Merecimento




Buenas, tricolada! Alguma novidade? Em sã consciência, por mais otimistas que sejamos, alguém acreditava numa vitória tricolor contra os titulares do Flamengo? Com a escalação que o Marcão escolheu para começar o confronto muito menos, né não?

Eu, um dos mais positivistas do meio social onde vivo, não tive a menor expectativa! Claro, como torcedor, a chama da tricoloridade ardia no meu peito. Mas a ficha, mais cedo ou mais tarde, cairia. Bastaram dois minutos de jogo para ruir a minha fé.

Merecemos perder…

Pelo fato de o Yony, na nossa área, pela lateral-esquerda, logo no começo, presentear com uma assistência o ataque molambo. Escanteio, zaga mal colocada, o pequenino Gilberto saltando com o melhor atacante adversário, e saco! Gol do Bruno Henrique, de cabeça! E olha que o Muriel havia realizado o primeiro milagre da tarde-noite, no lance que originou o tal tiro de canto.

Porque o Flu insistiu em sair jogando de pé em pé, a la Diniz, mas sem a capacidade que o time do antigo treinador propunha – mesmo quando errava. Várias bolas foram entregues de graça por PH Ganso, Allan, Nenê, Caio Henrique, Daniel etc ali na nossa intermediária defensiva.

Pelo Marcão ter insistido com os improdutivos Nenê e PH Ganso como titulares intocáveis, mesmo diante do melhor time do campeonato. Uma equipe de conceitos modernos. Composta de alguns bons e outros ótimos jogadores. Que marca pressão a saída de jogo de inimigos mais qualificados do que a gente, não desiste de nenhuma jogada, SEMPRE demonstra mais vontade do que os oponentes, é rápida, não erra passes bobos e vê o seu ataque rodar como o antigo bicho-da-seda, do extinto Tívoli Park. Que é a primeira no quesito roubadas de bola no campo alheio. Enfim, que caminha em passos largos para abocanhar o Brasileirão com várias rodadas de antecedência.

Porque a torcida abandonou o Fluminense Football Club definitivamente. Antes, as desculpas recaíam sobre Flusócio e Abad… E hoje? Os queridinhos Mário e Celso não estão na linha de frente do clube?

Pelo fato de o Flamengo ser muuuuito melhor do que a gente. E olha que ainda incomodamos, no primeiro tempo, com algumas tramas bem realizadas. E no segundo período voltamos bastante aquém… Não vimos bola!

Porque o Marcão insiste com o modorrento Wellington Nem, que desperdiça gols e contra-ataques como nos livramos de saliva, depois de cusparadas.

Pelo simples fato de não termos proteção defensiva. Por não ganharmos uma segunda bola sequer, na frente e na cozinha. Também pelo fato de o nosso sistema de contenção assistir aos rivais desfilarem os seus repertórios.

Porque erramos o último passe em todo e qualquer ataque. E porque escolhemos via de regra a pior sequência de lances: chutamos, quando deveríamos passar; passamos, quando deveríamos chutar; invertemos as jogadas, de uma lateral para a outra, quando deveríamos simplificar; prendemos a pelota, quando deveríamos tocar de prima; tocamos de primeira, quando poderíamos pensar num melhor enredo… Ou seja, pipocamos em óleo frio.

Por causa do Daniel, que mais uma vez, omitiu-se no jogo. Como eu disse anteriormente, ele hoje é o termômetro da nossa meiúca. Se o menino vai mal, decerto o Flu não anda em campo. Acompanhado da preguiça do Ganso e dos equívocos sucessivos do Nenê, então… Putz!

Porque o Nino se viu no mano a mano com os rapidíssimos Gabigol e Bruno Henrique durante os 90 minutos! E até fez razoável apresentação! Mas ele não é o Thiago Silva, o Edinho ou o Ricardo Gomes! Nem mesmo o Matheus Ferraz!

Por conta do nosso ataque cardíaco! Speed, em dia ruim – mais um, e Wellington Nem, que ainda não revelou os motivos de sua chegada no Laranjal, facilitam demais o trabalho das zagas concorrentes, em especial uma das mais seguras do Brasil, como a rubro-negra!

Pelo fato de o Muriel, mais uma vez, ser o nosso melhor homem dentro das quatro linhas. Seguido por Nino e Caio Henrique. E olhem lá!

Porque o Gilberto se esforça, tenta, dedica-se, mas a bola queima nos seus pés. E ainda por não termos substituto à altura. Quem sabe não seja a hora do menino Calegari, como já preguei aqui mesmo em inúmeras oportunidades?!

Por culpa do Mário, Celso, e agora o Marcão, que inventaram um tal Lucão! E o Marcos Paulo? E o Evanílson? O Jotapê, mesmo em má fase técnica, não pode ser preterido pelo glorioso atacante grandalhão, com passagens quase discretas por Goiás e outros clubes de expressão duvidosa.

Em suma, ratificando, perdemos, merecidamente, pros melhores. E um pouquinho pra nós mesmos! Tivemos eleições antecipadas, pouco depois do começo do ano. Trocamos de técnico duas vezes em um mês. Vimos alguns profissionais recusarem o nosso convite pela falta de credibilidade que “adquirimos” no mercado. Os salários atrasam. Convivemos com rachas entre técnico e atletas, recentemente. Vimos um novato assumir a barca – e teria que ser o Marcão, mesmo – transbordando euforia, mas trazendo em seus pertences a desconfiança da galera. É brabo, meu povo!

Aliado a isto, tivemos também uma administração de praticamente dez anos que relegou o futebol do Fluminense a segundo plano – e ao desprezo até mesmo ante os seus apaixonados torcedores.

Pois é, todo esse somatório de desenlaces reduzem as nossas esperanças a um patamar bem baixo e questionável, ainda mais se mensurarmos a grandeza que o FFC carrega nos seus 117 anos de história.

Os heróis que vão aos estádios e continuam abraçando as nossas cores neste momento impróprio deveriam ser canonizados! Estes não merecem tamanhos sofrimentos! Diferentemente do time em campo, que, neste domingo, às 18h, pela vigésima-sétima rodada do Campeonato Nacional, mereceu, sim, a derrota pro Flamengo. Os dois a zero contra nos saíram de graça!

Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon