E o futebol parou para chorar…




Amigos Tricolores,

Que dia!

Acordei e dei aquela primeira geral no wathsaap, e parecia que eu ainda dormia, num terrível pesadelo…

Como assim? Vários contatos e grupos tricolores anunciavam a queda de um avião, com todo o time da Chapecoense…

Não, não podia ser.

Abri os links de matérias e estava lá. A queda do avião, com pouquíssimos sobreviventes. O time inteiro, comissão técnica, presidente, jornalistas, tripulação.

Liguei a TV e fui vendo que não era um pesadelo. As notícias já horrorizavam a telinha.

Notícias desencontradas de possíveis sobreviventes, e a esperança de que muitos poderiam se salvar. Com o tempo, fui percebendo que não eram tantos assim. E os possíveis sobreviventes estariam em estado muito grave.

Saldo final: setenta e uma pessoas mortas, apenas 6 sobreviventes, alguns com sérias sequelas.

As causas do acidente? Parece que foi pane seca, fim de combustível de um avião que mal tinha autonomia para o trajeto, ou seja, não permitia contratempos. E o temporal e dificuldade de aterrissagem no aeroporto de Medellin, com quatro aviões aguardando sua vez de descer, foi fatal para o avião.

Muita tristeza e comoção no país. Uma tragédia inédita entre times brasileiros e que poucas vezes ocorrera com times de futebol na história da aviação. No século passado acidentes dizimaram o Torino, da Itália (1949), o Manchester United, da Inglaterra (1958), e o Alianza, do Peru (1987).

A decisão da Copa Sul-Americana, que seria em dois jogos, com o primeiro hoje, entre Nacional de Medellin e Chapecoense, obviamente foi cancelada. O Nacional tomou uma atitude muito bonita, pedindo que a Chape fosse declarada a campeã.

O Campeonato Brasileiro teve rodada suspensa no próximo fim de semana, adiada para o dia 11, provocando adiamento de férias para todos os jogadores.

Na verdade nada disso mais importa. A hora é de muita solidariedade, conforto às famílias e à torcida, para minimizar o sofrimento de tantos que choram numa cidade de pouco mais de 200 mil habitantes, que cultuava seus jogadores no Estádio Arena Índio Condá.

O que seria o jogo mais importante da história do clube se transformou de uma hora para outra numa grande tragédia.

À tarde, notícias de solidariedade. Treinos suspensos. Orações. Vários clubes se ofereceram para ceder jogadores e o que fosse possível na reconstrução da equipe. Sugeriram emprestar jogadores sem custo, e pedem à CBF que a Chape fique imune ao rebaixamento nos próximos três anos. Muito justo.

Nessa hora o esporte dá exemplos, num mundo em que tanta intolerância e violência imperam, e que tanta corrupção e roubalheira se esparramam pelos noticiários do país.

O mesmo esporte que é vítima de roubos covardes em construções e reconstruções de estádios suntuosos, com a ganância de governantes desonestos que superfaturam obras sem dó nem piedade, sem nem mesmo se importar que cada centavo superfaturado ajude a ceifar vidas, diminuindo verbas de saúde, educação, programas sociais, restaurantes populares…

Locupletam-se, jantam em Paris, compram joias, helicópteros, lanchas, riem do povo… Governam para enriquecer, recebem propinas em dinheiro vivo onde nem sabem como gastar ou guardar… Matam! Enojam a raça humana. Cadeia para eles é pouco!

Dentre os jornalistas mortos no acidente conheci o Paulo Julio Clement, tricolor, com quem escrevi num estágio no início de minha carreira, na Revista Tempo Esporte. Depois o vi algumas vezes nas Laranjeiras, cobrindo o Fluminense, acho que para o jornal O Globo.

Também se foi o Mário Sergio, hoje jornalista, mas no passado um craque de bola, criado no futebol de salão das Laranjeiras, e depois disputando 44 jogos com a camisa tricolor, sendo Campeão Carioca em 1975, na Máquina Tricolor. Um jogador técnico, meio-campo inteligente, que esbanjava categoria.

Do elenco atual de 22 jogadores, onde apenas três sobreviveram, Lucas Gomes foi uma das vítimas, ele que jogou no Fluminense no ano passado, com 30 partidas e 2 gols. Não teve muito sucesso nas Laranjeiras, mas encontrou seu espaço na Chape.

Escapou por ter feito recentemente uma artroscopia o argentino Martinuccio, ele que se recuperava da lesão e não foi relacionado para a viagem fatal. Foi a contusão que o salvou.  Jogou apenas 15 jogos pelo Fluminense, e já deu entrevistas ontem dizendo que pretende fazer parte da reconstrução da equipe catarinense. Ele e mais uns quatro ou cinco jogadores que estavam no departamento médico são o que sobrou de todo um grupo profissional.

Tudo muito triste! Comoção nacional e até mundial. O Estádio Arena Condá foi tomado pelos torcedores ontem, todos enlutados e muito tristes com o trágico acontecimento.

Hoje não falamos do jogo, da disputa, das eleições, das falhas da defesa, da crise técnica do time, das possíveis contratações…

Hoje o jogo da bola não tem importância nenhuma…

Hoje a solidariedade tem que falar mais alto!

Força, CHAPE!!!  Reerga-se!

Porque O IMPORTANTE É O SEGUINTE: HOJE SOMOS TODOS CHAPECOENSE!!!

Por PAULONENSE / Explosão Tricolor

lucas-gomes-flu
Lucas Gomes jogou pelo Fluminense no ano passado e foi uma das vítimas do acidente de ontem.