mas entendo que é a hora de ele pensar em Evanílson. De repente já para o próximo embate. Tem o Lucão, ainda, mas não creio que o grandalhão se encaixe nesse sistema “fernandiano” que o novo treinador pretende (re)implementar. E talvez nem tenha capacidade de trajar uma camisa como a do Fluminense – sem achismos ou pré-julgamentos.

Entraram Wellington Nem, que mantém a sua visível má forma física – e perdeu gol incrível, sozinho. O Guilherme, a quem não percebi dentro das quatro linhas – mas compôs o meio-campo. E o Ígor Julião, que chamou a minha atenção num lance surreal: no finalzinho da peleja, em contra-ataque, ele recebeu um passe da defesa, livre no corredor direito, com uns dois metros de frente do seu marcador, e perdeu a corrida pra este mesmo marcador, o Diego Souza, um malandro pesadão e mais velho. O adversário chegou antes e tomou o pirulito do nosso jogador – que estava fresquinho, pois acabara de entrar.

O time recuou excessivamente no segundo tempo, e isso poderia nos custar a vitória. Entretanto, como somos “donos” do Nílton Santos e os ares indicam mudanças, mantivemos placar e arrebatamos os sonhados três pontos. Porra, e vencemos um clássico!

Que a sorte e os deuses do desporto mantenham-se pares. O Flu e a sua torcida não merecem o descalabro sucessivo que vêm nos impondo a cada temporada.

Sem o Tricolor Guerreiro não há vida. Não há esperanças. Não há futuro. Ao menos pra mim – e quase 6 milhões de almas. É isso: eu não sei viver sem o Fluminense Football Club! Entendam estas premissas básicas e elementares de uma vez por todas, povo dos gabinetes do Laranjal!

Ricardo Timon