ENTREVISTA – Peter Siemsen fala sobre os bastidores da CBF e dos clubes




Entrevistado pelo portal LANCE!, o presidente Peter Siemsen comentou sobre os bastidores da CBF, as reuniões entre os clubes para tentar melhorar o futebol brasileiro e sua relação com o Eurico Miranda.

Você falou que os clubes precisam de representação única. Assumiria a presidência desse órgão?
Acho que não é o meu caso. Tenho uma dedicação ao Fluminense grande. O clube ainda tem problemas severos. Acho que minha presença é fundamental nessa transição do modelo do antigo patrocinador para o modelo formador. O Fluminense passa por um processo de reorganização financeira e ainda a construção de um CT. Tem muita atividade. O meu papel hoje ainda é de presidente executivo, e isso eu critico. Gostaria eu de ser um presidente estratégico, comandando um conselho de administração. Hoje ainda não é possível. Justifica ainda mais a necessidade da necessidade da sociedade empresarial de futebol.

Nessas reuniões na CBF e em Brasília, você tem dividido a mesa com Eurico Miranda, presidente do Vasco. E vocês não se dão bem. Como tem sido isso?
Sou bastante pragmático, coloco meu pensamento, meus objetivos e escuto independentemente quem compõe o grupo de trabalho. Ele tem o papel dele. eu tenho o meu.

Eurico, por falar nisso, foi quem sugeriu à CBF que os clubes tivessem autonomia nos conselhos técnicos, sem veto. Como vê essa medida?
Acho que é uma mudança, mas nada em relação ao mercado brasileiro, ao futebol doméstico. Foi uma evolução, mas isso não é determinante para o futuro no momento.

Houve uma reunião interna dos clubes, que também teve o Bom Senso. Tem mais coisa marcada? Como foi o encontro?
Por enquanto não. Não mudou muito, porque a maioria dos clubes estava na reunião anterior. A opinião de cada um permaneceu, então temos um cenário aberto sobre isso.

Tem algum movimento por participação dos clubes na assembleia geral da CBF?
Acho que no momento a maioria está focada na MP. No momento, está um pouco difícil discutir mudanças em outros aspectos sobre a modernização do futebol brasileiro. Todos os outros assuntos ficam para depois.

E mata-mata x pontos corridos, calendário?
Isso é uma outra discussão, não poderia contribuir tanto. Estou bastante atarefado. Ficaria difícil participar desse ponto.

Os clubes estão rachados, porque cada um puxa por um lado nessa história da MP?
Na MP, existem pontos convergentes. Outros não. Com bom senso, convivemos bem. Acho saudável ter divergências. Acho que são pontuais, a respeito das propostas da lei.

Dá para confiar em Marco Polo Del Nero e quem está na CBF?
Não há por que duvidar. Nenhuma das pessoas lá foi mencionada ou indiciada. Entendo que é possível ter uma boa relação de trabalho. Há divergências e sinergia. A CBF vem acenando com uma possível modernização.

Leu o relatório do FBI? Os dirigentes não ficam desconfiados pela descrição do co-conspirador 12?
Li somente as reportagens. Como é que vou suspeitar de alguém que não foi denunciado, citado, acusado. Numa família, você pode ter pessoas honestas e uma única desonesta. Não coloco o carro à frente dos bois.

Mas não fica uma pulga atrás da orelha?
Hoje, no Brasil, pulga atrás da orelha é normal. Estamos nos deparando com o gigantismo de um caso numa entidade internacional. Sinceramente, pulga atrás da orelha é nossa vida de brasileiro. Mas creio que nesse caso não há por que duvidar das pessoas.

Como está a participação do Fluminense nos grupos de trabalho da CBF?
Eu recusei a participação na comissão dos clubes. Estou trabalhando na discussão da lei, mas no clube, na CBF e até com Bom Senso.

Mas por que?
Porque acho que poderia fazer um trabalho melhor fora dela. Me sinto mais à vontade fazendo um trabalho independente. A comissão representa clubes da Série A, e acho que hoje o foco é a MP. Há tanta coisa paralela.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Lance! / Foto: Divulgação FFC