Vitória sobre o Santos, convocação de Nino para os Jogos de Tóquio, críticas ao calendário do futebol brasileiro e muito mais: leia a entrevista coletiva de Roger Machado




Roger Machado (Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.)



Roger Machado concedeu entrevista coletiva no Maracanã

Após a vitória do Fluminense por 1 a 0 sobre o Santos, na noite desta quinta-feira (17), pela 4ª rodada do Brasileirão, o técnico Roger Machado concedeu entrevista coletiva no Maracanã. O treinador falou sobre o triunfo tricolor diante do Alvinegro Praiano, atuação de Calegari, centésimo jogo de Nenê pelo clube das Laranjeiras, convocação de Nino para os Jogos de Tóquio, críticas ao calendário do futebol brasileiro e muito mais. Leia a íntegra abaixo:

Vitória sobre o Santos 

“Sabíamos que seria um jogo de poucas oportunidades, mas era importante vencer. Alternamos bloco baixo e bloco de pressão alta. Para isso você precisa estar com as peças descansadas o tempo inteiro, então as trocas foram por isso, para mantermos o frescor dos jogadores da frente e seguir pressionando.”

Construção do gol tricolor

“O gol saiu em uma troca de corredor. Da mesma forma que o Santos coloca muita gente perto da bola para jogar, automaticamente, quando perde, está com muita gente no pós-perda. Então seria muito difícil sairmos pelo mesmo lado. Era importante nós virarmos o jogo, inverter o corredor, e tentar avançar pelo corredor oposto para depois acessar a área. Em algumas vezes que fizemos isso levamos vantagem. Nosso gol saiu em uma jogada dessa, que originou um lateral e do lateral saiu o gol em uma jogada dentro da área.”

Erros cometidos durante a partida

“O que talvez tenhamos pecado em alguns momentos foi um pé na bola, um desarme que não conseguimos acelerar para pegar o time do Santos desarrumado, e uma ou outra oportunidade que vazou a pressão e eles conseguiram contra-ataque rápido em nossa linha. Mas conseguimos intervir e, na maioria das vezes, cessar esses ataques.”

Dificuldade de jogar contra times comandados por Fernando Diniz

“É sempre muito difícil jogar contra os times do Fernando Diniz. São times que têm uma rotação grande, trocam muito de posição, pesam o lado com o corredor lateral, tentando ter superioridade numérica, em especial do lado esquerdo no jogo de hoje. Foi precisa a ajuda do terceiro jogador de meio, do nosso tripé. Porque teríamos, na maioria das vezes, nossos dois volantes em corredor lateral para equilibrar esse número de jogadores. Às vezes não conseguimos fazer isso com agilidade e eles conseguiram chegar com um pouco de superioridade no corredor lateral.

A forma como o Fernando organiza suas equipes, da mesma forma que ele está muito próximo da vitória, em função do desequilíbrio que ele gera quando chama o adversário para dentro do campo e depois quando rompe essa pressão e ataca-se a linha com a defesa ainda em transição, isso acaba gerando oportunidades mais claras, mais contundentes. E o risco de estar com a bola perto do seu gol também permite que o adversário, quando toma essa bola, esteja mais perto do alvo. Sabemos que o Fernando gosta de ter o controle da partida. Por vezes tentamos marcar alto, algumas vezes roubamos a bola, mas não fomos contundentes. Mas é o estilo do jogo que será sempre contra equipes do Fernando. Eu o enfrento faz dez anos e sempre foi muito difícil jogar contra equipes dele.”

Ausência de torcida muda dinâmica do jogo

“A ausência do torcedor acaba mudando um pouco a dinâmica do jogo. Porque, se estamos jogando dentro de casa, contra um adversário que tenta te insinuar a posse com o goleiro para te atrair lá de trás, a gente não conseguiria fazer o bloco baixo, como fizemos, porque a torcida, evidentemente, quer sempre que seu time busque a bola no campo adversário todas as vezes. Mas não dá para marcar pressão sempre.”

Atuação de Calegari

“Ele foi muito bem. Fez uma partida muito segura. Deu valor à oportunidade. Vamos perder o Samuel por um período – não sabemos quanto, espero que seja breve. E ele atuou no nível de seu melhor momento quando foi titular.”



Centésimo jogo de Nenê pelo Fluminense

“Que bom que ele fez 100 jogos, uma marcar importante, e sendo decisivo ainda. Ele é um cara apaixonado pelo jogo. Às vezes quando demonstra insatisfação por sair antes da hora que ele entendia que deveria é por estar gostando do jogo. Isso tudo faz parte. Vamos fazendo a gestão do processo, dando oportunidade para todos estarem em campo.

Eu converso muito com ele porque taticamente ele enxerga muito e passa muitas informações para fora do campo, como o que falei em outra resposta, sobre o fato do Santos pesar o lado com muitos jogadores para gerar superioridade, e termos que colocar nossos volantes para reforçar o corredor lateral – e ele fez esse papel como terceiro volante, para não permitir que sobrasse espaço para os jogadores do Santos atuarem. Volta e meia nas cobranças que faço na beira do campo, às vezes ele briga comigo “mas tu não cobrou do fulano que errou, só de mim”. No fim, eu falei “não retruca mais para mim na beira do campo”. Mas é uma relação construída.”

