As cambalhotas de Hans Christian Andersen no túmulo




Foto: Vinicius Toledo / Explosão Tricolor



As cambalhotas de Hans Christian Andersen no túmulo

Buenas, tricolada! Aos desconhecedores da história, o dinamarquês Hans Christian Andersen é o autor da obra “O Patinho Feio”. O bichinho viraria um belo cisne, depois de ser vítima das chacotas de todo o “galinheiro”!
Caramba, esse camarada deve rebolar na sua tumba pelo fato de um determinado clube brasileiro ter assumido a alcunha de sua famosa e simpática ave, e não ter a mínima possibilidade de transformar-se no pomposo cisne de sua fábula!
Exatamente! Estes dois primeiros parágrafos apontam o Fluminense Football Club como o Patinho Feio do futebol mundial. Pra mim isto é claro como o sol de 40 graus do verão carioca! Ratificando, é notória a diferença: o sistema jamais nos permitirá a referida transformação em cisne! E aí eu incluo FIFA, UEFA, CONMEBOL, CBF, FERJ, FPF, associação de peladeiros do Aterro do Flamengo, mídia, clubes rivais, torcidas adversárias, opinião pública, Associação de Top Models, atores de filmes pornôs, moradores de rua, Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Saci Pererê e Os Vingadores!
Porra, não é possível que a nossa defesa institucional esteja tão cagada de urubu velho, tão distante da realidade fedorenta e clara que nos é apresentada em cada jogo do Flu! Abad e seus cupinchas devem estar em Nárnia, Lillyput, Marte ou Asgard! Sim, porque chutando baldes e dando porradas nas mesas em nosso favor seguramente eles não estão. E isto há quase 10 anos!
O Fluminense é subtraído em campo sistematicamente desde aquela merda de champagne estourado pelo Álvaro Barcellos comemorando uma virada de mesa! Nego não conhece a missa metade! Ficam imputando culpas, responsabilidades e vilania ao Flu sem base histórica, sem conhecimento, sem consultas prévias. Saco cheio desse troço!
Aparecem para apontar dedos os Flávio Prados da imprensa sem quaisquer reprimendas dos nossos mandatários! Porrada nesses caras! Cadê? Processos! Aonde andam? “Macheza”! Difícil de encontrar! Lógico, são todos artigos em falta nas prateleiras do Laranjal!
Não pretendo me estender ao passado para exemplificar tais fatos, mas apenas me ater aos jogos deste Brasileirão! Contra o Goiás, gol de Everaldo! E tome VAR! E tome gol mal anulado! Nesta mesma primeira rodada, finalzinho de jogo, falta inexistente no atacante esmeraldino, e gol dos goianos! Contra o Santos, lá na Vila, mão clara do zagueiro dos caras dentro da área! Pois é, o VAR foi tomar um cafezinho neste instante! Na peleja deste finde, diante do Baêa, braço do Gilberto! E tome VAR! E tome pênalti contra a gente! “Defesaça de Agenor”, grita o narrador baiano! Xi, tome VAR novamente! O cara se adiantou! Volta o pênalti e segundo cartão amarelo pro nosso goleiro! E a falta no Pedro, no nosso ataque, que antecedeu este lance? PQP, difícil demais, galera!
OK, não pretendo aqui discutir a valia da arbitragem de vídeo. Em teoria, ela tornará os lances mais justos, mais próximos dos fatos verdadeiros. Mas, porra, os fatos estão sempre contra o Tricolor Carioca? Não é possível! E outra: ficou chato pra cacete comemorar ou lamentar em prestações! Goooool! Ih, o VAR anulou! Pênalti a nosso favor! Que nada, o vídeo desmente! Pênalti contra! Ah, não foi nem falta! A telinha maldita nos contradiz!
No meu conceito, o Gilberto abriu a asa mesmo no lance da marcação do pênalti contra o Fluzão. O Agenor se adiantou, sim, na defesa da primeira penalidade. Beleza, mas e os critérios? Quantas asas são abertas dentro da área nos confrontos de bola deste Brasil continental e não são consignadas as penalidades? Quantos goleiros se adiantam para defender tais penais e o VAR não se pronuncia? Quero ver esses mesmíssimos árbitros de vídeo e de campo lá de Salvador apontarem irregularidades similares nos próximos duelos! Mas é o papo do Patinho Feio, né?
Entretanto, pelo que me consta, o VAR somente pode ser acionado, ou interferir, em quatro casos distintos: gols, marcações de pênaltis, erros de identificação de jogadores punidos com cartões e em casos de cartões vermelhos. Goleiro se adiantar em cobranças de penalidades, pra mim, foi invencionice desses camaradas que estão sempre ávidos pra ferrar o Flu! E conseguem, essa é a merda!
