Em entrevista, novo CEO do Fluminense fala sobre as finanças, patrocínio master e fundo de investimentos




O novo diretor executivo geral do Fluminense, Marcus Vinicius Freire, concedeu entrevista ao portal GloboEsporte.com. Diversos temas foram abordados, entre eles, a situação financeira do clube, patrocínio master e o lançamento de um fundo de investimentos. Confira a íntegra da entrevista do CEO tricolor:

Como foi mudar para o futebol?
Há quatro meses, o Rangel, da Ernest & Young, me perguntou sobre interesse em trabalhar em futebol. Pensava nisso, mas do outro lado da mesa, associado a um fundo. Ele disse que tinha um clube que queria profissionalizar, buscava um CEO. Perguntou se poderia me indicar ao presidente. Até ali, com a minha afirmativa, não sabia que era o Fluminense.

E aí entrou o Fluminense.
Marcamos uma reunião na empresa para não dar bandeira. Conheci o Abad. Aí, começou. A minha decisão foi baseada nas duas pessoas, na EY, uma empresa que me ajudou no COB. E depois o Abad. Nesse primeiro dia, ficou marcado que ele era diferente de tudo que eu ouvia sobre o futebol. Havia um ranço sobre a forma de lidar com o futebol. E vi que o Abad era diferente.

Diferente?
Ele me falou que era auditor da Receita Federal, que não podia se licenciar. Ele disse que precisava e acreditava no diagnóstico da EY. Falou que precisava de um executivo, que estava falando com outras pessoas. Conversamos por umas três horas. Foi legal. Na primeira vez que ele me viu, falou que era uma honra estar comigo. Ele disse que, quando era moleque, ele tem dez anos a menos do que eu, que torcia muito por mim. Ele foi simples e direito.

Quas as diferenças entre o esporte olímpico, a sua base, e o futebol?
A primeira é a paixão da torcida. É completamente diferente. É “não razão”. No esporte olímpico, como é uma torcida só, as pessoas tinham mais razão. Pensam se tem ou não dinheiro, avaliam o trabalho. A paixão é menor, é mais diluída. São 42 modalidades, aceito perder em um, projeto ganhar em outro. Aqui não aceita não ganhar.

Tem algumas coincidências. A política é um pouco parecida. Tem os vices, os conselheiros e os abnegados. Esses são os voluntários, que fizeram a história do clube. Mas viveram isso no final do dia, no horário que conseguiam se dedicar. Hoje a gente monta uma estrutura, que tem de haver uma transição. Fizemos isso nas confederações, nas quais haviam esses voluntários também. Eu queria colocar processo, eles diziam que eram os presidentes e que sempre tinha sido daquela maneira. Vivemos essa transição aqui.

Lá tinha dinheiro, mas não era um negócio. Aqui é um negócio, o clube tem uma filosofia com Xerém, Europa e Futebol, é um desenho pronto, mas não há o dinheiro. O clube tem um DNA de jogar, de formar os seus times.

E as particularidades do Fluminense?
Eu digo que aqui é 97% é futebol, e tem o resto. A diretora do parquinho, o diretor da sauna. Eu chego pela manhã cedo e saio abrindo portas, perguntando as coisas. Eles não estão acostumados. Enfim, isso irá fazer a diferença no dia a dia do clube.

Aqui a gente pode planejar, convencer o grupo político a ter mais longo prazo. Lá, se depende de resultado em modalidades. Aqui, se convencer, o formato será assim. Isso será a perenidade do Fluminense. Se encaixar, fazer todas as mudanças no primeiro ano, tem de encaixar. Elas serão feitas até julho do ano que vem. Não dá para esperar 2019 para mudar. A ideia é profissionalizar tudo. Os vice-presidentes agora são mais conselheiros. Há comitês em cada área.

E qual o diagnóstico ao analisar a situação do clube?
O nosso diagnóstico, eu cheguei com a coisa pronta, tem uma apresentação que estamos preparando. Há ausência de estrutura e governança, legado financeiro de desequilíbrio, no qual a dívida é grande e o fluxo de caixa é negativo. E a parte técnica, no qual o elenco é desequilibrado, em idade, quantidade e nos contratos fora de proporção. Jogadores com alto salário que não jogam, estão emprestados ou estão fora do que interessa ao clube.

