Em boa hora




Miguel (LUCAS MERÇON/ FLUMINENSE F.C.)

Buenas, tricolada! Perdemos a primeira no Cariocão! Para o poderoso Boavista! Um a zero! Oras, mas não dizem que os Campeonatos Estaduais não servem de parâmetros? Realmente, não! Uma hora dessas deixaríamos de bobeira três pontos “irrecuperáveis”, questão de tempo. Mas perder para uma equipe que tem como destaques o Elivélton e o Fernado Bob, ídolos do Abelão, Wellington Silva, Lula Lelé, e Tartá, que não jogou porra alguma por onde passou, a não ser na nossa base, valha-me Deus!

O pior – ou melhor – é que comemoramos a porradinha nos Molambos, na última quarta-feira. Dia de muito, véspera de pouco!

Pois é, mas a derrota ocorreu num momento quase propício. Perder é uma merda, mas enxergo que seja melhor dançar samba agora do que salsa na Sula, por exemplo, contra os chilenos, na terça-feira próxima.

Contudo, algumas recorrências nos últimos confrontos, ainda que estejamos num começo de temporada e num viés de alta, nos fazem pensar mais seriamente.

Boa hora para o Gilberto decidir se quer jogar bola, de fato, ou virar auxiliar técnico. Ele dá demonstrações de recuperação em diversas estocadas, mas em jogadas consequentes caga o pau como se fosse um principiante.

Boa hora pro Matheus Ferraz não ser mais poupado, daqui para adiante. Ele errou saídas de bolas incomuns e não esteve tão perfeito quanto nas outras ocasiões. Ritmo de jogo é fundamental para o nosso Maldini.

Boa hora para o Odair definir, de uma vez por todas, o espaço que o Digão deve ocupar no elenco: o banco de reservas! Mesmo ele salvando algumas jogadas, e até um gol feito dos malandros, não pode ser tratado como dono da posição. O cara não passa tranquilidade a ninguém, e até Gandhi e Madre Teresa teriam taquicardias com as suas atuações. Rodízio? Tudo certo, mas deem chances ao Luan, apenas como referência!

Boa hora de Orinho não ser mais relacionado! Aliás, vejo-me insistentemente questionando diversas decisões do poder tricolor. Caceta, por que emprestar o Mascarenhas, com o preço do passe fixado, e aproveitar o ex-atleta da Ponte Preta? Numa boa, não sou fã do futebol do nosso moleque das divisões de acesso, mas ele é mais jogador do que o atual reserva imediato do Egídio.

Boa hora de entendermos que o Yuri, ainda que realize umas poucas boas atuações, é jogador de elenco, e não um causador de dúvidas na cabeça do Hellmann!

Boa hora de valorizarmos o Hudson, diferentemente dos torcedores do São Paulo. Ele foi um dos poucos (talvez o único) que se destacaram no caos que foi a atuação do Flu neste sábado, às 19h, num Maraca às moscas, contra a equipe da simpática Saquarema!

Boa hora de entendermos que o Miguel é um menino de 16 anos, e, portanto, vai oscilar. Espero que o garoto não tenha calçado um scarpin 7,5cm para entrar em campo, no lugar de suas chuteiras… Sim, porque ele desfilou numa passarela, e não atuou com o vigor de um adolescente que pretende alcançar a idade adulta – e vencer na vida. Sou um entusiasta do menino, e o seu descaso nas quatro linhas diante do limitado Boavista serviu também para me trazer de volta ao Planeta Terra! Entretanto, sem essa de crucificarmos a joia! Tempo ao tempo, galera!

Boa hora de colocar o Michel Araujo em campo, mesmo. Ele tem que se acostumar com as pressões que o futebol brasileiro impõe, muito embora os duelos de menor valia talvez não designem essa propriedade. Mas isso dá cancha! Isso dá experiência! Isso faz parte da aclimatação ao novo país, à nova língua, aos novos costumes, ao novo clube e faz com que ele perceba a grandeza secular que o Fluminense carrega na sua história. Mas o uruguaio errou tudo que tentou… Beleza, aprendizado mais do que necessário neste instante. Segue o jogo!

Boa hora de o Odair entender que o Yago, fazendo papel de volante-meia pela direita, não rende. Ele é mais efetivo como segundo volante, pelo centro do campo. Legal, é importante o treinador testar opções e variar o seu repertório, mas têm casos e equívocos que tornam-se muito claros na insistência, e rever conceitos é bom, humano, demonstra humildade e capacidade de chutar pra fora uma bola fácil para acertar aquela mais difícil e improvável ali adiante. Mas o gauchão tem bastante crédito – ainda.

Contudo, da mesma forma, boa hora de esquecer um pouquinho do Felippe Cardoso. O menino tem dificuldades de botar a redonda no gramado. A pelota queima nas suas canelas! OK! OK! Ele até deu uns razoáveis passes neste sábado, mas não é atleta para figurar no nosso onze titular… Nem mesmo no falido Carioquinha! Nem mesmo contra o Boavista! O Matheus Pato deveria ter mais chances como camisa 9. Não tenho dúvidas de que ele renderia melhor na função… Mas não sou técnico, né!? Será que o moleque fez alguma cagada lá no Laranjal?

Má a atuação dos nossos guerreiros. Time sonolento, sem criatividade, péssimo na transição, repetindo as piores mecânicas de jogo dos últimos treinadores, com toques laterais e para trás sem a mínima produtividade, e munido de uma preguiça assustadora. Os nossos meias, Miguel e Capixaba, estiveram abaixo da média. Como render, desta forma?

Em suma, derrota sempre acaba com o meu finde, mas, ratifico, foi melhor chorar agora. Temos diversas competições importantes ali na frente, creio que ainda seremos os primeiros no nosso grupo do Campeonato Carioca, e o entrosamento – além de um time titular definido – virá com o tempo. Bom também para os jogadores não se acharem acima do bem e do mal. Choque de realidade via de regra forja uma boa estrutura. As primeiras vaias, as primeiras cobranças e os primeiros tapas nos córneos seguramente trazem os pés de muitos “astronautas” de um elenco de futebol para o chão firme. É esperar para ver.

Saudações ternamente tricolores!

Rapidíssimas:

– Aquele drible idiota que o Orinho levou do pontinha do Boavista, no gol dos caras, foi surreal. Meu neto mais velho, de sete anos, cortaria a bola. Erros de posicionamento de pés, na avaliação da jogada do atacante adversário e de marcação! Que fase!

– Como é bom ver o Hudson virando jogadas com a facilidade de um meia clássico! O cara inverteu lances, para ambos os lados, como se fosse um camisa 10 de origem. Com quase 100% de acerto. Estou gostando demais das atuações do camisa 25. Tomara eu não me desdizer aqui neste espaço, daqui a alguns jogos.

– Yago, meu filho, não é porque você meteu um gol de categoria, com toquinho sutil, no desanimado Bangu, que todo o lance diante do goleiro inimigo terá que repetir a dose. Aquela bola que o Felippe Cardoso deixou-lhe na cara do guarda-metas do Boavista era para ser fuzilada pras redes. Nada de totozinhos, mermão!

– Odair, um puxãozinho de orelhas no Miguelzinho não lhe fará mal. Aliás, será muito benéfico. O moleque é fera, aposto as minhas fichas na sua evolução, mas já vimos muitos jovens promissores se perderem pelo caminho por causa da marra! Abre o olho, garoto! Abre o olho, Odair!

Ricardo Timon