ENTREVISTA – Cavalieri: “Eu tenho uma gratidão enorme ao Fluminense”




Diego Cavalieri é uma das referências do elenco Tricolor (Foto: Bruno Haddad/Fluminense FC)
Diego Cavalieri é uma das referências do FLuminense (Foto: Bruno Haddad/Fluminense FC)

Há quatro anos no Fluminense, Diego Cavalieri renovou contrato com o clube recentemente por mais quatro temporadas. Neste período, ele já se tornou ídolo da torcida, conquistou dois títulos (sendo fundamental no título Brasileiro de 2012). Totalmente adaptado ao clube e ao Rio de Janeiro, Diego Cavalieri ainda pretende jogar no Fluminense mesmo após o fim do novo vínculo, que vai até dezembro de 2018:

CONFIRA A ENTREVISTA COM O GOLEIRO NA ÍNTEGRA:

RESPONSABILIDADE DURANTE O ANO

É um processo de reformulação, muita gente chegando e principalmente alguns jovens da base tendo oportunidade. O importante é que se manteve a espinha dorsal do elenco. Jogadores de qualidade, experientes também. É claro que temos uma responsabilidade, de dar suporte para esses jovens, poder mostrar o caminho para eles. Não deixar que eles possam se perder ou cometer alguns erros que possamos evitar com conversa ou com conselhos. Mas a responsabilidade é a mesma no final. Todos tem essa responsabilidade. Claro que nós, experientes, temos suporte e bagagem para segurar mais coisas. Isso tem que ser dividido de forma moderada.

RENOVAÇÃO

Foi um processo longo, um momento complicado. Até porque o clube e patrocinadora viviam um clima de indefinição. Se aquilo ia funcionar ou não, se ia para frente ou não. Nós jogadores ficamos no meio desse fogo cruzado, tendo que aguardar e esperar. Desde quando as conversas foram iniciadas, sempre foi claro o meu desejo em permanecer e o clube também deixou claro esse desejo de contar comigo. Só faltava uma posição para o futuro, sobre patrocínio, essas coisas. Quando houve uma decisão, as coisas fluiram muito rápido, em dois dias estava tudo acertado. Fiquei feliz em ter renovado, ter acertado o meu vínculo novamente.

MÁGOA

A única mágoa que eu tenho foi o episódio em que fui chamado de mercenário (no desembarque após a derrota para a Chapecoense, quando torcedores atiraram moedas nele), porque foi uma informação que vazou de dentro do clube e eu acabei pagando por uma coisa que não tem nada a ver com o meu cárater, com a minha pessoa. Na época era o Paulo Angioni (ex-diretor de futebol) e eu falei: “Paulo, não estou preocupado com o que sai, com o que é vazado, com número, com nada. Só estou preocupado com uma coisa. Se a gente perder ou se eu falhar, vão me chamar de mercenário”. Ele disse: “não, você está louco. Que isso?! Jamais vão fazer isso”. Isso foi numa segunda-feira, depois, na volta de um jogo na outra semana, aconteceu o fato. São coisas do futebol e temos de estar preparados. O torcedor é assim, vai pela emoção.

FLUMINENSE É SUA CASA?

Estou muito adaptado, contente. Primeiro eu tenho uma gratidão enorme ao Fluminense de ter retornado ao Brasil em um momento delicado da minha carreira e depois pelo fato de ter conquistado títulos, vestido a camisa da Seleção Brasileira. Foi um clube que me proporcionou muitas coisas boas. O ambiente de trabalho é fantástico. Parece até cômodo falar isso. Nós tivemos em 2012 um ano fantástico, 2013 um ano péssimo e o ambiente se manteve o mesmo. Quando se está ganhando é fácil, mas em 2013 ele foi mantido. É um grupo maravilhoso. O estafe, as pessoas que dão suporte são pessoas sensacionais. Isso dá prazer, dá vontade de permanecer por aqui. É uma torcida fantástica, apaixonada. Isso tudo mexe, te cativa. Tudo isso me fez aprender a gostar do Fluminense.

TRISTE POR TER FICADO DE FORA DA COPA DE 2014?

É claro que eu fiquei triste, chateado. Você sonha, trabalha, se dedica para aquilo. Já vinham muitas especulações. O Julio e o Jefferson já estavam praticamente certos. Eu e o Victor brigávamos pela última vaga. Foram dois dias de um pouco de lamentação, meio pra baixo, depois passou, até porque eu fiz o que tinha que ser feito. Trabalhei, me dediquei. Se não fui, não era para ir. E quem foi merecia. Estava numa fase muito boa, todos tem qualidade técnica indiscutível, isso ameniza um pouco. Não deixei nada para trás. Isso me conforta, ameniza. Vida que segue, cabeça normal.

PENSA EM JOGAR 2018?

É um desejo. Tenho muita vontade de estar na Seleção, jogar uma Copa do Mundo. Vai depender do que eu produzir dentro de campo. Vou continuar trabalhando, me dedicando, estar em altíssimo nível e a partir daí, deixar que as coisas fluam naturalmente. Não é uma coisa que eu tenho como obssessão, loucura. Sei que preciso estar muito bem aqui para que as coisas possam acontecer. É o ciclo natural.

