Fluminense de olho: veja o raio-x do Olimpia

r04fn69nwalxsckansqx98w3wyl5xy6ri0g3dswm — Foto: Conmebol

O adversário do Fluminense na disputa por uma vaga na fase de grupos da Copa Libertadores da América é o Olimpia, do Paraguai. Tricampeão do torneio (1979-1990-2002), o “Rei de Copas” passou pelo Atlético Nacional após vencer por 3 a 1 em casa, na semana passada, e empatar em 1 a 1 na Colômbia, na noite de quinta-feira. Nove anos depois de ter sido eliminado nas quartas de final em 2013, no primeiro confronto da história contra os paraguaios, o Tricolor terá a chance de uma revanche.

O retrospecto é negativo: além da eliminação, o Fluminense nunca venceu o Olimpia. Empatou em 0 a 0 em São Januário e perdeu por 2 a 1 no Defensores del Chaco. E a classificação mais uma vez terá que ser decidida no Paraguai, já que o regulamento determina que o jogo da volta será na casa do clube melhor colocado no ranking da Conmebol (o Tricolor é o 30º, enquanto os paraguaios são 14º).

Mas comparando o momento atual, o Fluminense chega em melhores condições para a revanche. Enquanto o Tricolor vem de 10 vitórias seguidas e lidera com folga o Campeonato Carioca, o Olimpia vive um início de temporada irregular, sofreu uma grave punição da Fifa, acabou de perder um ídolo para um rival, ganhou um desfalque de peso e tem seu goleiro titular, com um problema médico, como dúvida para o jogo.

Confira o raio-x montado pelo GE:

Proibido de contratar

Se o Fluminense investiu pesado no mercado, com oito reforços, o Olimpia não contratou nenhum. Ou melhor, não pôde contratar nenhum. Isso porque em dezembro o clube foi suspenso pela Fifa por causa de uma dívida de 2020 pela contratação do atacante Derlis González, ex-Santos e que estava no Dynamo de Kiev, da Ucrânia.

Durante a pandemia, os paraguaios não conseguiram honrar o parcelamento de U$ 400 mil dólares (R$ 2 milhões na cotação atual) e tentaram renegociar os valores. Mas os ucranianos não aceitaram e acionaram o Tribunal Arbitral Desportivo (TAS) cobrando o valor total de U$ 5 milhões de dólares (R$ 25,2 milhões). Se não quitar a quantia até 2023, o time também perderá pontos nos campeonatos.

– Os problemas econômicos vêm se arrastando de diretorias anteriores. A sanção da Fifa o impede de contratar jogadores, então neste ano precisou manter ou tentar manter os jogadores – disse o jornalista paraguaio John Walter Ferrari, do Diario El Independiente, ao ge.

Por conta do embargo, o clube tratou de aproveitar jogadores formados em sua base. É o caso dos volantes Hugo Quintana, que passou uma temporada no sub-20 do Palmeiras, e Marcos Gómez. O meia Fernando Cardozo, autor de três gols da equipe, e o atacante ex-Náutico Guillermo Paiva, artilheiro do time com cinco gols, também são crias da base e vêm correspondendo em campo.

– Apesar dos problemas econômicos, é um Olimpia com gana, muita ambição e vontade de avançar nessa Libertadores – garante o também jornalista Mauricio Caballero, que trabalhou na Tigo Sports.

Lembra dele? Roque Santa Cruz

Ídolo do Paraguai e revelado pelo Olimpia, o centroavante Roque Santa Cruz retornou ao país em 2016, após fazer a maior parte de sua carreira na Europa, e disputou as últimas seis temporadas em seu clube de origem, onde disputou ao todo 238 jogos e marcou 92 gols.

Porém, em 2022, o veterano jogador de 40 anos decidiu ir para um rival, o Libertad, que já está na fase de grupos da Libertadores. Ele já disputou quatro partidas na equipe, inclusive uma contra o próprio ex-time. Apesar de não contar mais com um 9 nato, a equipe conseguiu preencher a vaga de goleador com Guillermo Paiva.

