Sinal amarelo aceso no Fluminense




Fernando Diniz (FOTO DE LUCAS MERÇON / FLUMINENSE FC)

Sinal amarelo aceso no Fluminense (por Lindinor Larangeira)

Z4 e com louvor. O Fluminense do Brasileirão 2024, até o momento, joga um futebol de zona de rebaixamento. Mesmo com os erros crassos de montagem do elenco, esperava-se mais de um time que, quase no final do primeiro semestre do ano, não conseguiu fazer sequer uma partida aceitável.

Não foi diferente na noite de ontem, no Morumbis. A obsessiva insistência em escalar Marquinhos na lateral, já era o indicativo de mais uma tragédia anunciada. Diniz parece ser um adepto daquela célebre frase do grande tricolor Nelson Rodrigues: “Se os fatos estão contra mim, pior para os fatos”. E quando a realidade contraria, de forma recorrente, as nossas convicções, nós é que devemos nos adaptar aos fatos. Porque, contrariando o profeta tricolor, será pior para nós.

Contrariando as convicções do treinador, o time achou o gol em uma bola longa, quando era inteiramente dominado pelo São Paulo. Mas o tricolor paulista logo empatou em mais uma falha, de uma noite bastante infeliz, de Fábio. Vamos crucificar o goleiro? Nada disso. Ele continua a ter muito crédito. O que é inaceitável é a quantidade de bolas atrasadas na pequena área, mesmo em situações de risco, com os atacantes adversários quase dividindo a pelota com o nosso arqueiro.

“Não dar chutão” parece ser uma norma tácita do treinador para o time. Que tem feito marcação em linha muito baixa, o que tem sido um convite para os adversários nos pressionarem a partir da nossa intermediária defensiva. E aí, qualquer erro se transforma em oportunidade de gol para os rivais. Erros que o treinador vem repetindo em suas entrevistas, quase como um moto-contínuo, “que o time não costuma cometer”.

De positivo no jogo de ontem, apenas o bom retorno de Keno e a atuação de Alexsander, que se não chegou ao nível do ano passado, dá muito volume de jogo ao nosso meio de campo.

O time até tenta competir. Não tem se omitido. Mas com a desorganização tática e as improvisações inexplicáveis, o que vemos em campo é um verdadeiro bando. Uma equipe sem compactação. Que joga muito espaçada. Marca mal. Tem pouco poder de criação e quase nenhuma força ofensiva.

Se no ano passado o time tinha profundidade e velocidade, nesta temporada, a ausência de jogadas de linha de fundo e a lenta transição ofensiva, têm caracterizado o futebol do Flu de Diniz.

Um exemplo disso no jogo de ontem foram duas, ou três situações em que, na intermediária adversária, o jogador com a posse de bola, preferiu recuar para um zagueiro ou o goleiro, a buscar opções de passe em profundidade para os laterais, pontas ou meias em infiltração. Nem mesmo foi tentada a opção de uma tabela pelo meio, para buscar uma jogada mais aguda, ou, pelo menos, manter a bola no campo do adversário.

As saídas de Manoel, por contusão, e Martinelli, que se não foi por problema físico, foi incompreensível, desmantelaram de vez o time. Felipe Andrade entrou muito mal, errando demais. Inclusive no segundo gol do São Paulo.

Continuo acreditando que o moleque tem potencial. Vai oscilar, como todo jovem, mas deve ter outras oportunidades de jogar. Já de Antônio Carlos, mesmo tendo feito uma partida razoável, talvez ou seu melhor jogo, não posso dizer o mesmo. Continuo avaliando como uma má contratação.

Diogo Barbosa provou que é um jogador apenas para composição de elenco. Partida bem sofrível, em que, diversas vezes, colocou a meta de Fábio em risco, atrasando bolas sob pressão adversária. Em uma delas, Arias, o motor do time, fez a cobertura. O escanteio gerou o gol da vitória paulista.

Se Martinelli, Manoel, Alexsander e Arias foram bem, e Keno, enquanto teve fôlego, foi o melhor, o destaque negativo foi Lima. Esse jogador talvez seja a imagem e semelhança da versão 2024 do Fluminense de Diniz: um time que não tem criatividade, força de marcação e poder ofensivo.

Sobre os outros moleques, Kauã Elias brigou demais com a zaga adversária e foi importante para o gol achado. JK entrou muito mal na partida, parecendo acima do peso e com pouca mobilidade. Marquinhos não pode ser condenado a jogar na lateral.

Os outros, que não são tão garotos assim, Terans, mesmo jogando pouco, a gente sabe que tem potencial. Diferente de Lima. E Guga, como os treinamentos são fechados, a única justificativa para não ser escalado é que esteja treinando pessimamente.

Marcelo deveria ter entrado bem antes. E na vaga do improdutivo Lima. Keno deveria ter substituído por cansaço. A alteração óbvia era Guga, para recompor o lado direito, já que o time de Zubeldia forçava muito por aquele setor.

São seis jogos e cinco pontos. Defesa mais vazada. O time que abre o Z4. Sinal amarelo aceso. Já está passando da hora de acender o sinal verde da esperança.

O cenário requer cobranças e ação da diretoria, da torcida e mais atitude dos jogadores. Ao treinador, lembrar que o nome dele entrou para a história. Mas o glorioso 2023 já passou. É preciso viver o presente. E o presente, para nós, tricolores, tem sido um presente de grego.

PS1: Começo a ouvir aquela frase idiota: “A culpa é dessa torcida modinha”. Foi a torcida que fez contratações bisonhas? Foi a torcida que escalou Renato Augusto de ponta, Martinelli de zagueiro, e continua escalando Marquinhos de lateral? É a torcida que nada faz contra as recorrentes escalações de Claus, Daronco, Luiz Flávio, dos irmãos Sampaio e de Roldan nos nossos jogos?

PS2: Na ausência de Ganso, por que não testar Marcelo jogando na meia?

PS3: Lima parece estar para Fernando Diniz, como Ygor (Perygor) esteve para Renato Gaúcho.

PS4: Mais do que nunca, quinta-feira tem que ser: “Vitória, Fluminense!”

PS5: Já que falei no ídolo Portaluppi, minha solidariedade ao povo gaúcho. Bora doar, gente!