Bastidores do Fluminense




Mesmo chovendo, fiz a minha parte como representante do Explosão Tricolor e, principalmente, sócio do Fluminense. Marquei presença no protesto organizado por um grupo de torcedores e acompanhei a reunião no Conselho Deliberativo. 

Pela revolta da torcida nas redes sociais, imaginei que o protesto fecharia a Rua Álvaro Chaves. Muita pretensão minha? Não, foi apenas ingenuidade mesmo. Pobre Fluminense! Está abandonado até pelo seu maior patrimônio: o torcedor tricolor. Cerca de 70 guerreiros e guerreiras marcaram presença na porta do clube com faixas, cantos e muitas cobranças. Sem qualquer sinal de violência, o protesto foi totalmente legítimo. Há quem ache que havia algo político por trás do movimento, mas confesso que não consegui identificar nenhum torcedor ligado a algum grupo.

A torcida tricolor precisa definir o que ela quer da sua vida em relação ao Fluminense. Não adianta ficar de “mimimi” em redes sociais durante 24 horas diárias e não ser sócio do clube. O torcedor tem que participar da vida do clube, procurar saber tudo que rola no cenário administrativo, político, etc… 

Assim como no nosso país, por mais que você queira se manter longe da política, ela influencia constantemente a vida do Fluminense. Todas as ações e decisões dos que comandam o clube são permeadas por desejos políticos. Já passou da hora do torcedor tricolor dar um chute no analfabetismo político para entrar de corpo e alma no Fluminense, caso contrário, ficaremos sentados no banco da Praça da Rua da Amargura assistindo a banda passar. De qualquer forma, parabéns aos torcedores que compareceram, mas fica a dica: se a torcida não mudar a sua postura, o Fluminense jamais mudará.    

Após realizar a cobertura do protesto, que foi transmitido ao vivo pelo Explosão Tricolor, fui acompanhar a reunião do Conselho Deliberativo. Diogo Bueno, vice-presidente de Finanças, apresentou todo o cenário financeiro do Fluminense. Para ser bem direto, o clube está com uma dívida total de R$ 440 milhões. O dirigente ainda comentou que a intenção a médio prazo é a de que o clube alcance uma receita anual de R$ 330 milhões para torná-lo viável, entretanto, não foi divulgado como o Fluminense trabalhará para atingir essa meta, lembrando que a receita de 2017  foi de R$ 185 milhões (há previsão de aumento até o final do ano). 

Outro ponto que merece ser destacado é que, segundo o Diogo Bueno, a dívida fiscal, que beira a casa dos R$ 221 milhões, está equacionada. O vice de Finanças ainda exaltou o esforço do presidente Pedro Abad em querer colocar as contas em dia e que isso tem sido um trabalho de construção bastante árduo.

Alguns conselheiros também discursaram na reunião. Além dos pedidos de mudanças na gestão de futebol, outro ponto merece ser destacado: o inchaço em alguns departamentos administrativos do clube. Segundo o conselheiro Antonio Gonzalez, o clube ainda necessita realizar alguns cortes no quadro de funcionários. Além disso, algumas remunerações estariam fora da realidade financeira do Fluminense. A reivindicação do conselheiro não deixa de ser surpreendente, já que foi realizado um processo de auditoria interna através da renomada Ernest & Young. Fica a pergunta: será que a gestão realmente não está seguindo à risca a direção apontada pela consultoria? Parece que não…

O presidente Pedro Abad respondeu a alguns questionamentos referentes ao futebol. Segundo o mandatário tricolor, a grande dificuldade do clube é a de ser obrigado a honrar todos os contratos vigentes sem praticamente dar brecha para a realização de qualquer investimento. Abad ainda destacou o trabalho de realocação de jogadores em outros clubes para aliviar a folha salarial tricolor, que deve girar na faixa de R$ 4 a 4,5 milhões mensais na próxima temporada. Segundo nossas apurações nos bastidores, alguns jogadores não terão seus contratos renovados. Com vencimento mensal de R$ 230 mil, Pierre não faz parte do planos do clube para a próxima temporada. Ainda de acordo com as nossas apurações, há possibilidade do clube negociar algumas rescisões. O presidente ainda lamentou a quantidade de lesões e cirurgias ao longo da temporada e também lembrou do problema familiar do treinador Abel Braga.  

Pelos corredores do clube, questionei alguns membros da Flusócio sobre a situação calamitosa das Finanças do clube. Todos eles afirmaram categoricamente que foram pegos de surpresa. Dá para acreditar? Com toda sinceridade, não. No início de 2016, o MR21, que era oposição política, mas que hoje faz parte da situação, divulgou um áudio do presidente Pedro Abad, que na época era presidente do Conselho Fiscal da gestão Peter Siemsen. Naquela gravação, o atual mandatário afirmou que Peter não cumpriu o planejamento para o começo do ano passado e que teria travado a venda do zagueiro Gum, algo que permitiria ao clube fazer caixa. Além disso, Abad criticou Peter por ter adiantado o pagamento das dívidas com Walter e Martinuccio, previstas para serem quitadas em dois anos. Como contra fatos não há argumentos, digo com total convicção que a Flusócio foi omissa. A atitude correta seria a de não compactuar com nada disso, mas permaneceram calados, aceitaram apoio político do Peter Siemsen na última eleição presidencial com o discurso de que as dívidas estavam equacionadas e ainda aprovaram as contas que eles mesmos criticaram. O final dessa história vocês já sabem como terminou…   

Com toda sinceridade, espero que o presidente Pedro Abad encontre uma forma de voltar a fazer o futebol do Fluminense a ficar competitivo novamente. Ele foi eleito para isso. A torcida não aguenta mais tantas humilhações. Chega!

No restante, vamos aguardar. O discurso do Diogo Bueno foi bem pés no chão, sinalizou que há um trabalho sério sendo realizado, mas sejamos bem francos: sem um futebol decente, o Fluminense continuará dando milhões de voltas no círculo…  

Saudações Tricolores!

Vinicius Toledo  



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