Opção por Wellington ao invés de André

“São dois jogadores de características com algumas similaridades, dois primeiros homens de meio campo, que controlam a entrelinha e dão proteção à defesa. Quando oportunizei a chance do Wellington jogar, eu chamei os dois para salientar que naquele momento o Wellington estava tendo oportunidade. Sei que jogador de meio de campo precisa de ritmo para entrar na melhor forma, jogadores mais pesados no meio ali. Mas salientei para o Wellington que o André vinha treinando muito bem e a resposta precisava ser dada imediatamente, mesmo o treinador tendo essa sensibilidade de ter rodagem.

O André está merecendo uma oportunidade também. E ela viria no decorrer dos jogos, porque, de fato, ele tem treinado bem. Ele se capacitou para estar entre nossas opções. Por vezes eu tenho optado em não fazer o banco com dois volantes com a mesma característica, pensando que em uma emergência eu posso ter o Wellington, o Calegari para uma segunda função e pesando mais o banco no meio para o ataque. Mas o André está próximo sim de receber uma oportunidade, porque está treinando bem.”

Esquema de jogo do Fluminense está ficando manjado?

“Cada adversário vai lhe propor uma dificuldade diferente. O fato da gente muitas vezes não conseguir terminar jogadas que possam gerar finalização também é um pouco dos adversários entendendo nosso modo de jogar e aí temos que criar alternativas para que isso não aconteça. A questão ter eficiência. Posse de bola x quantas vezes você chega no último terço do adversário x quantas vezes você finaliza no alvo. Terão jogos que nós teremos muitas finalizações, dependendo de como o adversário joga – quando propomos um tipo de jogo e conseguimos executar com eficiência.

Hoje foi um daqueles jogos que tivemos três, quatro oportunidades de roubar a bola dentro do campo do Santos, mas não conseguimos tirar a bola do lado de onde roubamos. Usamos uma via que não nos favorecia tanto. Mas, evidentemente, que o adversário mapeia a forma como a gente atua, mas cada um propõe uma dificuldade diferente. E não será todo jogo que teremos três, quatro oportunidades de gol. Quando tivermos, temos que ser eficiente, como fomos.”

Houve conversa com Metinho sobre pedido por mais oportunidades?

“Vou ser breve: definitivamente, não houve essa conversa. Ponto.”

Críticas ao calendário do futebol brasileiro

“É um paradoxo e uma inversão de valores. Se questiona a convocação do treinador da Seleção que convoca muitos jogadores de um clube. Ou se questiona o treinador que tem que trocar jogadores oxigenando a equipe de um jogo para outro por causa do calendário. Essa crítica não tem que ser direcionada a nós, treinadores, tem que ser direcionada a quem organiza um calendário desse. O treinador tem que, se possível, colocar os melhores e mais descansados em campo, e convocar os melhores. Não é culpa do treinador, que um calendário que não para nas datas-FIFA, que hoje coloca na conta do momento que estamos vivendo.

Esse calendário já é assim há muito tempo. O calendário brasileiro para ficar ruim tem que melhorar muito. Sempre digo e repito: o futebol brasileiro vai evoluir na esteira de um campeonato bem organizado. Tudo vai melhorar. Porque patrocinadores vão se aproximar do jogo. Fico imaginando uma grande empresa de futebol do mundo comprando o futebol brasileiro para transmitir e na véspera troca o jogo na grade. Ela deve ficar muito feliz com relação a isso. A longevidade que eu estava falando dos atletas. Um jogador que atuou a carreira inteira no futebol brasileiro dificilmente vai atuar como Nenê e Fred atuam hoje em dia.”

Convocação de Nino para os Jogos de Tóquio

“Ele sendo convocado valoriza o trabalho de todos. Ele já estava na seleção quando eu não estava aqui. Então isso não é mérito meu e da minha comissão. É mérito do clube e do atleta, que sempre trabalhou pensando e planejando os melhores momentos da carreira. E esse é um deles. Eu fui a uma eliminatória e a uma Copa América e não tem nada mais satisfatório que isso.”

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Quarta rodada do Brasileirão 2021

Quarta-feira (16/06)

19h

São Paulo 1×1 Chapecoense – Morumbi

Internacional 0x1 Atlético-MG – Beira-Rio

20h30

Corinthians 1×2 RB Bragantino – Neo Química Arena

21h30

Juventude 0x3 Palmeiras – Alfredo Jaconi

Quinta-feira (17/06)

16h

Ceará 1×2 Bahia – Castelão

América-MG 0x0 Cuiabá – Independência

19h

Fluminense 1×0 Santos – Maracanã

Sport 1×0 Grêmio – Ilha do Retiro

Atlético-GO 0x0 Fortaleza – Antônio Accioly

Data indefinida

Athletico-PR x Flamengo – Arena da Baixada



Por Explosão Tricolor

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