O Fluminense tem de achar a sua cara. Teve uma vez, sentei com dois abnegados aqui e perguntei: o que querem do Fluminense? A resposta: ficar na frente do Flamengo. Como vou fazer um mapa estratégico assim? Não adianta. Posso, então, ser segundo se o Flamengo for terceiro. Posso ser 12º se o Flamengo for 13º. Não pode ser assim. Isso não serve. Na minha cabeça, o Fluminense não é nem o primeiro, nem o segundo. O Fluminense vai ser o diferente. O da inovação, o do melhor balanço, o mais profissional, que tenha maior perenidade e longo prazo, o que aposta na pessoa, que tenha uma forma de jogar do futsal ao profissional…

E quais as mudanças?
Separar a ação política do profissional. O VP, agora, é um conselheiro. A cada dia eu almoço com um. Recentemente, um VP me perguntou quanto ele tinha para apresentação. Eu disse: nenhum. Como que ele vai apresentar a estratégia sem falar comigo, sem estar no dia a dia. É este tipo de coisa que estamos mudando.

E o que está sendo feito?
Reformulamos o Sócio Futebol. Vamos fazer muito mais do que estamos fazendo. Conversei com pessoas de Tecnologia da Informação (TI). Vamos trabalhar com algoritmo e melhorar. Teoricamente, o Fluminense tem 3,6 milhões de torcedores e tem 30 mil entre sócios, sócio futebol e sócios do clube. Está muito longe. E, além disso, não sei nada desses 30 mil. Não sei se ele está no Facebook, no Instagram, se ele me segue, se ele compra, se ele gosta da camisa, então, nós vamos trabalhar com matemática, para conhecer.

Estádio próprio, nessa lógica, é o caminho?
O Pedro Abad já falou. Eu entendo ser o caminho. Dos meus livros, os últimos três foram sobre futebol. Fui ao Barcelona, ao Real Madrid, Manchester e me aprofundei. E um pouco dos EUA. O estádio é fundamental para ser sustentável.

 

A gente definiu que os jogos até o final do ano serão no Maracanã. Sem casa, não tem como ser sustentável. Então, temos de ter um que atenda a nossa torcida. No estádio próprio, eu consigo vender propriedade. Eu garanto que o torcedor vai estar. O time terá a sua casa, em campo bom, longe de qualquer outro lugar ruim.

Na sua apresentação, havia dito sobre conversas iniciais…
A primeira conversa foi com Maracanã. Primeiro, tomamos a decisão de que ele era importante. Buscamos reduzir custo e aumentar a receita. Pegar uma casa até o final do ano, que não é minha, mas eu assumo.

Depois, ver o futuro. Governo para ver se vai ter nova licitação. Não há definição. E depois ver o estádio próprio. O presidente está encabeçando o caminho, vendo terreno. Fala com pessoas para ver arquitetura, local e como vou pagar a conta. Se é via naming rigths, se é venda de cadeira, se é empréstimo.

Há prazo?
O tempo é assim: 12 meses para estruturar, 18 para planificar e colocar em ação e mais 12 para colocar em funcionamento. São três anos para começar a jogar.

Tudo o que estamos fazendo aqui a gente espera… se a gente aprovar tudo em conselho, temos a perenidade. Em qualquer lugar que é política, se tem esse risco. O estádio está nesse pacote de ações que estamos fazendo. Tem três modelos, três locais. Até o final do ano, queremos começar a contagem.

 

A principal dificuldade tricolor atualmente é financeira…
O planejamento indica que teremos dificuldade até a metade do ano que vem. Mesmo assim, se a gente encontrar uma saída não normal. Qual o objetivo? As receitas extraordinárias, ou seja, antecipação de receita e venda, têm de ser para investimento e não pagar as contas. É o pior dos mundos o atual. Temos de fazer algo não ortodoxo. Estamos vendo algumas opções para equilibrar até o meio do ano que vem.

 

Patrocínio master resolve?
O patrocínio master não resolve nada. Ajuda, claro. Vai me dar R$ 3 ou R$ 4 milhões até o final do ano. Ajuda no fluxo de caixa, mas não é a salvação da lavoura.

E qual é?
A gente prepara o lançamento de um fundo dos torcedores, que prevê arrecadação de R$ 50 milhões. Estamos vendo fundos que possam investir no clube sem ter direito de jogar, algo que a lei não permite. Estamos falando com o mercado para ver isso.

Quais os pedidos de melhorias no CT feitos pelo futebol?
Os pedidos deles não são absurdos. É melhoria no dia a dia do futebol. Alambrado que não tinha, a torre de filmar lá de cima, divisória para piscina, trocar a areia do futevôlei, sala fisiologia tem de ter a mesma temperatura e não da sala de musculação. Os móveis, a TV que não tem todos os canais, o link de internet pequeno. A sala de imprensa. A lavanderia é em Laranjeiras. A rua, estamos falando com o Sesc.

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Por Explosão Tricolor / Fonte: GloboEsporte.com / Foto: 

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