Entrevista com o Fred




Ontem a noite, o atacante Fred concedeu entrevista à Rádio Globo e comentou sobre vários assuntos. Confira abaixo, a entrevista do ídolo tricolor:

Situação do Vasco lembra o Flu de 2009?

Fred: Bem parecida (com a situação do Flu em 2009). A situação geralmente é igual. O time nessa situação de brigar lá embaixo e faz uma força enorme para sair. Quando você ganha, seus adversários ganham. Você vem numa sequência de três resultados bons, aí perde uma e volta. Vi os melhores momentos e foi bem complicado. Dos quatro que brigam para não cair, a situação do Vasco é a mais difícil. Lembra muito nossa situação. Fizemos um campeonato muito ruim. Eles têm uma sequência boa, o que dificulta é que antes dessa sequência foi muito ruim.

Entrega de jogos para prejudicar o Vasco

Fred: Quem está acostumado a ganhar, quem tem caráter, com certeza não vai entrar para entregar um jogo. É nossa honra. Nós, que representamos milhões de torcedores, a camisa do Fluminense, não vamos entrar para beneficiar alguém. Esquecemos os nosso problemas em campo… Ontem o Corinthians aplicou 6 a 1 no São Paulo com o time reserva e antes do jogo vários críticos diziam que não podia dar férias, que pode prejudicar e vai facilitar pro São Paulo…

É reflexo de muita coisa do Brasil de forma geral. Ninguém vê o que está errado em seu próprio clube. Estou dependendo de outro, então se não fizer o que me favorece estão agindo de má fé. Isso existe muito. Ai vem mala branca, mala preta…

Troca de treinadores no Fluminense

Fred: Só existe a troca quando não dá certo na visão de quem comanda o clube. Então os resultados não estão aparecendo. Isso é do Brasil Quando aperta, troca treinador. A gente não tinha constância. Partida lá em cima, partida lá embaixo. Nos momentos mais cruciais, mais decisivos, a gente sempre pecava nos detalhes e isso faz diferença. É do perfil do nosso plantel. Hoje temos quase todos os jogadores chegaram como aposta e muitos, apostas, criados em Xerém. Muitos deram certo. Foi bom pra gente, mas dentro do que estava programado, da expectativa do ano para o nosso time, nosso ano foi bom, analisando de fora para dentro. Mas o que vivi no primeiro turno e terminar assim não foi bom, foi preocupante e eu fico muito triste.

Esquema tático do time sem Fred

Fred: Algumas vezes mudou. Deu certo contra o Vasco, um jogo especial nosso, muito bom. O que eu sinto dentro do nosso vestiário, e eu posso expor, é o perfil de jogador. A gente não tinha. Se tiver errado, deixava. Até tentava, o Gum tentava, mas eles não têm esse perfil de falar muito. A gente tem que discutir lá dentro, o que está dando errado, dando certo. Se baterem o escanteio e alguém subir sozinho, chama atenção, discute. É o jeito do nosso time, que aceitava tanto pro bem quanto pro mal. Faltava alguém para fazer uma gritaria lá.

Botafogo campeão da Série B

Fred: Feliz pela campanha do Botafogo, mais feliz pelo Ricardo Gomes, profissional diferenciado e como ser humano exemplo para muitos. Feliz pelo Jefferson, vemos ele lutando pelo Botafogo, se entregando de corpo e alma. Parabenizar a todos, principalmente os destaques, que para mim foram o Neilton e o Willian Arão.

Barcelona ou Bayern de Munique?

Fred: Prefiro o Barcelona porque tem quatro jogadores impossíveis de marcar, gênios. Iniesta, Suárez, Neymar e Messi.

Neymar no Barcelona

Fred: Neymar sempre foi craque. No Santos, na Seleção e no Barcelona, mas está muito mais coletivo no Barcelona. A evolução do Neymar tá absurda. E a maior estrela é o Messi e é o que joga mais simples e objetivo possível, então não tem como fazer diferente dessa simplicidade. O Neymar evoluiu muito, sempre foi craque, mas no Barça está muito mais coletivo.