Quanto ao jogo, o Fluminense não é uniforme em suas atuações. Faz apresentações espetaculares intercaladas por performances medianas. O Bahia foi mais efetivo, mais cirúrgico, e o nosso time não teve uma atuação à altura de suas credenciais recentes. Ah, e mais uma vez entregamos o pepino de mão beijada! Falhas individuais decretaram a nossa derrota!
Falta ao nosso time uma sequência vitoriosa, que traga definitivamente a torcida para os estádios. De nada adianta meter quatro ou cinco pipocos em Grêmio, Cruzeiro e Atlético Nacional e perder pra Goiás – em casa, Botafogo e Bahia, sabidamente equipes de menor qualidade! Cobrei outro dia aqui mesmo no Explosão a maior presença de público no Maraca! Que moral eu teria para manter tais cobranças? O Fluminense lembra um iô-iô, um vagalume em noite de apagão! Difícil assim!
A princípio, gostei da escalação inicial do Fernando Diniz. Pensei eu: o time ficará mais leve e rápido com Léo Artur no meio e o ataque com os Pedros e o gringo. Na prática foi um desastre!
Pra começo de conversa, ele escalou o Léo de ponta esquerda e o Jotapê de homem de criação, fazendo as vezes do Luciano e indo buscar a bola na nossa intermediária, eventualmente. O time não andou. Na minha maneira de enxergar, o Léo deveria ser centralizado, o Pedro e o João mais fixos (com muita movimentação de ambos) na frente e o Yony flutuando pelos lados. Esta fórmula foi a que acreditei, quando vi o onze principal. Fazer o que?
Setores espaçados, distância quilométrica entre as três linhas, contra-ataques sofridos com frequência, erros de passes pouco comuns e equívocos imperdoáveis de Agenor e um pouquinho do Gilberto, no meu entendimento. A tônica do confronto.
Agenor esteve inseguro com os pés desde o início. É muito simples: quando percebemos a nossa própria falta de confiança, partimos para outro plano de vida. No futebol não é diferente: a bola queimou no pé, o campo estava pesado e esburacado, e o adversário pressionou? Bicão e ponto! Depois debata com o treinador, que não admite este tipo de artifício. E mostre que é melhor ceder um lateral ou uma bola para o meio-campo do time adversário do que doar generosamente um tento!
A defesa não esteve tão segura como anteriormente, e até o bom Nino e o ótimo Ferraz andaram pisando no tomate! Gilberto e Caio Henrique foram mais peladeiros do que laterais!
Na meiúca, que falta faz o excelente Allan! O pobre do Yuri, em quem confio e credito as melhores precedências, esteve perdido e afoito, além de demonstrar visível falta de ritmo e desentrosamento. Talvez fosse melhor, já depois do intervalo, o Diniz ter voltado com o Mascarenhas em seu lugar, com o Caio Henrique passando para a sua verdadeira posição, de volante!
O Daniel até que tentou algo diferente, mas o Léo Artur esteve perdidinho! Barata tonta, mesmo! A entrada do PH Ganso deu mais qualidade e infiltração ao nosso ataque, tanto assim que ele e o Daniel, a meu ver, foram os mais regulares do setor.
No ataque, o Speed correu demais, como sempre, além de ter sofrido a penalidade máxima. O Pedro teve presença de área e guardou o seu golzinho, de pênalti. E o Jotapê jogou fora de suas características. Tanto assim que alucinou a zaga baiana e fez o seu gol quando passou a centroavante, com a expulsão do Agenor e a consequente saída do Pedro para a entrada do Rodolfo.
O Marcos Paulo deveria ter mais chances de começar uma partida. Ele deu mais movimentação à equipe no segundo tempo, tentou mais as jogadas individuais pela esquerda, mas esbarrou no forte sistema defensivo do time nordestino.
No final das contas, a derrota de 3×2 para o Bahia não foi tão feia quanto o patinho que dá título a esta coluna. Fomos mais uma vez massacrados pelos erros – ou a má vontade – da arbitragem, atuamos com uma a menos desde a metade da segunda etapa, mas não desistimos de atacar, de pressionar, e até acuamos os baianos, que se assustaram. Dos males o menor. Contudo, não podemos mais desperdiçar pontos bobos, que nos farão falta ali adiante. O Bahia é um adversário difícil dentro da Arena Fonte Nova? Claro! Mas o Grêmio lá na sua casa por acaso é fácil de ser batido? E com três a zero a favor? O Atlético Nacional e o Cruzeiro são babas? Não, né?
Mas não adianta chorar pelo leite derramado. Bola pra frente porque os próximos duelos também exigirão muito da equipe e dos bons fluidos dos torcedores. Simbora que o Tricolor é maior do que Abad e Flusócio, do que o VAR e os péssimos árbitros de campo, e do que todos os “inimigos” que vibram com a nossa eventual sarjeta! Dette er Fluminense – Isso aqui é Fluminense, em dinamarquês!
Saudações eternamente tricolores!
Ricardo Timon