Mudanças táticas, aproveitamento da base, reforços, Renato Augusto, Marcelo e muito mais; confira a coletiva de apresentação de Mano Menezes






Mano Menezes concedeu a sua primeira entrevista coletiva como técnico do Fluminense

Na tarde desta quarta-feira, no CT Carlos Castilho, o técnico Mano Menezes foi apresentado oficialmente pelo Fluminense. Em sua primeira entrevista coletiva, o novo comandante tricolor falou sobre o desafio de comandar o Time das Laranjeiras, mudanças táticas, necessidade de reforços, relação com Renato Augusto e muito mais. Confira abaixo todas as respostas:

Desafio de comandar o Fluminense 

“Particularmente, não foi comigo que essa situação aconteceu, mas é bem comum que times campeões em anos seguintes tenham dificuldades. Porque passa a ser referência, ser mais estudado. Passa a ser o objetivo dos outros. Então às vezes as coisas não andam tão bem na sequência.

É um desafio de dificuldade, acredito muito naquilo que podemos fazer e por isso estou aqui. Ao aceitar o convite, resumo a crença que tenho nesses jogadores e na qualidade que eles têm. Uma coisa está sempre ligada à outra.

Não dá para trabalhar parte emocional desligada da parte tática ou técnica. Eu assisti o jogo contra o Vitória e você vê que o passe está pesado. Você faz coisas mais óbvias porque não quer errar. O ambiente contribui porque o torcedor está ansioso. Nos momentos mais inseguros você tem que ser simples, porque vai dar a confiança para depois eles fazerem coisas mais complexas.”

Veteranos no elenco

“O que importa é o rendimento, não a idade. Vamos tentar estancar os resultados negativos no primeiro momento, é assim que eu vejo. E sempre é importante no curto prazo tomar as decisões certas.”

Necessidade de reforços 

“As questões de reforços são internas. Não dá para ficar discutindo isso ou aquilo abertamente, pois temos um grupo. Se eu digo que eles têm qualidade tenho de ser coerente com o que estou falando. Se ficar discutindo abertamente algumas questões certamente trarão prejuízo para os jogadores e é desnecessário. Então faremos de forma interna, como tem de ser feito. Mas vamos tentar equilibrar com uma ideia um pouco mais tradicional de jogar. Eu não pretendo a longo prazo ficar usando jogadores na mesma proporção que o Diniz usava na primeira linha defensiva como Martinelli, como outros que acredito que, comigo estarão mais a frente, mais postados no meio-campo. É isso que basicamente faremos, dentro de uma ideia para que as coisas sejam mais duradouras.”

Estilo como treinador

“Não sou um técnico de uma ideia só de jogar, todas são boas e para elas serem boas têm que ser bem executadas. Temos jogadores inteligentes para entender a maneira simples que vejo futebol. Muitos deles já trabalharam comigo e sabem do que eu gosto. Eu tenho uma trajetória de 20 anos, então todos sabem o que eu vejo. Se eu negar isso, vocês vão saber.”

Mudanças táticas

“Talvez não vamos trazer tantos jogadores para a fase de construção e, sim, menos para ter mais possibilidade de esticar. Vamos jogar um pouquinho mais direto, o que não significa dar chutão, até porque não temos jogadores com características para ficar jogando bola longa para disputa. Mas que tenhamos um pouquinho mais de ambição imediata para pegar o adversário desorganizado defensivamente.

Bom, eu não sei o número de treinadores de técnicos que nós temos no Brasil, mas tenho certeza absoluta que todos eles que chegassem para substituir o Diniz mudariam o jeito de jogar, porque o jeito de Diniz é único. Então, com pequenas alterações, com maiores ou menores, certamente nós teremos uma mudança de jeito de jogar.

Não vai acontecer com uma ruptura muito grande da noite por dia, porque dois anos e meio de trabalho, se fixa uma ideia e essa ideia se tornou vencedora dessa maneira, então ela fica mais ainda na cabeça e no comportamento dos jogadores.