ATRASOS DA UNIMED – MEDO DA DEBANDADA?

Eu, no meu ponto de vista dessa situação toda, posso falar que a Unimed foi fantástica. Uma parceria que durou muitos anos, não é normal no futebol, mas foi ótimo para o clube. O rompimento desse contrato talvez não tenha sido feito da maneira ideal, por tudo que foi noticiado. Foi uma coisa boa para o clube. O Celso é um cara fantástico, ajudou muito ao Fluminense. Hoje nós vemos muita coisa virada contra ele. Infelizmente agora está havendo esse problema de atraso, mas temos que ter paciência, entender esse processo, pelo fato da pessoa que é o Celso, que sempre esteve com a gente, nos apoiando, ajudando. Vamos esperar, tomara que eles possam se resolver da melhor maneira.

É claro que essa especulação, ver os de jogadores importantes sobre sair e não sair isso gera uma instabilidade para todo mundo. Desejo que tudo possa se resolver da melhor forma para todos e que esses jogadores possam permanecer porque serão peças fundamentais neste processo de reformulação que teremos esse ano.

ENTROSAMENTO COM OS NOVOS REFORÇOS

Esse processo aqui nos Estados Unidos é importante para isso. Fortalece o entrosamento. É bom para conhecer algumas particularidades de cade um, seu jeito de ser. A grande base do grupo foi mantida, isso é importante. Porque aí quando essa rapaziada nova chega, essa base já recebe, rolam as brincadeiras, tem o batismo, enfim, são situações que o dia a dia vai colocando e deixa o pessoal mais leve, mais solto. Isso torna o processo de amizade mais rápido e sabemos que quanto mais rápido isso acontecer, melhor para todo mundo.

FOMINHA – PRIMEIRO A TREINAR, ÚLTIMO A SAIR

Isso é uma coisa minha. Eu carrego isso desde moleque, sempre fui assim. É o que eu amo, é o que eu sei fazer, o que me motiva. Não faço para aparecer, para mostrar que faço mais que alguém. Faço porque eu gosto e porque o goleiro requer muito isso. É uma posição delicada. Tem que se treinar bastante, estar ali repetindo, repetindo, porque temos que trabalhar com uma margem de erro zero. Não podemos errar. Quanto menos você errar, mais tranquilidade você vai ter no jogo, recursos em momentos importantes. Além de gostar, é porque preciso trabalhar em cima de repetição. Infelizmente a posição requer isso. O treino é intenso, puxado. A parte mental tem que ser muito forte, muito equilibrado. A parte técnica, física e mental tem que estar bem alinhada para que tudo dê certo.

GOLEIROS – FLU ESTÁ BEM SERVIDO

Meus companheiros de trabalho são fantásticos. Nós respeitamos muito um ao outro. Todos estão buscando o seu espaço, mas dentro de uma ética muito legal. São pessoas capacitadas tecnicamente falando. Como pessoas também tem um cárater excepcional. Isso faz a diferença no trabalho. O nível de qualidade puxa um ao outro. Se um faz bem a sessão você tem que ir lá e fazer melhor.

ATACANTES

O Fluminense está bem servido. Quando tem treino de finalização a gente (goleiros) sofre. Não tem jeito. O Fred é um cara que dispensa comentários. Se a bola chegar dentro da área, ele não erra, tem recurso para qualquer tipo de lance. O Walter é um jogador extremamente técnico, finaliza muito bem e quando é necessário usar a força, ele também tem muita força. E o Michael é um garoto de um potencial enorme. Tem um faro de gol, uma qualidade muito grande. É um menino para ser trabalhado, que com certeza tem um futuro muito grande. É uma maneira de elevar o nosso nível.

FLUMINENSE 2015

Eu vejo com bons olhos, com grande expectativa e poder fazer um excelente 2015. Para se chegar num clube como o Fluminense, jogador tem que ter qualidade. Estou muito tranquilo, tenho certeza que com o empenho de todos poderemos fazer um bom 2015 e superar a expectativa de muita gente.

PRETENDE SE APOSENTAR NO FLUMINENSE?

 A gente nunca sabe o que vai acontecer. Nunca tive problemas de lesão, me cuido bastante para ter um prazo maior. Se render bem, pode ficar mais tempo. Se puder aumentar o tempo de carreira no Fluminense, será o meu desejo. Espero que seja por mais algum tempo e não só por quatro anos.

QUAL O OBJETIVO QUE AINDA TEM NO FLUMINENSE?

Conquistar títulos. Já ganhei um Carioca e um Brasileiro em 2012, cheguei a Seleção Brasileira. Tomara que isso tudo se repita. Já tive ano maravilhoso, ano péssimo (2013). O Fluminense é um clube que eu aprendi a gostar, que tem uma torcida exigente, mas fantástica.

Por Explosão Tricolor / Fonte: Lance!Net