Em emocionante história de arquibancada, torcedor relata sua saga para motivar equipe do Fluminense




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Através de contato com o Explosão Tricolor, o torcedor João Hector, contou uma emocionante história de arquibancada vivida no jogo de ida contra o Nacional-URU, ocorrida no último dia 24. Vale muito a pena conferir e esperamos que sirva de inspiração para a equipe do Fluminense no duelo de logo mais. Confira abaixo:

Na última quarta-feira, dia 24, tive a experiência mais maluca da minha vida a caminho do estádio Nilton Santos para o jogo do Fluminense, e é essa história que vou contar aqui.
Estava no estádio quando o Fluminense venceu o Cuenca e se classificou para as quartas e desde então comecei a planejar minha volta para o jogo contra o Nacional. Foram exatamente 20 dias ajeitando todos os detalhes, pois quem mora longe sabe como é. Ainda mais quando se trata de caravana, o organizador sempre tem muita coisa a fazer. Chegou o tão esperado dia, saímos as 10 horas da manhã de São Fidélis, interior do Rio de Janeiro com dois carros rumo ao estádio Nilton Santos. É uma viagem de mais ou menos 300km, e tudo corria bem até chegarmos ao Rio de Janeiro, mais precisamente na linha amarela.
Eram cerca de 17 horas e eu precisava ir ao banheiro, pois já tinha algum tempo desde a nossa última parada. Estávamos presos num longo trânsito, os carros andavam de metro a metro e nesse momento o motorista falou que dava para sair e procurar um lugar. Lá fui eu, do jeito que estava dentro do carro. Sem camisa, carteira, celular, afinal era pra ser muito rápido. E foi, pelo menos essa parte. Logo assim que resolvi meu problema, percebi que havia surgido outro e dessa vez bem maior. Olhei para trás, vi aquela imensidão de carros e não fazia ideia onde estava meu pessoal. Nisso bateu o desespero afinal não conheço nada no Rio. Sai correndo em meio aos carros, pedindo a todo mundo um celular para que eu pudesse ligar pra alguém que estava comigo antes. Ninguém dava a mínima atenção, e eu até entendo devido ao caos de segurança em que vivemos hoje. Sei que durante essa correria, avistei um ambulante no trânsito e fui logo explicando a situação. Ele me emprestou o celular, porém estava desligado e demorou muito pra iniciar. Na minha cabeça quanto mais eu demorasse, mais longe estaria do pessoal e foi por isso que desisti. Agradeci e voltei ao meio da pista, fui de carro em carro pedindo ajuda, mas todo mundo me ignorava.
Depois de umas 50 tentativas frustradas, um moço resolveu me ouvir. Abaixou o vidro e assim eu pude expliquei minha situação. Mostrei a tatuagem do Fluminense que tenho nas costas para que ele acreditasse que eu estava realmente perdido e que só precisava achar meu pessoal e assim chegar ao estádio. Surpreendentemente ele abriu a porta do carro pra mim e me emprestou o celular dele, mas o único número que sabia de cabeça naquele momento e que estava comigo lá, era o da minha namorada. Nesse momento, ela junto com meu irmão e amigos já estava atrás de mim e não havia percebido que o celular estava em modo avião para economizar bateria. Portanto, nada feito. O moço do carro então me apontou a direção do estádio e me disse que estava longe, na cabeça dele uns 20km. Eu agradeci e sai, afinal tinha que arrumar um jeito de chegar lá.
Voltei ao meio do trânsito, fui seguindo o fluxo mantendo a esperança de ainda achar o meu pessoal. Sei que nessa ida de um lado para o outro, fui parar numa pista de alta velocidade com muitos carros. Nesse momento acredito que já estava chegando as 18 horas, pois começava a ficar escuro. Quase fui atropelado umas 20 vezes, pois como disse era uma pista de alta velocidade e acho que só estava lá por conta do desespero mesmo. Num desses quase atropelamentos um carro da PM me viu no meio da pista e parou. Fui correndo explicar minha situação e mostrei a tatuagem, naquele momento ela era a única coisa que poderia provar que minha história era real, eles simplesmente ignoraram toda situação e disseram que eu deveria sair de lá pois poderia me envolver num acidente. Logo após, foram embora.
