Hércules sem músculos




Felippe Cardoso (Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.)



A atuação e a derrota diante do Palmeiras, infelizmente, não fogem à regra do que tem sido o Fluminense neste Brasileirão: melhor do que os que estão abaixo, pior do que os que estão acima. Se no primeiro turno o jogo foi enfadonho, dessa vez foi um pouco melhor, não muito, mas apenas por parte do alviverde, sobretudo no segundo tempo.

Mais uma vez sem exercer aquela pressão inicial que costumava fazer, o Fluminense iniciou com uma mudança forçada: sai Fred, entra Felippe Cardoso. Se antes os jogadores estavam se machucando com poucos minutos em campo, o nosso ídolo nem precisou pisar muito nele. Com um outro nome no comando de ataque, ofensivamente fomos o mesmo time que jogou contra o Grêmio. Nossa única boa jogada no primeiro tempo, que terminou em gol de Luccas Claro, não valeu: impedimento milimétrico e muito demorado de Hudson, que ajeitou a bola após cobrança de falta de Nenê

Aos 41 da etapa inicial, o Palmeiras quase se aproveitou de um lance esquisito de Luccas Claro, que se enrolou e viu do chão Muriel salvar com o rosto. Essa foi a primeira finalização do Palmeiras ao gol do Fluminense, e depois de 10 minutos a segunda também parou no goleiro tricolor.

Quando o apitou final do primeiro tempo soou, fiquei pensando se não teria valido mais a pena projetarem Os Embalos de Sábado à Noite naquela espécie de toldo azul que gritava atrás do nosso gol, mas não era para tanto devo admitir. Depois fiquei matutando se não daria para colocar algo do tipo no Maracanã com a inscrição “O gol é aqui! Não vamos ganhar se não conseguirmos chegar aqui!”. 

No segundo tempo não chegamos a lugar nenhum. O time de verde foi quem chegou. O chute da meia-lua desviou no braço de Wellington Silva — conferimos até o papo do árbitro com a equipe de VAR. O pênalti morreu no fundo das redes de Muriel com seis minutos da etapa complementar. Que balde de água fria! Como empatar uma partida quando não conseguimos sequer criar chances? Felippe Cardoso, o jogador mais odiado por não jogadores, tentou responder a essa pergunta com uma caneta, mas Nenê não conseguiu assinar o seu nome.

Aos 15 minutos, o torcedor aceitou que assistir ao filme do John Travolta teria sido mais prazeroso nesta noite de sábado. Raphael Veiga fez o seu segundo gol depois de uma tentativa do Fluminense de subir ao ataque. Quanto mais Nino avançava, mais os companheiros se afastavam do zagueiro, que errou o passe e deixou um buraco para ser coberto por Luccas Claro. Antes do segundo tento, Muriel ainda apareceu bem para pegar mais uma. E não mais duas. Gol do Palmeiras.

Aos 26 minutos, Marcos Paulo, que tinha entrado ao lado de Caio Paulista nas vagas de Nenê e  Michel Araújo, deu uma bela bola para Evanilson…não, para Felippe Cardoso. O lance foi muito parecido com as jogadas que a dupla de Xerém fazia, porém, não o suficiente para encontrar as redes, e então terminou em escanteio. Falando em término, aos 27 minutos, o nunca tão citado Cardoso cabeceou bem para uma defesa difícil de Jailson. A partir dos 28, o Palmeiras propôs que não tivesse mais jogo e o Fluminense foi obrigado a aceitar.

Quando joga com times da parte de baixo da tabela ou da zona intermediária, o Fluminense tem me passado confiança; quando joga contra adversários com ambições maiores, nem tanto. Mais imortal que os outros mortais sofredores do Brasileirão, menos imortal do que os que realmente almejam algo. Tem nos faltado força para ir além.

Curtinhas:

– Caio Paulista, Luiz Henrique de armador, Marcos Paulo na ponta e Cardoso no comando de ataque — tudo junto — conseguem ser mais confuso que Hércules e John Travolta juntos.

– Tivemos mais uma demonstração de que com o Igor Julião não dá. O Palmeiras forçou em cima dele desde o início e o Wellington Silva teve que ir salvá-lo.

– Muriel teve uma boa atuação, mas deveria ser banco da mesma forma. A minha confiança acabou há algum tempo.

– Tivemos uma grande oportunidade de encarar um Palmeiras com muitos desfalques. Agora, nossa chance será contra o Internacional de Abel Braga, que perdeu os seus dois jogos até o momento.

– Sigo achando que temos condições de ao menos brigar por uma vaga na Libertadores até o fim, mas para isso precisamos parar de regredir. O efeito de um tempo maior para treinamentos deveria ser a evolução.

Saudações Tricolores, galera!

Carlos Vinícius Magalhães