– (A saída) Foi uma surpresa não muito grata para os torcedores, que ficaram preocupados pela falta de um atacante de referência. Apareceu Guillermo Paiva, que voltou neste ano ao Olimpia e está marcando gols. Estreou com gol, foi ganhando a titularidade, e um dos maiores problemas, que era a falta de gols, surpreendentemente foi resolvido com um jovem jogador, que ganhou a posição. É um dos nomes do Olimpia – explica Caballero.

5º no Campeonato Paraguaio

Na Libertadores, o Olimpia vai “muito bem, obrigado”. Assim como o Fluminense, os paraguaios também estão invictos. Mas diferentemente dos brasileiros, eles já precisaram encarar duas etapas na fase prévia do torneio. Antes de passar pelo Atlético Nacional, estrearam eliminando o Universidad César Vallejo, do Peru, com duas vitórias: 1 a 0 fora e 2 a 0 em casa.

Porém, o mesmo não se pode dizer do time no Campeonato Paraguaio. A equipe, apesar de também estar invicta lá e de ter um jogo a menos, é apenas a quinta colocada na tabela com cinco pontos, sete a menos que o líder Cerro Porteño, “freguês” do Fluminense na Libertadores do ano passado.

O Olimpia estreou com um empate em casa por 2 a 2 com o General Caballero, venceu o Guaireña fora por 3 a 1, mas voltou a tropeçar em seus domínios ao empatar em 2 a 2 com o Libertad. O time tem mais um compromisso pela frente antes de encarar o Tricolor: enfrenta o vice-lanterna Tacuary no domingo, no Defensores del Chaco.

Artilheiro fora x goleiro dúvida

O Olimpia viajou quase completo para enfrentar o Atlético Nacional na Colômbia. Teve apenas um desfalque: seu goleiro titular, Alfredo Aguilar, que ficou no Paraguai para tratar uma celulite infecciosa na região do glúteo. O jogador precisou passar por um procedimento para drenar o abscesso (acúmulo de líquido/pus nos tecidos) e iniciou tratamento com antibióticos.

Mas os paraguaios já têm um desfalque certo contra o Tricolor: Guillermo Paiva, justamente seu artilheiro na temporada com cinco gols. O atacante começou no banco na última quinta-feira, mas entrou no segundo tempo e acabou expulso junto do zagueiro Felipe Aguilar, do Atlético Nacional, após uma confusão em campo. Com isso, ele só poderá jogar a partida de volta diante do Fluminense.

Pontos fortes e fracos

O Olimpia venceu quatro dos sete jogos que disputou e está invicto até agora na temporada. Com 14 gols marcados, a equipe joga no 4-4-2 e vem mostrando força do meio para frente, com destaque para o versátil Derlis González. O jornalista John Walter Ferrari analisou os pontos fortes da equipe:

– Podemos falar de seu jogo ofensivo, sua velocidade com os pontas, tanto pela direita, com Alejandro Silva, como pela esquerda, com Fernando Cardozo ou Derlis González. Na parte ofensiva, Jorge Recalde dá muitas assistências e também costuma marcar. A isso adicionamos o grande jogo, a técnica e a praticidade que tem Derlis González. Creio que seja uma das melhores peças dentro do esquema, porque pode desempenhar vários papéis: volante pela esquerda, pela direita ou até mesmo na área, na parte ofensiva, como segundo atacante.

Se o time vai bem na frente, a parte defensiva vem deixando a desejar. Com sete gols sofridos, a defesa tem dificuldades principalmente na ocupação de espaços, na recomposição e na bola aérea.

– O ponto fraco definitivamente é a defesa, a desordem. A zaga, composta por Saúl Salcedo e Antolín Alcaraz deixa muitas incógnitas pela desatenção no jogo aéreo, na bola parada ou nos contra-ataque, principais problema que apresenta. Está mal posicionada, não há uma ideia tática definida para a defesa da equipe, mas vale destacar que encontrou um jogo mais dinâmico com os laterais, pela direita com Salazar e pela esquerda com Iván Torres – finaliza Ferrari.

Quando serão os jogos?

A Conmebol vai anunciar nesta sexta-feira as datas da última fase da Pré-Libertadores, que já começa na semana que vem. Ainda sem o Maracanã, o Fluminense fará a primeira partida no Estádio Nilton Santos, enquanto a volta será na semana seguinte, no Defensores del Chaco.

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Por Explosão Tricolor

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