Foi aí que percebi que nessa pista não iria arrumar nada e por isso decidi atravessar. Quando vi que estava num viaduto e que havia ruas lá pra baixo resolvi descer na esperança de encontrar algum pedestre que pudesse me ajudar. Rodei um pouco, sempre sendo ignorado pelo pessoal. O desespero cada vez era maior, pois o tempo ia se passando e ficava cada vez mais escuro. Foi nesse momento que ouvi um grito, olhei para trás e vi que um rapaz estava me chamando. Voltei, afinal não tinha nada a perder. Esse rapaz disse que percebeu meu desespero e me perguntou o que estava acontecendo. Pronto, tinha alguém disposto a me ouvir. Expliquei a história toda e falei que precisava chegar ao estádio pois só lá eu teria a certeza de encontrar meu pessoal. Ele falou que estávamos muito longe e que pra chegar lá era preciso pegar ônibus, metrô e trem, mas que ele ia me levar.
Era minha única chance. Mas tinha um problema, eu não tinha um real ali comigo. Nessa hora eu perguntei se ele tinha dinheiro pra me emprestar, pois chegando ao estádio eu devolveria e depois até depositava um pouco mais como forma de agradecimento. Nesse momento ele disse que era morador de rua e não tinha nada, mas que era pra segui-lo que a gente daria um jeito. Então fomos andando por um bom caminho ate chegar num ponto de ônibus. Já dentro do ônibus, ele me perguntou se eu tinha noção de onde andei e eu obviamente disse que não. Foi aí que ele deu uma risada e disse que eu havia andado pelo Manguinhos e Jacarezinho. Na hora eu não fazia noção do que era isso, mas entendi como se fosse lugares perigosos pois já havia escutado falar.
Saímos do ônibus e andamos mais um bom pedaço, sempre em vielas e depois uma espécie de trilho. Sei que pegamos esse transporte, não sei se era um metrô ou trem, mas sei que entramos sem pagar mais uma vez, afinal não tinha outra saída. Ele me disse que já ficaríamos bem mais perto quando chegássemos ao ponto. Desembarcamos e fomos andando pra outra plataforma, onde segundo ele pegaríamos um último trem. Já nesse lugar, eu pude notar que ele realmente estava sendo sincero comigo, pois comecei a ver pessoas com camisa do Fluminense e deduzi obviamente que estavam indo pro jogo também.
Nesse momento voltei pra minha estratégia, contar a história mostrando a tatuagem pra ver se alguém me emprestava um celular para que eu pudesse ligar pra minha namorada. Depois de alguns vetos, achei um grupo de 5 ou 6 jovens com camisa do Fluminense e lá fui eu mais uma vez. Expliquei a situação e dessa vez deu certo, um rapaz ligou pra minha namorada e disse que estava comigo a caminho do estádio e que me deixaria no setor sul, onde já estavam me esperando. Embarcamos no trem e daí pra frente ficou tudo mais tranquilo, eu contando minha história e todo mundo rindo da minha cara pois de fato era uma situação engraçada pra quem escutava. Detalhe que depois de tudo praticamente resolvido, o morador de rua permaneceu comigo até o Nilton Santos.
Cheguei ao estádio 2 horas depois de me perder, mas ainda a tempo do jogo, encontrei o pessoal e graças a Deus deu tudo certo. Quero agradecer, mesmo que ele nunca veja isso, ao Wallace que foi o morador de rua que apareceu como um anjo e literalmente salvou minha vida. Agradecer também a esse grupo de tricolores que me ajudou, ao moço do carro que lá no início me ouviu e me emprestou o celular, ao ambulante que tentou me ajudar também. Agradecer a minha namorada, meu irmão e aos amigos que saíram no meio do trânsito pra me procurar. Agradecer a Deus, pois só ele mesmo pra ter me dado esse livramento todo.
Enfim, essa foi a experiência que passei pra poder assistir o Fluminense. Faria tudo de novo se precisasse, afinal abaixo do escudo tatuado nas minhas costas tem a frase “somente o que sentimos, justifica o que fazemos” e ela não está lá à toa.
Que essa história sirva de exemplo a todos que representam o Fluminense hoje, que vejam o que o torcedor é capaz de passar. Sei que como eu, muitos já passaram outras situações também, apenas pela paixão ao clube. Desejo sabedoria aos dirigentes e treinador, e força aos jogadores. Saibam que que aqui fora do campo tem gente que daria a vida pelo Fluminense, então quando vocês estiverem no limite, pensem em nós, dá pra ir além. Que possamos fazer um bom jogo hoje para conseguirmos a classificação as semifinais. Vocês estão a 5 jogos da história, pensem nisso.
“Joguem com raça que nós te apoiaremos”

João Hector 

Twitter: @joaohector