Entrevista coletiva do técnico Mano Menezes após a vitória do Fluminense sobre o Athletico-PR




Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense F.C.
Entrevista coletiva completa do técnico Mano Menezes após a vitória do Fluminense sobre o Athletico-PR

Confira todas as perguntas e respostas da entrevista coletiva do técnico Mano Menezes após a vitória do Fluminense por 1 a 0 sobre o Athletico-PR, pela décima sétima rodada do Campeonato Brasileiro:

Vitória sobre o Athletico-PR

“A gente imaginava um jogo duríssimo, por tudo aquilo que vimos do Athletico quando preparamos o jogo e pela situação, porque você está a 10 jogos sem vencer e vem de uma derrota de 5 a 2, é óbvio que você vai fechar um pouco mais, é óbvio que você vai esperar mais e a gente preparou a equipe exatamente pra isso. Mas as dificuldades passam por tudo. Primeiro um pouquinho de ansiedade, o torcedor ajudou um pouco essa ansiedade aumentar porque queria que a gente acelerasse e não dá para acelerar o jogo quando uma equipe está postada com os 11 jogadores atrás da linha da bola esperando, com uma linha de cinco atrás, sem espaço pra você infiltrar.

A gente tentou, às vezes fez certo, às vezes não fez tão certo. Então imaginávamos que teríamos que achar outras soluções, nos preparamos também pra isso. Bernal saiu porque sofreu uma falta que o árbitro inclusive não marcou no primeiro tempo. Cortou, inchou, estava fechando, isso estava dificultando ele, quase que fizemos ela já no intervalo. Mas aí voltamos, começamos a trabalhar um pouquinho melhor as bolas de lado, conseguimos fazer o lado mas não conseguimos preencher a área com mais gente pra igualar os três zagueiros deles lá dentro, então sempre tinha um zagueiro que tirava a bola e a gente soube melhorar e encontrar outros caminhos.

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Primeiro, quando saiu o Bernal nós colocamos o Keno na extrema e puxamos o Lima pra dentro. E depois esse jogador nosso estava sobrando para armar o jogo, eu não precisava dele para defender e o Marcelo pôde dar essa contribuição que ele tem de sobra, tem talento, enxerga o jogo como o Ganso enxerga. E uma bola mais qualificada fez com que a gente chegasse ao nosso gol, já tínhamos feito um antes, estava um pouquinho impedido.

A gente teve muito mérito e o mérito se deu a diversos fatores, primeiro, trabalhar bem pra ter condição de jogar 90 minutos com esse nível de exigência, segundo para não ser afoito porque se tivéssemos sido afoito teríamos perdido o jogo no contra ataque. E terceiro a persistência, acreditar naquilo que a gente está fazendo. Acho que eles estão de parabéns, a gente tinha uma série de quatro jogos, nós tínhamos feito uma previsão, e hoje a gente fecha o terceiro jogo com 100% dos três e isso é muito mérito, muita maturidade também.”

Fim do jejum de gols de Germán Cano

“Penso que o futebol quase sempre percorre os mesmos caminhos. Goleadores tem momentos bons e outros não tão bons. Não tem o que fazer a não ser trabalhar. Ele é obstinado, correto. A alegria de todos por ser também ele o autor de gol é em função do que ele é no dia a dia, exemplo de profissional. Essa homenagem do torcedor é muito justa. Assim, a confiança começa a voltar.

A primeira coisa que conversamos quando cheguei ao Fluminense é que o Cano estava jogando machucado. Já é uma grande dificuldade fazer gol, imagina com uma dificuldade clínica. Isso foi se agravando, ele foi perdendo força e arrancada. Então ele teve que parar para tratar. Felizmente, nesse período, tivemos o Kauã Elias fazendo gols e nos ajudando. Isso nos deu tranquilidade. Agora o Cano começa de novo a se colocar como um pretendente à vaga. Estabelece de novo uma concorrência mais alta. Isso que a gente que ter no elenco, jogadores que no dia a dia fazem o seu melhor e esse melhor faz com que os outros também tenham que se esforçar o máximo. Isso que a gente quer, e a gente está feliz por ele ter feito o gol hoje. Poderia ter sido todo mundo, mas ele certamente foi especial.”

Germán Cano e Kauã Elias podem atuar juntos?

“Daqui a pouco vamos poder usar os dois atacante enfiados, porque temos equipe para fazer. Já trabalhamos em alguns treinamentos para fazer. Temos que avançar umas casinhas primeiro.”

Lesão de Thiago Silva

“A questão da gravidade é muito pessoal, aquilo que se avalia como tal. A lesão é muito chata, é um lugar que se machuca e que não tem acesso para tratamento, é muito difícil você chegar nesse lugar. Então a gente colocou com unanimidade ele no jogo de volta da Libertadores. Aquilo logicamente machucou mais o lugar, porque ainda não estava sarado, não estava totalmente pronto, mas ele já está fazendo tudo aquilo que ele pode fazer, inclusive trabalhando fisicamente. A questão do impacto é que ainda estamos cuidando porque precisa curar, não tem jeito, porque se não ela vai voltar. Acho que o mais importante é que a equipe não levou gol, sem o Thiago, que vocês diziam que era a única razão pela qual nós não tomávamos gol.”

