A dança das cadeiras na casa do amadorismo




Caros amigos tricolores, como fanático pelo Fluminense, me sinto triste pelo momento que o nosso querido Tricolor vive. Não sou de me envolver em questões politicas ou decisões da diretoria do clube. Prefiro falar essencialmente do futebol jogado, da bola que rola dentro do campo, esquemas, formações de jogo, etc… Mas, chegou o momento em que o extra-campo, leia-se “erros da diretoria”, passaram a afetar de forma quase irreparável o planejamento da equipe para a temporada, consequentemente, prejudicando o desempenho dos jogadores e passando a definitivamente afetar o “jogo jogado”.

O Fluminense é tido como o clube que mais troca treinadores no mundo, o clube que mais faz a”troca de cadeiras”. Irei elencar alguns erros, que, na minha opinião, desde o ano de 2013, têm nos levado aos fracassos:

Untitled-1Demissão de Abel Braga: O Fluminense era o atual Campeão Brasileiro, após campanha magnífica no ano de 2012. Bastaram algumas derrotas na temporada de 2013, para que o treinador balançasse a ponto de perder o cargo. Será que não era o momento de dar respaldo para o Abelão e, blindar clube e elenco? Optaram pela demissão, a decisão tomada se mostraria de péssima escolha.

Contratação de Vanderlei: Uma estratégia impensada, que em campo, quase nos custou um rebaixamento. Um técnico que literalmente não combinava e não combinou com o Fluminense. As preleções movidas por palavrões não surtiram efeito.

Demissão de Dorival Júnior: O treinador esteve bem no Fluminense, conseguiu fazer com que a equipe mostrasse futebol e resultados superiores aos de Vanderlei Luxemburgo. Após todo imbróglio do caso Lusa, podemos dizer que ele ajudou a salvar o Fluminense da degola. Surpreendentemente, foi demitido no início do ano passado, outro erro.

Contratação de Renato: Equívoco sem tamanho. O Renato era naquele momento, o exemplo de treinador limitado, com estratégias ultrapassadas, não à toa, não permaneceu no Grêmio. Os resultados não vieram e, novamente, “uma cabeça foi cortada”.

Contratação de Cristóvão Borges: Chegou para ser o “salvador da Pátria”, mesmo estando sem clube e tendo feito temporada razoável no Bahia. No Tricolor das Laranjeiras, em 2014, fez temporada razoável, mas que foi marcada por eliminações vexatórias e goleadas para times pequenos. Bom, o torcedor pensou, ele deve seguir em 2015, pois é conhecido de todos, que o Peter pretende implantar “longos trabalhos” no Fluminense, era o que ele dizia. Eis que então, em pleno Campeonato Carioca de 2015, Cristóvão foi “limado”, apenas uma semana depois do Peter garantir a permanência do treinador.

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Chegamos ao ápice veio após a demissão do Cristóvão, que por si só, constitui um erro, uma vez que, se não acreditassem no treinador, deveriam ter mudado o comando antes da disputa do Carioca, para que o novo treinador pudesse começar do zero.

Todos imaginavam um cara grande para o comando, cascudo. Mas, em um momento quase que, de insanidade, escolheram o técnico Ricardo Drubscky. Profissional que vinha de três demissões, com currículo duvidoso. Mas a diretoria(Fernando Simone) bateu no peito e garantiu o nome. O torcedor pensou: “Bom, talvez o cara não seja ruim, só não teve oportunidades, a longo prazo pode dar certo”.

O Drubscky teve um bom começo, vinha conquistando uma parte da torcida. Conseguiu classificar o Fluminense para a semifinal do Carioca e, por muito pouco, não chegou à final. Mesmo com a eliminação, o torcedor relevou um pouco, afinal de contas, somavam-se apenas 20 dias de trabalho do treinador. Começamos bem o Brasileiro, vencemos o Joinville, com dificuldades, é verdade, mas com amplo domínio. Então, perdemos para o Atlético Mineiro, fomos goleados, num verdadeiro vexame. Eu esperava a derrota, não estava animado e temia por ser um Galo em alta performance, com um treinador adaptado, contra um Fluminense inferior tecnicamente e, em início de trabalho. Foi ruim, desastroso, mas eu confiava na reação contra o Corinthians.

No começo da semana, surgiu o boato de que conselheiros estavam fazendo pressão pela saída do Ricardo, aquilo me soou preocupante. Temos um histórico com a atual diretoria, que costuma ceder às “pressões” dos conselheiros. Confesso que no fundo, torcia para ser mentira, que não passassem de boatos. Mas, para meu espanto, e desgosto, o Drubscky foi demitido na última quarta-feira(20).

Me chocou profundamente, o descaso dessa diretoria com o planejamento do futebol do clube. O desrespeito com um profissional sério, como é o Drubscky, um cara que passou uma boa impressão, quanto ao seu caráter, deixa o torcedor envergonhado. Será mesmo que o Drubscky merecia ter sido retirado do ostracismo após a demissão do Vitória? Ele merecia estar sendo demitido do Fluminense após menos de 2 meses, sem conseguir mostrar o seu trabalho? Eu não titubeio ao responder. Não, ele não merecia isso. O que essa diretoria fez, foi algo que incompetentes e amadores fazem.

Se o Drubscky não servia para o Fluminense, porque foi contratado? Se foi contratado, que deixassem o homem trabalhar. Nenhum treinador do mundo é capaz de mostrar resultados dentro de período tão curto. Dizem que o Drubscky não passa de um escritor, mas em seu livro ele fala que, em menos de 6 meses, não é possível implantar de forma satisfatória um trabalho à frente de uma equipe. E não é mesmo. Qualquer pessoa, com o mínimo do conhecimento de futebol sabe disso. Que tremenda sacanagem fizeram com este profissional do futebol, que não é nenhum garoto, é alguém que tem que zelar pelo seu nome como treinador.

Como torcedor do Fluminense, peço desculpas ao Drubscky, isso não cabe a mim, mas faço, pois como torcedor, fico constrangido. Nosso clube está na boca da imprensa, “o clube que mais troca treinadores fez mais uma vítima”. Hoje, o Fluminense é um exemplo de clube desorganizado, com péssimos dirigentes.

Pra fechar com chave de ouro, acertaram a contratação do Enderson Moreira. O “Aprendiz” do Drubscky, recém demitido de Santos e Atlético Paranaense, onde fez péssimas campanhas e deixou os clubes com péssima reputação. Ou seja, se troca seis por meia dúzia. Se os dirigentes tricolores tem convicção do nome? Que se deixe o Enderson trabalhar. Mas histórico fala por sí, as projeções não são boas.

Eu fico feliz em escrever esse texto? Evidente que não. Nunca bati na atual diretoria, por acreditar que as coisas pudessem melhorar no Fluminense. Mas estão todos perdidos e sem rumo, não sabem mais o que fazer. E, eu como tricolor, não sei o que fazer, só me resta colocar minha opinião, para expor minha insatisfação diante da péssima direção do Fluminense Football Club.

Por Leandro Alves / Créditos nas imagens: Nelson Perez / FFC