Ligações, angústia, conversas… Jornalista revela bastidores sobre pedido de desculpas do Fernando Diniz




Diniz (Foto: Fluminense F.C.)

Bastidores: por que Fernando Diniz decidiu pedir desculpas no Fluminense? (por Caio Blois / portal Trivela)

Foram muitas ligações ao telefone, algumas horas de conversa e vários pedidos. Se gerou polêmica ao criticar parte da imprensa após a eliminação do Fluminense no Campeonato Carioca, Fernando Diniz voltou atrás e pediu desculpas. O técnico convocou uma coletiva no CT Carlos Castilho, e a Trivela descobriu alguns bastidores dos motivos.

Antes de responder os repórteres, Diniz fez um pronunciamento de pouco mais de um minuto. Nele, pediu desculpas pelo tom e por palavras que usara em sua última entrevista. Ao opinar sobre as questões recebidas, manteve a fala mais calma do que a costumeira cabeça quente após os jogos — e ainda conseguiu, arisco, fugir de algumas das perguntas mais capciosas.

Quando desceu do palco da sala de imprensa Paulo Julio Clement, no CT Carlos Castilho, Fernando Diniz cumprimentou repórteres, assessores, dirigentes e funcionários um a um. Parou no fim da escada e, cercado por jornalistas, conversou informalmente por mais alguns minutos.

— Quero pedir desculpas pelo tom agressivo com que me dirigi em alguns momentos, e também pela generalização que fiz à imprensa — disse Fernando Diniz.

Diniz viu ‘injustiça’, mas percebeu ‘desrespeito’ no Fluminense

Desde domingo (17), dia seguinte à eliminação no Campeonato Carioca, o técnico estava angustiado. Ele conversou muitas vezes ao telefone com seu assessor pessoal de comunicação, com funcionários do clube, colegas de comissão técnica e dirigentes.

Em ligações e mensagens, o diretor Paulo Angioni e o presidente Mário Bittencourt ajudaram Diniz a perceber que o entendimento da opinião pública de sua coletiva tinha sido contrário ao que o técnico gostaria. A angústia aumentou quando Fernando percebeu que, se por um lado estava chateado com a injustiça em relação aos jogadores, o Fluminense e seu trabalho, as palavras fortes e o tom que utilizou poderiam ter esbarrado no desrespeito.

— Dei uma generalizada, coisa que não gosto. Tenho uma relação (com a imprensa) que considero muito positiva, até especial. Desde 2019, quando trabalhei aqui pela primeira vez, e depois na minha volta em 2022. Há muitos aqui que são muito sérios, muito bons. Alguns tricolores, outros não, mas que cobrem o Fluminense e o futebol com muita seriedade. E blogueiros também. Muita gente séria, e muita gente que se aproveita do momento ruim para criar coisas que acho desnecessárias para o Fluminense e o ambiente do futebol como um todo — opinou.

Muitos dos interlocutores ouvidos pela Trivela admitem que, de início, ainda de cabeça quente, o treinador seguiu convicto das ideias que abordou na coletiva. E muitas ainda seguem. Outras, não. E ao mudar de ideia, Fernando Diniz decidiu se reaproximar não dos jornalistas, mas do coração da torcida.

O torcedor foi citado por Diniz em respostas na coletiva e conversas informais. Como disse em uma delas, “o torcedor do Fluminense pode fazer o que quiser, me chamar de burro o jogo todo, porque pelo carinho que sempre tiveram comigo, eu sempre serei grato”.

Bastidores: Fernando Diniz pediu coletiva ao Fluminense

A decisão de conceder entrevista coletiva no Fluminense foi do próprio Fernando Diniz. Ao perceber que havia generalizado de maneira perigosa em suas críticas à imprensa, principalmente aos repórteres que estão no dia a dia do clube — que não são os criticados por ele após o empate com o Flamengo —, o técnico deu passos atrás em relação ao que disse de cabeça quente.

Ao sentir que desrespeitou pessoas que gosta e, mais do que isso, deu aos seus críticos a narrativa que gostaria, Fernando decidiu falar de novo. O espaço na agenda por conta da Data Fifa — que agora não é mais um alvo de críticas ao treinador, que deixou a Seleção Brasileira — caiu como uma luva.

E não à toa, o clube agiu rápido para convocar os jornalistas. Os departamentos de comunicação e futebol apoiaram incomensuravelmente a decisão do treinador. Mesmo que menos de 24h antes, os assessores avisaram os repórteres do evento e confirmaram a presença de vários deles. Internamente, o movimento foi visto como um “golaço” de Fernando Diniz.

Desde os tempos de jogador que Diniz e imprensa nem sempre falam a mesma língua

Tido como um fenômeno no futebol de salão em São Paulo, Fernando Diniz trocou a bola pesada pelos campos nas divisões de base do Juventus. De lá até chegar aos grandes clubes como Corinthians, Palmeiras, Santos, Fluminense, Flamengo e Cruzeiro, o técnico admitidamente sofreu muito.

Desde a infância e adolescência em certa dose podadas pela vida de atleta até uma análise de que sua carreira ter sido menor que o talento que demonstrava, Diniz decidiu mudar isso ao virar treinador. Sua ideia era fazer pelos jogadores o que não fizeram por ele. E essa visão ainda é o principal norte de seu trabalho.

Afável e doce nas conversas com jornalistas com as câmeras desligadas, bem como funcionários e jogadores, o técnico por vezes não fala a mesma língua da imprensa — nos bons e nos maus momentos.

Suas críticas ao futebol, que chama de “máquina de moer pessoas” recorrentemente, esbarram em opiniões fomentadas por repórteres, comentaristas, apresentadores e agora blogueiros, influenciadores e youtubers. Preocupado com o rumo que a “opinião pública” pode dar aos jogadores, o treinador não poupa críticas há tempos — assim como as recebe em profusão.

Nos bastidores do que pensou para a quinta-feira (21) estavam também marcas de erros e opiniões da imprensa que respingaram em Fernando Diniz e em seus comandados. Idealista, entretanto, ele pretende insistir: seu objetivo no futebol é a valorização das pessoas. Taças ele já conquistou, e mesmo nestes momentos, sustentou que não eram, para ele, sua única motivação.

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Por Explosão Tricolor

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