Real Madrid x Barcelona

Fred: Ouvi entrevista de jogares, o Marcelo, dizendo que a tática do Real não deu certo. Optaram por pressionar o Barcelona. Num espaço de dois metros, o Barcelona se livra de 20 marcadores. Foi uma tática suicida. Na Copa, contra a Alemanha pensamos: estamos em casa, vamos pra dentro. Não dá. Em campo, nós jogadores tínhamos que ver. A posse de bola é deles, deixa eles jogarem.

Casamento

Fred: Acho até que demorei muito a casar. Minha filha tá adorando. Também tenho um relacionamento muito bom com minha outra esposa. Foi uma galera do Fluminense ao casamento. Os traíras não foram não (risos).

Tite na Seleção?

Fred: Na minha opinião era para ser ele logo depois da Copa, quando criou-se uma discussão entre ele e o Muricy. O Tite taticamente demonstra que evolui demais as equipes dele.

Suposto interesso do Fenerbahçe

Fred: Estou muito bem no Fluminense. Meus planos são de permanecer aqui para sempre.

Reforços para 2016

Fred: Precisamos de alguns reforços pontuais. O Corinthians é campeão e vai fazer no mínimo 4 reforços pontuais. A gente nesse situação é impossível não fazer. Precisamos de jogadores mais calejados. Tivemos o Scarpa que foi revelação, Marcos Junior, Marlon, Léo Pelé. Mas acho que precisamos de reforços pontuais para não sofrermos tanto em momentos decisivos como nesse ano.

Copa Sul-Minas-Rio

Fred: A ideia me agrada muito. Vimos no carioca algumas coisas que desagradaram muito a todos, que não tinham a ver com futebol, mas com interesses pessoais. A gente estacionou numa situação precária, que deixou nosso campeonato desprestigiado. Não só o Fluminense foi prejudicado. O campeonato foi prejudicado. Se você prejudica duas grandes equipes que seguram o campeonato também, você prejudica o campeonato. Foi uma falta de manejo muito grande da parte de quem organiza o carioca.

Preocupação com rebaixamento neste ano

Fred: Eu estava muito preocupado ontem porque a gente tava tentando tirar alguma coisa a mais do nosso time e a gente não conseguia. Eu tava desesperado, mas era uma forma de querer tirar algo a mais de alguém. Quando subimos, tivemos 15 rodadas muito fortes. Quando a gente caiu, não ganhamos mais. Não temos essa maturidade de fechar, esperar aparecer um gol. A gente ficou muito pouco com a bola nesse campeonato.

Jogar machucado contra o Palmeiras

Fred: Tive muita dor. Foi um trabalho sensacional do DM. Mas quem me viu, viu que eu tava mancando e sem condições. Estava com muita dor. Tentei anestesiar o joelho, mas com 10 minutos do segundo tempo estava com muita dor, sem apoio nenhum. Minha perna atrofiou muito. Fiquei uma semana sem fazer nada e pela lesão eu perdi muita força.

Mais quanto tempo de carreira?

Fred: Acho que meu corpo suporta bem mais 3 ou 4 anos. O desgaste é muito grande, principalmente emocional. Até mais que físico. Tenho como meta mínimo de 25, 30 gols por ano. Acho que é uma média boa.

Momento dos centroavantes no Brasil

Fred: Hoje o Ricardo Oliveira tá muito bem fazendo gols. Ele jogou contra a Argentina, o time do Brasil não jogou e fica parecendo que a culpa foi dele. Eu sinto que o momento não está muito bom para centroavante.

Recuperação do 7 a 1 na Copa de 2014

Fred: Eu peguei minha esposa e fui para os Estados Unidos. Fiquei 10 dias. Pedi ao Fluminense no mínimo 20 dias para me recuperar mentalmente. Fiquei muito mal. Minha família sentiu muito. Tive sensação de que aqui no Brasil tinha acabado para mim. Ouvi muito isso. Fiquei 7 dias fora, 3 dias na roça. O treinador e o presidente disse que era para eu voltar quando estivesse bem. Com 10 dias ja estava desesperado para voltar a treinar. Parecia que eu era filho do Fluminense, quando eu voltei. Depois teve aquelas lembranças quando eu ia ao estádio, me chamando de cone. Foram muitas pancadas, tiveram muito críticas a mim. Mas consegui assimilar as pancadas. Sou muito grato ao Fluminense.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Globoesporte / Foto: FLuminense FC