A Libertadores é logo ali!

Olá nação tricolor, leitora do Explosão Tricolor!

Desde 2008, todos nós carregamos conosco o vazio e o silêncio que sucederam a belíssima, inesquecível e estrondosa campanha do Fluminense naquela Copa Libertadores. Nosso time encantou a América com um futebol bem jogado, dinâmico, superações e gols memoráveis. 

O Fluminense, que há muitos anos não disputava a competição, jogou como veterano conhecedor da América e das equipes participantes daquela competição. Dos seis jogos que fizemos na fase classificatória, vencemos com autoridade, quatro.

Iniciamos com um 0 a 0 na altitude de Quito, contra a até então desacreditada L.D.U.

Contra o Arsenal, enfiamos acachapantes 6 a 0 com show de todos os jogadores que estavam em campo, e uma obra-prima de Dodô. Aquele jogo mostrou ao mundo que o Fluminense vinha para ganhar o campeonato.

Em seguida, inquestionável vitória fora de casa contra o Libertad, do Paraguai (2 a 1). Contra eles também iniciamos o returno, com uma vitória por 2 a 0, tranquila, no Maracanã. Já classificados, perdemos nosso primeiro jogo fora de casa, contra o Arsenal, por 2 a 0. E finalizamos a fase de grupos ganhando da L.D.U por 1 a 0, no Maracanã. Chegávamos aos 13 pontos e assustávamos os rivais.

Em nosso caminho estava o Atlético Nacional, hoje adorado e admirado pelos Brasileiros, após a fidalguia e a grandeza demonstrada com o triste episódio ocorrido com a Chapecoense, vitimando dezenas de pessoas. Na Colômbia, novamente vencemos: 2 a 1. O Fluminense amedrontava!

No jogo de volta, mais uma vitória: 1 a 0, no Maracanã. E foi então que ocorreu a fase que me deu a oportunidade de ver o jogo mais emocionante e mais lindo de toda a minha vida. As Quartas de Final colocou o São Paulo, calejado de Libertadores, em nosso caminho. E no Morumbi, perdemos por 1 a 0, num jogo de imensa pressão, e que preocupou a todos nós. 

Sabíamos que tínhamos um grande time. Mas vencer o São Paulo por dois gols de diferença, e sem levar gol daquele temido ataque São Paulino, era uma tarefa árdua. Mas o Fluminense é o time do impossível. E foi foda! Foi espetacular! Foi inacreditável! Foi de arrepiar e lavar a alma! Vencemos por 3 a 1, com shows de Dodô, Thiago Silva, Thiago Neves e WASHINGTON: O nosso coração valente, que pulsava diante de 73 mil pessoas presentes no maracanã. Que no último suspiro, no último fio de nossa esperança, no último segundo do jogo, fez o gol da classificação. Muita gente enfartou. Muitos não acreditaram que aquilo estava ocorrendo. Eu fui parar no hospital após passar mal na arquibancada!

“Quem é o Fluminense?”, perguntou uma pessoa do Boca Juniors.

Mostraríamos a eles nas Semifinais, com 2 a 2 em Avellaneda (onde fomos roubados do início ao fim), e 3 a 1 no Maracanã, com direito a muitos sustos, jogo intenso e catimbado. Washington e Conca (desprezado pelos próprios argentinos), jogaram demais! Agora eles nos conheciam. Ninguém segurava a nossa equipe. Era fato.

Uma decisão errada colocou o título em risco: Com tempo de sobra para viajar para Quito, onde enfrentaríamos a já conhecida L.D.U., o Fluminense decidiu viajar a dois dias do jogo. Nossos jogadores não estavam prontos fisicamente para decidirem o título no alto do morro. Levamos 4 a 2, e poderia ter sido pior. Ahhhhh, se tivéssemos viajado 5 ou 6 dias antes do jogo… A história seria outra!!!! 

A esta altura, estávamos incrédulos. Após tantas etapas quase impossíveis, não seria nesta que falharíamos. 

Chegamos ao Maracanã num clima jamais visto no Brasil. A cidade parou para acompanhar o ônibus de nossa delegação, do hotel ao estádio. Sinalizadores! A torcida se espremia nas arquibancadas. Me lembro daqueles fogos estourando na entrada do time em campo. Chorando e enrolado na bandeira que me acompanhou em todos os jogos, falei para um amigo: “Seremos campeões! Hoje nem um acidente tira o título da gente”.

O time estava nervoso e, desconcentrado, levou um gol logo no início.

Mas o Fluminense tinha um baita time, e uma torcida que arrebentava a garganta nas arquibancadas. E num piscar de olhos, estávamos vencendo por 3 a 1. E veio a prorrogação… e nela, bem na minha frente, Thiago Neves, que já havia feito 3 gols e lutava como um Romano, cabeceia uma bola com perfeição, e Ceballos faz uma defesa inacreditável, quando eu praticamente berrava GOOOOOOOLLLLLLLLLL atrás do gol. Vieram os pênaltis e… Dormimos durante todos esses anos para esquecermos, e acordamos hoje, restando dez dias para o início da nossa PRÉ-LIBERTADORES, a Copa Sul-Americana.

Vamos ganhar essa competição! Esse time carrega esse título no DNA, porque o elenco é composto de muitos meninos de Xerém, tricolores como nós, que também choraram e sofreram naquele trágico dia. Não tenho a menor dúvida que eles se entregarão, deixarão tudo no campo, suor, sangue e lágrimas. Farão isso porque sabem que precisamos disso para continuar a nossa história. E caberá à eles escreverem essa página. E Abel Braga merece ser imortalizado com essa taça. 

O meu recado de hoje, após longo texto, é o seguinte:

Torcida do Fluminense. Nós todos temos a obrigação de lotar o Maracanã em TODOS os jogos dessa competição. Temos que suar, gritar, mostrar ao mundo que a raça também vem das arquibancadas. O Fluminense vai ganhar esse título, e nossa torcida vai tirar o nó da garganta, que perdura há 9 anos. Nós VAMOS comprar o barulho. Vai ser ruim tirarem isso da gente!

E em 2018… que venha a Taça Libertadores! Não existe time na América do Sul que mereça tanto quanto nós. Não existe time na América do Sul para nos intimidar, e nos calar. O Boca tentou e calou a “Boca”.

Daniel Coelho

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