Mas como no futebol a dureza é sempre iminente, daqui a pouco as coisas não funcionam tão bem como funcionaram antes, você procura um pouco de explicação, nem as encontra tão objetivamente, que são as mesmas pessoas, são os mesmos jogadores, mas muda.

Muda porque a cabeça do ser humano muda. O que eu pensava no ano passado não é exatamente o que eu penso neste ano. O que os jogadores pensavam não é exatamente o que eles pensam hoje. Você vai alterando porque é assim que funciona.

Então os comportamentos também mudam a partir de pensamentos diferentes. Eu acho que com pequenas alterações, com pequenos ajustes, como eu sempre falo, e paulatinamente, progressivamente vamos fazer essa transição de modo seguro, para não criar mais instabilidade ainda para os jogadores do que eles atravessam nesse momento.”

Relação com Renato Augusto

“Decisões se tomam. São tomadas geralmente por departamentos de futebol. Pelo menos nos clubes organizados. Futebol é momento e situação específica em cada lugar. Renato é um dos jogadores mais técnicos do futebol brasileiro e contamos com ele.”

Pensa em escalar Marcelo em outra posição

“Bom, não pensei ainda sobre o Marcelo, porque vai ficar um tempo fora, mas acho um jogador diferenciado, capaz de fazer mais funções dentro de um jogo de futebol, dentro de uma equipe, e penso que o treinador tem que fazer exatamente isso. Tirar o melhor de cada um, seus momentos diferentes, nos lugares que eles podem agregar.

E é isso que nós vamos fazer, tornar a equipe mais forte possível, com o elenco que a gente tem, cuidando para respeitar essa individualidade. Essas questões de elenco que hoje você tem que gerir bem para tirar também o melhor do seu grupo e não só de um jogador individual. Estamos sempre pensando na equipe, que é o mais importante para um treinador de futebol.”

Prioridade para buscar recuperação

“A principal prioridade é fazer resultado. Porque ele é parte importante de qualquer trabalho. Acelera a evolução, os jogadores se sentem mais seguros e você vai avançando. Tem muita coisa boa do Diniz que a gente vai manter. Talvez seja o time que tenha mais tranquilidade para tocar a bola em situações apertadas.”

Diagnóstico do Fluminense

“O Fluminense está dentro de um contexto de dificuldade, certamente, não dá para você olhar de fora no futebol e fazer diagnóstico. Porque sem conhecimento de perto daquilo que é realmente o dia a dia de um clube, você tem uma ideia. Mas certamente a ideia que você tem de fora às vezes não corresponde à veracidade dos fatos.

Os momentos ruins passam, vamos trabalhar. Essa palavra meio sem graça, que não tem muita coisa, é trabalho, trabalho, respeito profissional, cobrança, porque é necessário que seja assim. Nós nos cobramos muito no futebol, o pessoal de fora olha e acha que está passando por um momento, mas a gente sofre.

A gente sofre muito mais porque sabe como o torcedor cria essa expectativa e tem que atendê-la sempre. Vamos tentar fazer agora, identificar um time e criar uma característica para que o torcedor enxergue lá dentro aquilo que ele sente prazer. Ou vai ser com uma característica que já tinha e que vai ser mantida ou sobre alguma coisa que vamos acrescentar que é a maneira de pensar de cada um. Volto a repetir todas são boas se bem executadas.”

Tempo curto para a estreia

“Sou técnico de futebol, aceito desafios, construo trabalhos e essa é minha vida. Aceitei o convite por entender que tenho capacidade em uma hora como essa de agregar experiência de ter passado por muitas situações no futebol e liderar o processo, que é um dos papeis do treinador.

Os jogadores nessa hora se sentem mais frágeis e ao enxergar alguém que em outros momentos já esteve com eles e conseguiu resultados, passa a ver a possibilidade de retomada.”

Recado para a torcida tricolor

“O recado é objetivo, é trabalhar para sair dessa situação. Mostrar alguns caminhos. Acho que objetivamente com dois treinamentos você estabelece áreas do campo em que você vai fazer o jogo ser jogado.