Retorno de Ignácio

“Jogou poucos minutos, mas já está aí apto a entrar. A gente achou que aquela hora era para colocar uma força a mais. A minha dúvida era se colocaria no lugar do Samuel Xavier, trazendo o Manoel um pouco para fora, porque aquela hora certamente o Athletico iria colocar bola longa na nossa área, e ganhar força e estatura ajudaria bastante. Mas está pronto, treinando bem, a gente só controlou um pouquinho porque cirurgia é cirurgia. Todos os atletas reagem de maneiras distintas. A gente tomou o cuidado de não apressar para não ter recaída de nada. Não tinha razão para isso. Manoel e Thiago (Santos) estão bem, fazendo bons jogos, firmes, seguros. O mais importante é isso. Primeiro, uma ideia, um jeito de jogar. Depois, todos podem entrar nesse jeito de jogar porque sabem exatamente como funciona e render bem, como foram os últimos minutos com o Ignácio.”

Importância de Fábio

“O Fábio está no grupo seleto de goleiros que faz a defesa do jogo com frequência, a defesa que dá três pontos pra equipe. Se a gente olhar nos últimos jogos, todas essas nossas vitórias têm várias assinaturas, mas a dele está quase sempre presente. Eu tive a honra de dirigi-lo no Cruzeiro durante três anos, cheguei a levá-lo pra Seleção num jogo de Superclássico. É um pecado que esses grandes profissionais fiquem velhos, mas ficam e acho que serve o exemplo que eles deixaram, a trajetória que construíram, exatamente pelos profissionais que vêm e que querem vencer na posição, que é duríssima, mas o Fábio é extraordinário em tudo.”

Número mágico para fugir do rebaixamento

“Não gosto muito de fazer conta, porque elas quase nunca se realizam. Acho que a gente precisa fazer o que está fazendo agora, ter aproveitamento que estamos tendo, porque isso vai nos tirar de qualquer possibilidade de estar entre os últimos quatro. É só olhar o aproveitamento da equipe no returno. Isso que a gente tem que continuar fazendo. Vamos pensar cada jogo. Pensar no jogo de Salvador daqui para frente. É ser maduro, ser inteligente, jogar para vencer todos os jogos. Quando não der para vencer, ser humilde e trazer um ponto, porque o adversário não faz três, esses adversários diretos. Essa conta tem que fazer quando se está onde nós estamos. E dizer para o torcedor estar bem ao nosso lado nos jogos em casa, principalmente, com calma, como fez hoje, ajudou a gente muito para chegarmos a esse resultado final que deixa a gente muito feliz.”

Dificuldade de furar a retranca do Athletico-PR

“Nós abrimos o campo sempre, porque para você enfrentar uma equipe com linha de cinco atrás você tem que tentar fixar os alas primeiro e depois criar uma dificuldade interna. Ora fizemos com lateral, ora fizemos com Lima, que não tem a característica de ficar muito aberto, e depois fizemos com o Keno, que aí sim é um jogador de drible, de jogada individual. Tínhamos o Arias do outro lado, que fazia isso bem, fez desde o primeiro tempo, mas acho que o problema era resolver a área. A bola chegou do lado sempre, chegou no primeiro tempo também, chegou pelo lado esquerdo, chegou bem, mas nós tínhamos que preencher mais, porque se você não preenche é difícil, com jogada de fundo, você estabelecer uma vantagem com um atacante contra três zagueiros.

Aí entra um pouquinho da característica dos nossos jogadores, o Ganso é um camisa 10 espetacular, mas não é um camisa 10 de entrar na área pra conclusão final de jogada. Ele é um armador, ele é o homem do passe, do penúltimo passe, então tínhamos que fazer com outros jogadores. Acho que é um ensinamento para gente. É a primeira equipe que nós enfrentamos desde que eu estou aqui que veio com a proposta de linha de cinco na última linha, com linhas baixas o tempo inteiro, e eu respeito muito isso, mas é difícil. Como disse o Guardiola uma vez, é difícil para todo mundo entrar contra uma linha de cinco e para gente também é.”

Defesa como ponto forte

“Quero dizer que gosto de gols a favor tanto quanto vocês. Acho que a razão do futebol são os gols. O torcedor vem para ver os gols. Mas não dá para fugir da realidade. A gente não está marcando ainda muitos gols. A equipe já não estava marcando muitos gols. Melhorou um pouquinho, mas continua com uma margem pequena. Quando você tem essa realidade, tem que fechar a outra ponta. Esse negócio é igual dinheiro na conta, se sai mais e entra menos, vai faltar, vai ficar negativo. A gente precisava primeiro estancar, diminuir o número de gols sofridos. Os méritos são dos jogadores, sem dúvida.

Sempre fui conhecido por armar bons esquemas defensivos, mas já não conseguir, porque quem realiza, quem executa são os jogadores. A gente fez uma utilização dos jogadores de forma mais tradicional, os zagueiros entraram mais no sistema defensivo, isso fez com que a equipe ficasse mais sólida, mas o posicionamento da equipe é tudo para isso. Eu já havia trabalhado com o Diogo (Barbosa), com o Thiago (Santos). E isso ajuda muito, atalha os caminhos, em termos de posicionamento de linha para você não dar espaço. Não tem muito segredo. Todo mundo sabe o que é, a diferença é fazer bem feito, e eles estão fazendo bem feito.”

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Por Explosão Tricolor

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