Caso Michael: Gols, promessas e sumiços. Relembre os casos!




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Depois de ficar algum tempo afastado das manchetes, Michael voltou a ser notícia. E não por causa de gols marcados pelo Fluminense, mas pela vida fora de campo. Na terça-feira da semana passada, o atacante pediu liberação para resolver problemas particulares. Era esperado na quinta para treinar. Mas até a última atividade, no sábado, ele não apareceu e não justificou suas ausências, o que trouxe novamente à tona questionamentos sobre seu futuro e fantasmas do passado.

Nesta terça, está marcada uma reunião nas Laranjeiras para que Michael se explique. O atleta havia cumprido suspensão por doping (uso de cocaína, em 2013) até o dia 31 de agosto. Depois disso, jogou cinco partidas pelo Brasileiro, duas como titular. Todas foram sob o comando de Enderson Moreira. A última, inclusive, na despedida do técnico, a derrota para o Palmeiras por 4 a 1, no Maracanã. Com Eduardo Baptista, o jogador chegou a ser relacionado, mas não atuou.

– Está entregue para diretoria. As decisões que eu tinha que tomar, já tomei – afirmou Eduardo Baptista.

Dentro do Fluminense, o assunto é tratado com cuidado para evitar expor o jogador. De acordo com pessoas próximas a Michael, ele chegou a ficar cerca de 40 dias internado durante a suspensão como parte do tratamento. No dia a dia, exames surpresas são feitos para o clube ter um maior controle da situação e monitorar possíveis recaídas.

– O Michael tem um potencial técnico absurdo, já ouvi de alguns técnicos que trabalharam com ele que pode ser o melhor atacante do Brasil. Infelizmente, ele passa por um problema social, e estamos tratando dele como pessoa, cidadão. Precisamos recuperá-lo como bom garoto que é para depois disso ele apresentar a qualidade técnica que tem. Temos que dar tempo ao tempo, a situação não é fácil. Ele oscila, precisamos ter calma para ele voltar ao nosso convívio de vez e poder jogar novamente – disse o diretor de futebol Fernando Simone, que acompanha Michael desde que chegou ao Flu, em Xerém.

O dirigente afirmou que o acompanhamento de psicólogos e psiquiatras continua sendo feito e é pago pelo Flu. Sobre os exames, Fernando Simone disse que o atleta “está sendo perfeito”.

– O tratamento ainda é todo pago pelo Fluminense. Ele continua tendo consultas com psicólogos, psiquiatras… segue fazendo todo o acompanhamento médico normalmente. Ele também continua fazendo exames regularmente e está sendo perfeito nesse caso.

Descanso no estacionamento

O período de pouca atividade pode ser uma das explicações para mais um caso desta oscilação emocional de Michael, mas o atacante, além do problema com drogas em 2013, é conhecido por casos de abuso nas bebidas alcoólicas. Já aconteceu de ele chegar ao clube bem antes do horário do treino matinal e dormir no estacionamento, dando indícios de que estava “virado”. O temor é de que o consumo de álcool se torne um atalho para que tenha uma recaída no tratamento.

Semana passada, no dia em que o técnico Eduardo Baptista revelou o pedido de Michael para não treinar, o atleta fez sua última postagem em uma rede social: uma foto famosa do atacante Adriano com uma camisa com a frase “Que Deus perdoe essas pessoas ruins”. Michael ainda escreveu “Dois ouvidos…uma boca!!”.

Quando estava no comando do Flu, Cristóvão Borges era um dos conselheiros de Michael. Acompanhou de perto o desânimo do jogador no início deste ano, quando a nova punição foi divulgada. Na ocasião, o atacante pediu para ficar um tempo longe dos treinamentos e só voltou perto do término do gancho.

– Ele ficou desanimado e disse que não queria mais jogar futebol. Isso me doeu. O que mais me machucou no Fluminense foi esse desfecho do caso Michael. Muito doloroso – disse Cristóvão em entrevista ao GloboEsporte.com, em maio.

Todo deslize de Michael é visto com pesar por jogadores e funcionários, já que todos o veem como grande potencial e temem que seu talento seja desperdiçado. Além disso, o atacante é bastante querido pelos companheiros, apesar do jeito tímido, que o deixa um pouco isolado.

Tentativa de sair do hotel

Outro caso recente aconteceu quando Michael foi relacionado para o jogo contra o Grêmio, em Porto Alegre, pela Copa do Brasil, e ficou no banco de reservas. Animado com a classificação para a fase seguinte, o elenco festejava no hotel, e o atacante decidiu que teria que sair para comemorar. Falou com os dirigentes e precisou ser contido por seguranças para permanecer. Acabou ficando “à força”.

Aos 22 anos, Michael nasceu em São Francisco de Sales, Minas Gerais, mas adotou Xerém, cidade onde as divisões de base do Flu ficam instaladas, como seu refúgio. Os dirigentes acreditam que no local ele estava mais vulnerável às más companhias. O jogador, então, passou a morar em um apartamento perto do clube, no bairro de Laranjeiras. Recentemente, Michael se mudou para o bairro Jardim Botânico. Sempre longe da família, que segue em Minas Gerais. O clube chegou a pensar em determinar uma pessoa para estar o tempo inteiro ao lado do jogador.

Nas redes sociais e em comentários em matérias sobre Michael, muitos tricolores parecem ter perdido a esperança no jogador e questionam o fato de a diretoria seguir dando chances para o atacante, que tem contrato até o fim de 2017. A sensação internamente, no entanto, é que virar as costas no momento de dificuldade pode ter um efeito devastador na vida do atleta.

A suspensão

A contagem regressiva de Michael para o fim da punição por causa do doping terminou dia 31 de agosto. Foram cinco meses e 18 dias de um duro golpe de pena imposta pela Corte Arbitral do Esporte (CAS). Punido em 2013 ao ser pego em exame antidoping por uso de cocaína durante o Carioca daquele ano, o jogador voltou a ser julgado em março deste ano, desta vez pela CAS, já que a Agência Mundial Antidopagem (Wada, sigla em inglês) ingressou com um recurso.

Michael voltou a ser relacionado no jogo contra o Corinthians, no dia 2 de setembro, em São Paulo. Mais do que uma partida, agora seu futuro está em jogo.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Globo Esporte / Foto: Divulgação

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