Cadê o respeito?




O Explosão Tricolor criou o espaço “Explode Torcedor” para que os leitores tenham a oportunidade de publicar os seus textos no nosso site. Nesta segunda-feira, o leitor Ricardo Timon desabafou sobre a falta de respeito com o Fluminense demonstrada nos últimos dias. Confira a íntegra do texto:

Buenas, tricolada!

Jamais pensei, no alto dos meus 55 anos, que veria alguém recusar-se a vestir uma das camisas mais bonitas do futebol mundial, a do Fluminense Football Club! Contudo, se sua única referência fosse somente a beleza, talvez eu perdoasse, compreendesse, enfim, eu aliviasse a barra dos incautos que a desprezaram, mas, aliada à harmonia de cores, ao design e ao prazer de contemplá-la, há ainda uma história centenária, repleta de glórias, vanguardismos, títulos e hereditariedade de amores!

E não é que dois jogadores do Palmeiras deram de ombros a toda essa grandiosidade do Tricolor? Uma pergunta fica no ar: quem são Michel Bastos e Roger Guedes? Atletas regulares, quase bons, mas nem de perto comparados às unhas dos mindinhos dos pés de Castilho, Telê, Valdo, Samarone, Afonsinho, Flávio, Roberto Rivellino, Paulo César Caju, Félix, Marco Antônio, Marinho Chagas, Carlos Alberto Torres, Romerito, Assis, Deley, Branco, Ricardo Gomes, Deco, os Thiagos – Silva e Neves, Conca, Fred, e tantos outros ícones do mundo da bola, alguns nem tão virtuosos, que honraram o nosso manto, fizeram valer cada gota de suor que derramaram nos campos e cada grito de incentivo enlouquecido da galera tricolor pelos quatro cantos do planeta! Ah, e muito menos comparados à trajetória de mais de 100 anos da instituição Fluminense! Esses cabras têm que entender o seguinte: o Flu é eterno, e eles, meros mortais preconceituosos – ou desinformados… talvez nem sejam lembrados ali adiante pelos torcedores do próprio clube a que defendem hoje! Numa boa, mesmo que eles se retratem, voltem atrás e aceitem negociar com a gente, seus nomes já estão marcados negativamente nos alfarrábios tricolores!

Mesmo revoltado com as páginas esportivas recentes com relação ao nosso futuro, ainda assim, a meu ver, alguns detalhes devem ser avaliados diante dessa falta de respeito que todos os setores do futebol demonstram com o nosso Tricolor.

Em primeiro, a própria corrente política que assumiu o clube há sete longos anos tratou de apequená-lo, essencialmente nos últimos três! Oras, fica claro que os curiosos e aqueles que observam de fora tendem a concordar com essa pequenez, e as consequências percebemos claramente neste 2017: todo mundo bateu à nossa porta, tentando contratar jogadores como se estivessem em xepas escolhendo cenoura, alface e tomate… Não seria pra menos, já que a diretoria viralizou a notícia de que estávamos falidos, né? O Flu tornou-se fornecedor de mão de obra boa e barata! E tem mais: o nosso inoperante líder, Pedro Abad, teve a pachora de ir à mídia propagar sandices, do tipo, “não entramos no Z4 uma única vez neste Brasileirão”, ou “somos um clube vendedor”. Caramba, todos os clubes tupiniquins são vendedores, sabemos, porque têm que fechar a conta ao fim de cada ano fiscal, ante a nossa economia instável, mas alguém já ouviu ou leu dirigentes dos demais gigantes da bola apregoando essa asneira? Como cobrar respeito alheio se ele anda em falta na própria base diretiva do Laranjal? Entretanto, por conta dessa miudeza a que fomos relegados (os jogadores querem atuar em equipes que lhes deem condição de vencer), além dos sucessivos atrasos de salários e a suposta violência endêmica no Rio, será mesmo que os caras não têm um pinguinho de razão? Para refletir.

Em segundo, a imprensa especializada mostra-se cada vez mais especializada… Em espezinhar o Fluminense! Há inúmeros falsos profetas, ditos jornalistas, mensageiros da desgraça, que via de regra vão aos seus veículos detonar o Fluzão! Afeitos a falácias, mentiras, desinformações, empáfias, preconceitos, munidos dos mais baixos artefatos de escárnio público e de crucificação, esses camaradas sequer lavam suas bocas imundas para pronunciar o nosso nome histórico, sempre fazendo inferências maledicentes, debochadas, agressivas e munidas das mais vis contradições dos fatos, o que mobiliza a opinião pública contra uma entidade séria e que move milhões de apaixonados! Vide o tal Flávio Prado, que volta e meia bosteja em seus textos e nas opiniões faladas na rádio em que trabalha. Alguém tem que parar esse pusilânime (de preferência, legalmente), pois ele não pode mais deteriorar a nossa imagem com inverdades e falsos contextos. O respeito da mídia pelo enorme Fluminense tem que voltar a prevalecer, e a diretoria tricolor tem a obrigação de tomar a dianteira nessa empreitada, seja fazendo campanhas institucionais que enalteçam a nossa marca, que derrubem a alcunha mentirosa a nós creditada, ou mesmo entrando novamente com ações contra os idiotas que abrirem seus bicos para nos denegrir. Em suma, como obter respeito se os poderosos, que movem massas, entram nas casas de zilhões de pessoas com suas informações tendenciosas? Simples: combatendo as conversas fiadas com fatos, com verdades… Não há Flávio Prado que resista ao real significado da história! Entretanto, enquanto isso, jogador de futebol vai lendo, ouvindo ou assistindo aos comentários desse tipo de profissional… aí, já viram, né? Respeitar como?

Em terceiro, desrespeito transferiu-se pros vestiários, creiam! Os (novos) líderes do elenco, uns 6, ao todo, pressionaram a diretoria e ameaçaram ir à imprensa revelar o “merdelê” em que o clube se encontra! De antemão, é direito inalienável do trabalhador receber o que é seu, pelo amor de Deus, não estou aqui defendendo atraso de salários, porque isso acaba com a imagem do clube e faz com que a dignidade do próprio funcionário seja afetada, mas alguém ouviu algum rumor sobre a interferência dos antigos nesta contenda? Diego Cavalieri e Gum, com tempo de casa, apreço e carinho pelo clube, mantiveram-se em seus cantos. Preferiram dar mais algum crédito à diretoria e, essencialmente, ao Abelão, que está segurando as pontas praticamente sozinho nessa porradaria! A partir do momento em que há insurgência dentro de uma nau, o motim é questão de tempo, e a tendência é a embarcação afundar ou ser tomada por novos capitães! Como algum jogador de fora pode respeitar um clube como o Flu, que vive às turras com seu próprio patrimônio – os atletas a que detém os direitos?

Portanto, tricolores, Michel Bastos e Roger Guedes não têm moral ou estopo para menosprezar a grandeza do Flu por conta de quaisquer senões, mas, se buscarmos na nossa memória mais recente, eles não foram os primeiros a nos rejeitar… Há duas temporadas, o René Júnior disse não ao Peter Siemsem e fechou com a Ponte Preta, Diego Souza saiu de Álvaro Chaves pro Sport, Matheus Salles preferiu o Bahia, e há dois dias, o tal de Raul Prata também optou por continuar Sport. Pois é, assim caminhamos a passos largos para nos tornarmos ainda menores! Algo tem de ser feito urgentemente, porque, ao que parece, há podridão no Reino das Laranjeiras!

Saudações eternamente tricolores!!!!

Ricardo Timon

Foto: Vinicius Toledo / Explosão Tricolor



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