A batalha de Curitiba




00banner_paulonenseAmigos Tricolores, hoje não falarei de esporte. Hoje o assunto é GUERRA!

Lembrar de um Fluminense e Coritiba marcante vai acabar sempre levando a esse jogo, da última rodada de 2009.

E olha que temos outros marcantes. Eu, por exemplo, compareci ao Maraca nas quartas de finais do Brasileirão de 1984, e vi o Fluminense passear no jogo da volta, depois de empatar em Curitiba por 2 x 2, e massacrar os coxas por cinco a zero, fora o baile. Foi uma belíssima atuação. E depois passamos por Corinthians e Vasco, para levantar o Bicampeonato Brasileiro.

Mas, como citei, hoje falo de uma partida com contornos dos mais dramáticos, talvez um dos mais sofridos da História do Fluminense.

Para começar, vamos lembrar de todo o contexto, de toda a atmosfera que cercava aquele jogo.

O jogo foi em 2009, domingo, dia 6 de dezembro, última rodada do Campeonato Brasileiro.  O Flu jogara simplesmente a final da Sul-Americana três dias antes, no Maraca, vencendo o jogo por 3 x 0, mas não conseguindo o título, pois havia perdido na altitude de Quito por 5 x 1, num jogo na semana anterior, jogado em meio à desgastante maratona tricolor em que nem podia empatar uma só partida do Brasileirão.

Não à toa foi naquela campanha, na partida semifinal, que o Gum ganhou o apelido de Guerreiro, ao empatar a partida contra o Cerro Portenho nos acréscimos, com a cabeça enfaixada, e ainda houve a virada, com gol de Alan. Pouco depois todo o time foi chamado de Time de Guerreiros.

Que tal um jogo na casa do adversário em que estivesse em jogo uma vaguinha na Série A do ano seguinte?  Quem perdesse estaria condenado, e o Fluminense jogava pelo empate.

Para chegar ali o Fluminense passou por um ano dos mais atribulados, e disputou um campeonato bastante irregular, não obtendo bons resultados nos primeiros jogos, com Renato Gaúcho não conseguindo fazer o time engrenar, e sendo demitido apenas na 22ª rodada.

Cuca assumiu e levou ainda algumas rodadas para formatar o time, mas aos poucos foi conseguindo avançar de fases na sul-americana, que passou a ser também uma prioridade e aumentou a dificuldade da campanha no Brasileiro.

Fred esteve fora do time com grave contusão muscular entre a 13ª e a 29ª rodada.

Só tinha um detalhe: o Fluminense podia estar ali, na lanterna da competição… mas tinha time!

Hoje acho graça quando, a cada ano, ali pela 33ª rodada, qualquer time que esteja no sufoco cita a campanha do Fluminense, e diz que vai se inspirar naquela campanha e ficar na Série A.

Esquecem que no gogó ninguém reage daquela maneira. Tem que ter time, força, glória e tradição! Aqui é FLUMINENSE!!!

E para citar um pouquinho do adversário, o clube vivia um momento político dos mais complicados. Era o ano do centenário do Coritiba, e ninguém admitia cair justamente naquele ano festivo. Havia muito protesto contra os dirigentes.

A pressão era total. Colocaram os preços dos ingressos bem baratinhos, para lotar o estádio, anunciaram o jogo como o mais importante da história do clube, criaram um clima de verdadeira guerra na cidade.

Amigos meus que foram ao jogo disseram que a cidade respirava um clima de grande apreensão, e a torcida local cobrava a vitória como obrigação.

Só que do outro lado estava o Fluminense Football Club, que não iria entregar os pontos justamente àquela altura, depois de tão maravilhosa arrancada.

Acordei naquele domingo um tanto quanto tenso. Conforme combinado, iria ver aquele jogo na casa dos pais de meu amigo Márcio, que lá iria comemorar depois o aniversário de sua filha, a Clara, todos tricolores…

Cheguei meia hora antes, tenso, respirando aquele clima de decisão. Fui a muita decisão do meu Fluzão em que não estava tão tenso… Não sei explicar, mas era uma sensação diferente…

O jogo começou, e era nítido o nervosismo das equipes, e o clima de apreensão também nas arquibancadas. Muitos passes errados, poucos lances de perigo, a vontade superando a técnica, como é, muitas vezes, a característica de um jogo decisivo.

Aos 27 minutos Marquinho acertou um golaço de falta, de longe, canhotaça depois de uma roladinha de Fred para ele. Foi um gol tão importante que o Marquinho vive dele até hoje…

Logo aos 35, porém, Pereira empatou de cabeça, aproveitando cobrança de falta, decretando que o jogo era mesmo para testar o coração.

No segundo tempo, para nosso alívio, pouca coisa aconteceu. O Flu soube controlar o jogo, e o máximo que o adversário conseguia era tocar a bola, sem contudo achar espaços.

Só que não tinha jeito: o sofrimento só acabaria no apito final. O jogo era perigoso. Mesmo sem nosso goleiro ser muito exigido, sabíamos que uma bola vadia podia decretar o pior. E o tempo recusava-se a passar. Os outros jogos já tinham acabado, o Flu não podia mesmo levar um gol.

Fim de papo! Fim de sofrimento! E o Fluminense mostrou o quanto é grande! Seis vitórias e um empate! Missão cumprida!

Terminada a partida, uma sensação muito mais de alívio do que de alegria. Muito mais de um grande peso saindo das costas do que de uma grande conquista…

Ao apito final do jogo, as imagens foram horripilantes… O que se viu naquele gramado foram cenas de uma verdadeira batalha campal, com torcedores do Coritiba invadindo o gramado e partindo para a pancadaria contra juiz, bandeiras e os PMs. O que aconteceu em São Januário semana passada foi uma festinha junina com alguns fogos, perto daquelas cenas.

Os PMs ficaram acuados, e os jogadores tricolores, que nada tinham com aquilo, correram para o lado da torcida do Flu, e os policiais foram heroicos, conseguindo conter a muito custo o avanço dos marginais. Teve policial que ficou muito ferido, e deu entrevista anos depois, ainda com sequelas das pancadas…

Ao Coritiba restou a queda no ano de seu centenário, e ainda teve que jogar várias partidas da Série B no ano seguinte sem seu estádio, punido que foi severamente pelas cenas grotescas…

Infelizmente às vezes o futebol oferece esses episódios lamentáveis, sob todos os aspectos… Era para ser só um jogo… Foi uma guerra…

Aquele jogo, Amigos Tricolores, não representou somente uma escapada da degola. Levando-se em conta que o Flu foi Tri no ano seguinte, sem aquela classificação não viria obviamente o Brasileirão de 2010… E provavelmente nem o Tetra de 2012, pois haveria um desmanche no time…

Aquele jogo, que coroou aquela arrancada histórica, valeu por Dois Campeonatos Brasileiros!

Aquele jogo não sai de minha memória…

Porque O IMPORTANTE É O SEGUINTE: SÓ DÁ NENSE!!!

Por PAULONENSE / Explosão Tricolor

Não! Não é uma cena de batalha entre dois exércitos. É a torcida do Coxa invadindo o campo para acertar quem estiver pela frente.