Procura tirar um pouco do que você pensa que o adversário vai fazer. Vamos reforçar as nossas coisas boas, que é o que dá pra fazer no curto espaço de tempo. Trabalhamos um pouco de bola parada, fiz construção de jogada partindo de trás, fiz marcação mais alta na saída de bola.

Fui passando especificamente o que eu quero que a equipe faça em termos de função. Acho isso importante, os jogadores entenderem o que eu quero deles em termo de função. Trabalhamos um pouquinho de linha defensiva, porque o Fluminense tinha uma característica diferente de jogar.

Trabalhamos pressão sobre a bola porque entendi que precisamos intimidar um pouquinho mais o adversário para não ter que voltar muito para o nosso campo para retomar a bola ficar muito distantes do gol.”

Confiança dos torcedores

“O futebol brasileiro, como um todo, é muito mandante. A nossa tradição, o fator local, influencia muito a campanha de um time no Campeonato Brasileiro. Por que isso? Porque você se sente mais à vontade, mais confiante diante do seu torcedor.

Nos momentos difíceis, o que perde um pouco é essa confiança que o torcedor vê na equipe. Ela cai um pouco, não tem jeito, a gente sabe que é assim. Mas não tem decreto nisso. Não basta eu chegar aqui como novo técnico e decretar que agora nós queremos o apoio incondicional.

O torcedor vai, ele vai fazer a parte dele, mas nós temos que entregar a nossa. E a nossa é mostrar pra ele que nós vamos encontrando aos poucos o caminho de retomada. Aí ele vai sentir que realmente as coisas vão andar. E de novo ele vai estar mais confiante juntamente conosco e vai fazer a diferença. Junto com a equipe lá dentro para, de novo, se tornar um mandante forte como tem que ser.”

Saúde mental dos jogadores

“Não dá para separar o corpo de um atleta. Trabalhar uma parte separada. Concordo que a parte mental é cada vez mais importante. Está tudo muito pesado e imediatista. As pessoas que têm frustrações levam para o futebol uma coisa pesada, muito forte.

Nós que trabalhamos nesse meio temos que estar preparados para suportar isso e render bem. Temos que trabalhar a organização da equipe. Não que não estava organizada, mas vou organizar a forma que eu acho mais adequada para esse momento e para a ideia de jogo que a gente tem.

Vamos fazer com todo o staff que temos. Brigamos muito pela causa, por tudo para que as coisas funcionem bem.”
Reencontro com o Internacional

“Por coincidência eu estreei pelo Inter no Maracanã contra o Fluminense. Parece que o pessoal esqueceu que eu fui vice-campeão do Brasileirão com 73 pontos. Está tudo muito rápido e estamos esquecendo tudo.”

Trabalhar no Rio de Janeiro

“Eu não tenho absolutamente nada por estado, por característica de futebol. Sempre que recebo o convite, analiso da mesma maneira como analisei agora. Eu acho que futebol na vida da gente é questão de oportunidade mesmo.

Os rivais sempre são os rivais, a gente chega e veste a camisa mesmo para trabalhar, faz o melhor que pode, se entrega para que as coisas funcionem bem. Sempre o objetivo de uma direção quando contratam um técnico é que as coisas andem bem.

E sempre que um técnico aceita o convite para dirigir uma das grandes equipes, como é o Fluminense no futebol brasileiro, ele quer fazer um bom trabalho.”

Aproveitamento da base

“Por onde passei, sempre utilizei jogadores da base. Talvez o Fluminense e o Santos sejam, por tradição, os que mais usam jogadores de divisão de base no time principal. Aqui estamos em um primeiro momento que temos algumas prioridades.

Tão logo fizermos isso, vamos trabalhar com todos jogadores. Já temos muitos jovens no elenco, alguns até do sub-17. Vamos conhecê-los, as características, para ver como se encaixam. É necessário em todos os clubes, seja para oxigenar os grandes custos do futebol ou também para conquistar títulos com eles.”

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Por Explosão Tricolor

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