Preços baixos atraem o torcedor e o Sub-20 confirmou isso da melhor maneira




banner_jessicahentzySaudações, meus caros.

A diretoria Tricolor jogou bonito nos bastidores e conseguiu levar o jogo do Sub-20 para o Maracanã. Decisão que se mostrou acertadíssima com a presença marcante do torcedor no estádio. Tudo era contra: o horário, a época do ano, o dia da semana e o apelo do jogo (apesar de ser decisão, sub-20 não tem o mesmo peso, todos sabemos). Porém, um fator, ao meu ver, foi determinante: o preço, ou melhor, a ausência dele.

Nos EUA há uma forte mídia sobre os campeonatos universitários, que move público e patrocinadores a ponto da NCAA (o futebol americano universitário) ganhar o próprio jogo de videogame, completamente fora do Madden NFL. Numa comparação bem grossa, eles seriam o nosso Sub-20. O talento e a vontade dos americanos para transformar esportes em um grande espetáculo ajuda na hora de atrair seus “consumidores”. Nosso futebol de base caminha aos trancos e barrancos e ganhou maior reconhecimento, é verdade, mas ainda é bem distante do que pode render ou do que o profissional rende em um jogo de menor expressão.

Além disso, a maioria dos horários dos campeonatos são no meio da tarde, inviável para a maioria dos torcedores. Na Copa do Brasil, alguns jogos na parte da noite até melhoram o público, porém ainda bem abaixo do que poderia render pelo nível dos clubes nas competições. A maior vantagem da Copinha (Copa São Paulo), além da tradição, é o momento do ano em que acontece: nas férias do futebol e escolares, onde grande parte dos trabalhadores também desfruta dos seus 30 dias de folga. Nesse caso, ir a um jogo de futebol sub-20 torcer pelo seu time passa a ser um belo passatempo. Então, diante disso, como atrair o torcedor em plena quinta-feira, às 16 horas, no meado do ano? Leve para o estádio mais famoso do país e não cobre a entrada (falaremos sobre isso).

A atitude da diretoria Tricolor merece aplausos. Apoiar seus futuros jogadores é um ponto importantíssimo para um clube e negócios a parte, eles o fizeram. Além da impossibilidade para o horário, Laranjeiras é mais complicado para chegar e mais distante. Maracanã é Maracanã e basta. Fácil de chegar de metrô, de trem e de ônibus e… bem, não precisamos de mais explicações.

Bruno Haddad
Torcida compareceu em bom número para apoiar a molecada do Sub-20! (Foto: Bruno Haddad / FFC)

Mas, vamos o fator que considerei determinante no início deste texto: o preço.

Dizem que “de graça até injeção na testa” tá valendo. Exagerado, é verdade. Porém o fato é que muitos trabalhadores e estudantes largaram seus compromissos mais cedo e compareceram para apoiar nossos garotos. Nos profissionais também ocorre, é verdade, só que não com tanta grandeza. ERA UM JOGO DO SUB-20 NO MEIO DA TARDE DE UMA QUINTA-FEIRA! QUE TIME FAZ ISSO, AMIGOS? Diferentemente dos EUA e seus espetáculos, o futebol no Brasil é tratado – justamente – como esporte do povo e nossa briga constante é pelos preços mais baixos nos ingressos. Atrai o torcedor com a família grande, atrai o torcedor que mora distante e tem um custo maior com locomoção e alimentação e continua a atrair aquele torcedor que está sempre presente.

Muito se debate a desvalorização que preços mais baixos poderiam causar no Sócio-Torcedor. Sigo o seguinte raciocínio: quanto mais presente estiver, mais irá desejar estar completamente envolvido no clube. Nos jogos de maior apelo terá que enfrentar filas quando poderia garantir seu lugar semanas antes através do ‘check-in’. No estádio ou no clube, desejará participar das experiências exclusivas, desejará os descontos na loja da entrada da arquibancada em dia de jogos e etc. Uma coisa puxa a outra. No final, acabará se tornando sócio por querer estar mais presente no Fluminense. Outro ponto a considerar é que preços baixos + time bem colocado é igual a estádio cheio. É o Consórcio que decide o preço das suas cadeiras? E as negociações existem para quê? É mais benéfico uma cadeira ocupada rendendo do que uma cadeira vazia dando prejuízo.

A partida de ontem (27) teve seus defeitos? Sim! A começar pela entrada no estádio. Mas não os culpo. Nem entre os torcedores era esperado tanta gente. Os 8.245 torcedores presentes podem parecer pouco para o tamanho do Maracanã, contudo, foram bem mais do que nos jogos profissionais do Campeonato Carioca, por exemplo. Valeu também pelos moleques de Xerém que tiveram o gostinho do que é jogar no templo e com a torcida que canta e pula o jogo todo em massa empurrando-os na decisão. Que venham mais jogos assim e que os senhores que decidem o preço dos ingressos percebam o quão vantajoso seriam preços mais baixos no profissional.

Saudações Tricolores.

Vocês devem estar questionando o porquê de não ter citado a arrecadação de alimentos e achando que eu errei ao afirmar que o jogo foi “gratuito”. Decidi guardar um parágrafo para isso. Melhor do que ceder a entrada gratuitamente, é utilizá-la para um propósito maior. Os 8.245 torcedores que compareceram tiveram a oportunidade de ajudar as instituições do Rio Solidário com cerca de oito toneladas de alimentos graças ao amor pelo Fluminense Football Club. 

E não posso fechar a coluna sem antes agradecer também aos moleques de Xerém, que jogando bonito chegaram até a final e puderam proporcionar aos torcedores tal feito.  Pra cima deles, molecada!

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