Jornal detalha guerra política que está ocorrendo dentro da gestão do presidente Pedro Abad




De acordo com o jornal “O Globo”, a turbulência dos bastidores da política do Fluminense vai muito além da invasão de torcedores ao salão nobre da sede das Laranjeiras, ocorrida na última terça-feira. A eleição do novo presidente do Conselho Deliberativo do clube, adiada em razão da confusão, é parte de um processo de ruptura anunciada entre as principais correntes unidas sob a gestão do presidente Pedro Abad.

O xadrez político tricolor, antes disputado com discrição, tornou-se evidente nos corredores das Laranjeiras por causa do agravamento da crise financeira e das pressões pela renúncia de Pedro Abad. Para entender este imbróglio, no entanto, é preciso voltar no tempo. Ao período que antecedeu à última eleição presidencial, em novembro de 2016.

Antes do pleito, o Flusócio, grupo de Abad, aliou-se ao Unido e Forte, uma união de correntes de oposição que têm como figuras mais representativas Cacá Cardoso (hoje vice-presidente Geral) e Diogo Bueno (atual vice-presidente de Finanças). A composição nasceu com um acordo: em caso de vitória nas urnas, os três principais poderes do clube seriam divididos igualmente.

Divisão de forças

A distribuição foi feita da seguinte maneira: Abad (Flusócio) ficou com a presidência do Conselho Diretor e Gustavo Donati (Unido e Forte), com a do Conselho Fiscal. Já o grupo dos esportes olímpicos, tradicional aliado do Flusócio, assumiu a principal cadeira do Conselho Deliberativo por meio de José Guisard. Quando este abriu mão do posto, no ano passado, por motivos particulares, tudo mudou. E para pior.

Os integrantes do Unido e Forte decidiram apoiar o interino Fernando Leite, membro do próprio grupo e que, segundo eles, é o mais indicado ao posto. Com isso, preteriram Renato Martins, do Olímpicos. Na última sexta, suas lideranças reuniram-se com membros do Flusócio. O acordo pré-eleitoral da divisão dos poderes, que estava prestes a ser quebrado, foi debatido. Mas de nada adiantou.

Críticas e ressentimentos

De acordo com a publicação do jornal “O Globo”, o fato é que os dois principais movimentos da política interna tricolor já não falam a mesma língua. Há muitos questionamentos do grupo de Cacá Cardoso à forma como Abad e o Flusócio conduzem questões do clube, como o futebol e a aprovação das contas do último ano da gestão do presidente Peter Siemsen (2016).

Do outro lado, por sua vez, há a queixa de que os então aliados abandonaram Abad num momento delicado. A visão é que ele assumiu a culpa por erros que não são de sua única responsabilidade. Exemplo maior foi o anúncio da “barca” de jogadores — com a polêmica dispensa de oito atletas, entre eles, o goleiro Diego Cavalieri e o zagueiro Henrique —, plano executado em dezembro que contou com a participação de Bueno e do vice-presidente Jurídico, Miguel Pachá. Nos dias subsequentes, o presidente se sentiu sozinho diante das críticas, o que repercutiu mal internamente.

Uma nova data para a eleição do Conselho Deliberativo ainda será marcada. A tendência é que seja no final do mês. Resta saber se os apoios serão mantidos até lá. Dos dois candidatos, Fernando Leite é o único visto como capaz de levar à frente um pedido de Impeachment de Abad, acusado por conselheiros e torcedores de gestão temerária. Para isso, é preciso que um requerimento com 50 assinaturas chegue à mesa do órgão.

No entanto, este processo não interessa a ninguém no Fluminense. Primeiro, porque tumultuaria ainda mais o ambiente e provocaria danos à imagem do clube. Mas, além disso, porque o Estatuto fala em novas eleições após este procedimento. Por isso, o movimento pela renúncia de Abad é mais forte. Neste cenário, Cacá Cardoso ocuparia a presidência até dezembro de 2019. Conversas entre Bueno e lideranças de outras correntes — nas quais ele critica duramente Abad e sua fidelidade a Siemsen — sugerem ser este o caminho traçado por seu grupo.

Como a eleição do Deliberativo não foi à frente, segue o mistério sobre qual será o próximo passo deste xadrez. Neste momento, não há um rompimento formalizado. Dentro do Unido e Forte, o discurso é que cada um está seguindo o caminho que considera mais correto para o Fluminense. No Flusócio, a desconfiança em relação aos aliados chegou ao seu maior nível. Ninguém arrisca dizer de quem será o xeque-mate.

Veja abaixo a linha do tempo do antes e depois da eleição ocorrida no final de novembro de 2016:

 





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Por Explosão Tricolor / Fonte: O Globo

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