Wellington e a cara da torcida

A Baixada é tricolor! Não há dúvidas de que Edson Passos, definitivamente, entrou para a galeria dos maiores “jogadores” do Flu este ano. Trouxe o torcedor de volta ao estádio, deu ao time novo ânimo e, de quebra, ainda injetou vontade no antes insosso Cícero. Quer mais: dois jogos e duas vitórias. Cinco gols marcados e nenhum sofrido. Maracanã que nada; eu quero é Giulite Coutinho!

Mas, como sempre, devemos ter os pés no chão. O time ainda não tem padrão tático definido, até em razão da recente chegada de novos jogadores, sendo que as vitórias em Edson Passos são, em grande parte, mérito da torcida. Precisamos de uma sequência de jogos para conseguir ajustar a engrenagem da equipe e acreditar em voos mais altos ainda este ano. Sinceramente, acredito que lutaremos apenas pelo meio da tabela, até porque Peter quer vender os nossos mandos de campo, o que é péssimo para a arrancada do clube neste Brasileirão.

Nos últimos jogos, porém, um jogador tem se destacado e está pedindo passagem: Wellington (antes, conhecido como Wellington Silva). O moleque demonstrou nos jogos contra Ypiranga e Ponte Preta que está com fome de gol e com apetite de vitória. Some-se a isso o preparo físico e a consciência tática que os colocam em um patamar superior às demais contratações do pacotão da diretoria. Pronto: tem tudo para brilhar este ano.

Não podemos esquecer que Wellington vem de uma passagem de vários anos na Europa. Apesar de ainda jovem (tem só 23 anos) ele já atuou em diversos clubes no velho continente. Após ser vendido para o Arsenal da Inglaterra com apenas 17 anos, Wellington teve passagens no Levante, Ponferradina, Real Murcia, Almeria e Alcoyano, todos da Espanha, além do Bolton da Inglaterra. Não foi titular em nenhum dos times, tendo apenas lampejos nos clubes espanhóis. No entanto, teve a oportunidade de treinar com os melhores treinadores e jogadores do mundo e, após muito amargar o banco ou até mesmo a ausência de convocação para os jogos, finalmente parece reencontrar o seu lugar no tricolor.

E este período na Europa e a forma como está se apresentando demonstra o quanto o futebol brasileiro é defasado em profissionalismo. Isso mesmo! Não são raras as vezes em que um jogador mais velho retorna da Europa e é sucesso no país. Quando é mais novo então, é barbada. Sempre vai se destacar. Mas também, em um país onde jogadores como o Fred é ídolo mesmo treinando quando quer, comprova que o futebol realmente não é profissional por aqui.

Voltemos a Wellington. Talvez Levir tenha dado a declaração mais feliz do final de semana: ele tem a cara da torcida. E Levir está certo. Wellington, além de ter demonstrado uma dedicação surpreendente para os padrões brasileiros nas partidas em que entrou em campo, ainda é cria da casa e um cara de boa cabeça. Não cobrou titularidade (como se espera de um funcionário do clube) e, nas vezes que jogou, mostrou a raça característica de um time de guerreiros. Na mosca! Já virou o xodó da galera!

Além do mais, o moleque ainda tem uma característica que está em falta no futebol brasileiro: ele parte pra cima dos adversários. O chamado “um contra um” sempre foi um grande destaque no país que, com o passar do tempo e burocracia do nosso, tem ficado de lado. Nossos atletas têm medo de “cara feia” e não “partem” pra cima dos zagueiros. Wellington já provou que tem esta qualidade, o que é ótimo para o clube e para o nosso futebol. Espero que mantenha esta pegada.

No mais, se todo o elenco mantiver o ritmo que se viu contra a Ponte, podemos até almejar uma melhor colocação neste campeonato.

Ser Fluminense acima de tudo!

Toco y me voy:

1. Fred já jogou muitas partidas pelo Atlético. Daqui a pouco aparece uma contusão.

2. Gostei da nossa atuação defensiva. Apesar de estabanados, nossos zagueiros se comportaram bem diante da Ponte.

3. Por mais dinheiro que Roni ofereça, não é hora de tirar o time de Edson Passos e dos braços da torcida.

4. Opinião sincera: mesmo com todas as peças em campo, não temos time para brigar na ponta de cima da tabela. Mas também não vamos brigar contra o Z4. Acredito em uma posição intermediária. Adoraria queimar a língua.

5. Nada é melhor do que ver a galera carregando o time nas costas. Vejam o que o Cícero anda fazendo na Baixada. Incrível!

Evandro Ventura / Explosão Tricolor

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