O contraste entre o Nacional e o Internacional

Amigos Tricolores,

Ainda vivendo uma semana muito difícil para o esporte, quando ocorreu a maior tragédia na aviação envolvendo uma equipe esportiva brasileira, observamos duas situações bastante distintas.

Enquanto uma equipe internacional, cujo nome é Nacional, deu um verdadeiro show de solidariedade num momento de tamanha dor, lotando um estádio e emocionando o Mundo, uma equipe nacional, com o nome de Internacional, nos deu um exemplo da mais profunda insensibilidade humana.

Sejamos justos com a instituição, na verdade foi seu vice de futebol, Fernando Carvalho, que perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado, já há três dias, quando usou as palavras erradas ao afirmar, numa entrevista coletiva:

“Temos nossa tragédia particular, que é fugir do rebaixamento. Esse adiamento de rodada certamente será prejudicial. Nem estou falando nisso, porque como a consternação é geral, como a solidariedade é unânime de todo mundo, não é hora de reclamar. Mas o adiamento trará embaraços que mais adiante teremos que comentar.”

Terríveis palavras! Comparar um rebaixamento com uma tragédia com 71 mortos! Uma estrondosa repercussão negativa, como não poderia ser diferente, e depois uma constrangida retratação, que era o mínimo que se poderia esperar.

Não obstante, dois dias depois é iniciado um movimento entre jogadores, de diversos clubes, para que não ocorresse a última rodada. Teria sido muita coincidência que o movimento tenha sido idealizado por jogadores do Internacional?

E pouco depois é a vez do presidente do Internacional, Vitorio Piffero, defender a mesma ideia.

Obviamente, como o Internacional seria o principal prejudicado, certamente o próximo passo seria futuramente ingressar na Justiça para garantir a vaga na Série A…

Que momento para querer tirar uma vantagem esportiva! Nem bem os corpos de tão trágico acontecimento chegaram ao Brasil e já tentam dirigentes insensíveis se aproveitar da situação.

Isso tudo em contraste com uma enxurrada de manifestações bonitas, comoventes, de toda a comunidade esportiva do Mundo inteiro! Ofertas das mais inusitadas, homenagens das mais inesperadas!

O esporte tem dessas contradições. Se por um lado nos dá uma verdadeira aula de sentimentos mais nobres, com a solidariedade sendo sempre enaltecida, em eventos como as Olimpíadas, Paralimpíadas, eventos beneficentes e diversas disputas esportivas, também é capaz de nos envergonhar em alguns momentos.

E aqui quero isentar os torcedores do Internacional, que, devo acreditar, não coadunam de forma alguma com as ideias infelizes de seus dirigentes. Devem até estar envergonhados. Assim espero.

Ainda no outro dia fiquei horrorizado com uma musiquinha entoada pela torcida corinthiana, no jogo Corinthians x Internacional, quando dizia algo bárbaro em sua letra, defendendo que o Inter cairia, assim como caiu o Fernandão. Que horror! O Fernandão, para quem não lembra, é um ídolo colorado, que morreu em acidente de helicóptero há alguns anos!

Quanta insensibilidade! Ali o Internacional foi atingido, e com toda a razão não gostou da ofensa. Tão hedionda que acho mesmo que caberia punição ao clube paulista, mais uma vez, por atuação de sua torcida.

JOGAR OU NÃO A ÚLTIMA RODADA?

Se deve haver a última rodada? Penso que o adiamento se fazia totalmente necessário, assim como o foi o da decisão da Copa do Brasil. Neste fim de semana não havia o menor ambiente para a bola rolar, em clima de velório.

No dia 11, porém, em partidas que certamente serão comoventes, e com várias homenagens aos atletas, dirigentes, comissão técnica, jornalistas e tripulação, acho que será até uma ótima oportunidade para mais demonstrações de muita solidariedade. Certamente sem o jogo Chapecoense x Atlético/MG, este acho totalmente inoportuno, ainda que fosse jogado por equipes juniores dos dois clubes. Só iria causar tristeza e sofrimento tal evento!

O nosso Fluminense, que o destino colocou no caminho do desesperado Internacional nesta última partida, já anunciou que fará diversas homenagens, dentre elas já escolheu jogar com seu terceiro uniforme, de cor verde.

E mais uma vez, toda a nossa solidariedade aos familiares de todas as vítimas do terrível acidente, e que todos tenham muita força para superar tanta dor e saudade.

Quaisquer raciocínios de rebaixamentos, classificações para competições, táticas e implicações esportivas perdem todo o sentido diante de tanta dor. Eu mesmo não consigo nem mesmo fazer uma análise inicial da contratação de Abel. Fica tudo para mais tarde!

Hoje ocorrerá o velório do jornalista Paulo Julio Clement, no Salão Nobre das Laranjeiras, ele que infelizmente estava naquele voo, pois faria a cobertura do jogo. Convivi rapidamente com ele, escrevendo para uma mesma revista esportiva, a Tempo Esporte, que já não existe mais. Lembro também dele nas Laranjeiras, cobrindo o dia a dia tricolor para o jornal O Globo, a até hoje me recordo de um rápido papo que tivemos no Bar do Fidélis. Tricolor, eu garanto! E gente muito boa! Meus sentimentos à família! Que Deus o receba muito bem, como a todas as vítimas!

Espero apenas que os jogos finais sejam cercados de muita sensibilidade e com a justa homenagem a todos que a merecem. Até pensei em ir ao último jogo, dia 11, temendo apenas que o desespero do Internacional tire o foco das homenagens.

Quanto aos dirigentes e jogadores do Inter, perderam ótimas oportunidades de permanecerem calados. Porque quando não se tem nada de importante a dizer nessas horas, nada melhor do que o silêncio!

Sem mais.

Força, Chapecoense!

Porque O IMPORTANTE É O SEGUINTE: SOMOS TODOS CHAPECOENSE!!!

#somostodoschapecoense

Por PAULONENSE / Explosão Tricolor