Matemática do absurdo




Buenas, tricolada! Há uma vertente nas ciências exatas denominada matemática do absurdo. Na verdade conhecida como prova por contradição (ou redução ao absurdo), trata-se de um método de prova matemática indireta, não-construtiva. Este tipo de prova é feito assumindo-se como verdade o contrário do que queremos provar e então chegando-se a uma contradição.

Pois é, acho que podemos inserir a matemática tricolor no núcleo desta tese. Sim, porque as contradições do Fluminense e seus números neste Brasileirão 2019 são pra lá de absurdas!

Somamos 42 pontos em 36 rodadas, até aqui. Isto resulta em absurdos 1,16 pontos por partida – de média. Para um gigante tupiniquim do esporte mais popular do planeta, tais cifras são risíveis!

Diante do futebol questionado, da irregularidade e, principalmente, dos maus resultados conseguidos pelos nossos guerreiros em 2019, papamos três pontos improváveis em confrontos fora dos nossos domínios em algumas oportunidades. Batemos Gêmio, Fortaleza, São Paulo, Botafogo (OK, é um clássico) e CSA. Não representam cômputos absurdos, mas para a nossa matemática, estes triunfos foram ao menos inesperados – e “inestatísticos”!

O quarenta personifica dois algarismos mágicos que atuaram contra o Flu nesta temporada. Se buscarmos pela memória, desde o Cariocão, em um ou dois dos vários confrontos ante o Flamengo, passando pelo Campeonato Nacional, tomamos reveses sucessivos depois de tal tempo de jogo, já nas segundas etapas. Ou seja, tentar uma reação tornava-se quase impossível. Os quarenta minutos, assim como o 1% em 2009, idealizam perfeitamente a referida matemática do absurdo.

O VAR e seus operadores prejudicaram o FFC em diversas demandas no maior torneio de futebol do planeta bola. Contra o Goiás, no Maraca, diante do Santos, na Vila Famosa, no confronto ante o Bahia, na Fonte Nova, agora, recentemente, na peleja contra o Avaí, na Ressacada, enfim… Entretanto, um detalhe chama a atenção dos mais curiosos, apaixonados e revoltados tricolores: houve a anulação de apenas duas defesas de pênaltis neste Brasileirão – considerando-se todas as chances de irregularidades… invasão de jogadores, goleiros adiantando-se, malandragens etc. Ambas aconteceram CONTRA A GENTE. Bahia e Avaí aproveitaram-se da benevolência das arbitragens e converteram as suas segundas tentativas. Absurdo! E as matemáticas da CBF, da Comissão de Arbitragem, do próprio VAR, dos juízes de campo e de parte da opinião pública para chancelar essa tramoia também são absurdas!

A nossa diretoria seguiu o script perfeito para colocar o Tricolor das Laranjeiras na Segundona de 2020 – e não é prerrogativa somente dela. Há anos o FFC vem sendo tratado com desprezo pelos seus administradores! Dentre inúmeros absurdos, o mais emblemático foi a troca de técnicos. A matemática reversa dos gestores do Flu contabilizaram duas trocas e três treinadores barganhados em pouco mais de dois meses. Sai, Diniz, entra Osvaldo; sai Osvaldo, entra Marcão… E ainda queriam detonar o estagiário também, há pouco tempo!

Criticas incisivas e justas foram direcionadas pelos diretores eleitos aos antecessores nas vendas de algumas de nossas joias e destaques, no ano passado. Valores abaixo do mercado, matemáticas ruins – absurdas, mesmo –, fórmulas mirabolantes… E prejuízos técnicos-financeiros evidentes. Mas a linha sucessória do Laranjal teima em repetir fracassos! A mesmíssima prova por contradição foi utilizada nas negociações de Spadacio e Pedro, por exemplo. Os caras demonstraram o quão ilógico e incompatível pode ser um discurso! E os dígitos arrecadados nestas transações caracterizaram uma matemática mais do que absurda! Ainda que estejamos entregando os nossos almoços para garantirmos os jantares, enriquecer o nosso patrimônio, valorando-o, remonta um planejamento mais audaz e conciliável com a nossa história. Mas é aquilo: O FFC sempre se auto-ludibriou comercialmente ao longo dos tempos!

Para encerrar, vamos à matemática das mais absurdas no que tange à nossa classificação no Campeonato Brasileiro-2019! Nos confrontos em oposição aos supostos nanicos e prováveis rebaixados do torneio, demos uma de Robin Hood! O Fluminense Football Club desperdiçou uma porrada de pontos “imperdíveis” desde o começo do certame. Contra o Goiás, ao menos três. Ante a Chape, quatro. Diante do Avaí, cinco pontos. No duelo contra o Ceará, também cinco. E no embate frente ao CSA, três. Vamos aos números, agora: 20 pontos de bandeja aos inimigos menos ferozes! Peralá! Isso sem contar com as entregadas e os prejuízos de arbitragem, como já mencionei acima, quando as vitórias – ou pontuação – seriam favas contadas.

Somando-se os tais 20 pontos aos 42 que já conquistamos, totalizando 62, a nossa luta neste momento seria contra o Grêmio, pela classificação direta na fase de grupos da Liberta! Eu não me prendi a devaneios e nem às condicionais para concluir a este respeito – tenho ojeriza ao “se”. Mas os números estão aí, e os resultados positivos diante destes adversários seriam mais do que palpáveis! Então, a minha matemática não foi nada absurda!

Portanto, tricolada, os equívocos e inseguranças que o time do Flu mostra nas quatro linhas são contraídos pelos desmandos e descasos que soldam os elos perdidos pelas evidências lá em Álvaro Chaves. Até a noite de ontem brigávamos absurdamente para permanecer na elite do futebol brasileiro. Mas a nossa trajetória poderia ser bem mais tranquila e menos absurda se o foco, o objetivo e o alvo definitivo de alguns fossem SOMENTE o Fluminense Football Club – e não o entorno, a vaidade e o glamour que tronos e poderes concedem quase gratuitamente aos que transitam diuturnamente entre os muros de tijolos históricos da nossa sede social!

Jamais devemos esquecer: o Fluminense é único, ímpar, vanguardista e o maior veículo do ineditismo no desporto nacional!

Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon