A relação íntima entre a injustiça e incompetência






A relação íntima entre a injustiça e incompetência

Buenas, tricolada! Pois é, o Fluminense foi superior ao adversário, desperdiçou gols inacreditáveis, escolheu os piores últimos passes, chegou à linha de fundo – principalmente pela esquerda – umas trezentas vezes e cruzou mal, teve amplo domínio e maior posse de bola, mas saiu derrotado do Maracanã. De novo.
Muito cá pra nós, perdemos para um time que se acovardou, buscou uma ou duas bolas durante os 90 min., fez cera – aquiescido pela fraca arbitragem, e tem menos qualidade técnica do que a gente. Mas não adianta, futebol é bola na rede! Resultado? Botafogo 1×0 Flu, pela quarta rodada do Brasileirão 2019. Isto é, quatro jogos, três derrotas e uma vitória impensável.
Presente de grego esta derrota. Justamente na semana do centenário de Laranjeiras. Coisas dos deuses do futebol!
Eu poderia escrever sobre as injustiças do confronto, porque houve mesmo. Mas acho que é cair na mesmice e abraçar o lugar comum. Em quantas oportunidades acompanhamos essa referida injustiça num campo de futebol? Desde sempre, né?! Então, creio que seja mais honesto eu me referir às chances desperdiçadas por Luciano, Daniel, Caio Henrique etc etc etc. Sim, podemos taxar o FFC de incompetente nas finalizações. Aliás, algo recorrente nesta temporada.
É irritante a dificuldade de nego colocar a nossa bola pra dentro. E olhem que o Pedro esteve em campo desde o início, porra! E também teve lá as suas chances. Será que gastamos todo o repertório lá no Sul?
Aconteceu uma divergência de pontos de vista entre mim e meu irmão, Sérgio, no lance do Luciano, no primeiro tempo. Enquanto ele “entendeu” (não perdoou) que o cara tinha de finalizar mesmo, pois acabara de fazer uma grande jogada individual, eu discordei. Minhas convicções não se alteram em alguns conceitos, e esta é uma delas: futebol é um esporte coletivo. Ponto! Jogador tem que levantar a cabeça e passar a pelota para um companheiro melhor colocado – o Pedro estava livre, quase sobre a linha de gol do Gatito. No meu discurso, afirmei a ele que aquela bola poderia fazer falta no final do duelo. Não deu trave! Em clássicos, independentemente de quaisquer fatores, tudo pode ocorrer.
Fé em melhores dias e apoio ao time não advêm de uma vitória histórica, com virada improvável contra um dos melhores times da Série A, somente, e sim da regularidade. A equipe tem que engatar três ou quatro triunfos consecutivos. E tem jogado pra isso. Mas como o Flu tem medo de fazer gols! PQP! No Carioquinha vimos inúmeros jogos se complicarem por conta deste fato. E contra Santa Cruz, pela Copa do Brasil? E na nossa estreia no Campeonato Brasileiro, diante do Goiás? Numa boa, não há trabalho de treinador que resista a isso.
Caceta, a torcida comprou o barulho! Foi ao estádio! Fez a sua parte! E isso era cobrado insistentemente por diversas pessoas – por mim, inclusive. Tanto assim que, ao final da peleja, a galera aplaudiu a equipe… tivemos uma atuação boa, apesar dos pesares. No entanto, temos que computar mais uma derrota em clássicos regionais. Até quando essa merda vai durar?
Outra: cadê a nossa diretoria? Por qual motivo não se impôs ante a escalação do mesmo árbitro de VAR que nos prejudicou contra o Goiás? Não quero insinuar com isso que o gol do Matheus Ferraz não tenha sido bem anulado. O Pedro estava impedido, sem dúvidas. Mas e a escolha deste frouxo juiz de campo, que picotou a partida desde o começo? Que parou a rapidez dos nossos contra-ataques nas batidas imediatas das bolas paradas em nosso favor? Que levava dois ou três minutos para autorizar uma cobrança de escanteio, por exemplo? Que colaborou indiretamente com a malemolência bandida dos alvinegros? Alguém vai se pronunciar? Um dos membros da cúpula fará representação escrita junto à CBF? Falta “macho”, figuradamente falando, nos nossos gabinetes!
O Fernando Diniz surpreendeu ao escalar de início Daniel e PH Ganso. O menino de Xerém mais próximo da área e o camisa 10 organizando a meiúca de trás, como se fosse um segundo volante. Deu certo – até a página 2.
Nosso treinador dava indícios de que o Fluminense partiria pra dentro. E partiu mesmo. Imprensamos o Botafogo no seu campo defensivo, jogamos pra frente, e os dois, Daniel e Ganso, tiveram boas atuações na primeira etapa, juntamente com Caio Henrique e Luciano. Pedro esteve muito marcado, mas deu o ar da graça em alguns lances perigosos.
Contudo, no segundo período os nossos dois meias “morreram”, e o técnico poderia promover as mudanças um pouco mais cedo. O Caio manteve-se bem, sendo o desafogo, ao lado do gringo, pelo setor esquerdo. Pela direita, Gilberto e Luciano não tinham a mesma facilidade.
Talvez o Marcos Paulo incendiasse o confronto. Ele deveria ter entrado na vaga do Daniel. Passou da hora de o moleque ter as suas oportunidades. Todavia, o Léo Artur entrou bem. Apresentou-se pro jogo, bateu duas bolas pro gol adversário e obrigou o goleiro deles a trabalhar. Mostrou mais serviço do que das outras vezes em que esteve no gramado.
E por que o Kelvin? Ele chegou anteontem! O Ewandro já treina há um mês no C.T. Pedro Antônio e apenas faz turismo pela Barra da Tijuca e pelo maior do mundo. Só pode!
O gol que sofremos foi surreal. O adversário trocou passes sem ser importunado desde a sua intermediária, no melhor estilo Diniz. Rodaram a bola por diversos setores do campo até que encontraram o tal de Jonathan livre na esquerda. O Daniel – provavelmente devido ao cansaço – não apertou na marcação e o garoto lançou pra nossa área. Ferraz, até então irretocável, deixou o Alex Santana se antecipar e testar pras redes. Pronto, lá vinha o desespero.
Imediatamente o Fernando Diniz começou com as suas mexidas, mas o resultado não veio. O empate até saiu, mas como eu afirmei mais acima, o Pedro estava realmente impedido, quando cabeceou a bola no travessão.
Sempre acreditei que elenco pressupunha a coletividade de atletas à disposição, e por isto não me conformo com as premissas do nosso treinador. Ele enxerga elenco somente nos onze escalados para entrar em campo e em três ou quatro que elege como substitutos, em quaisquer circunstâncias. Ou mesmo aqueles que ele indicou, como Guilherme e Kelvin.
Ratificando, quero ver mais o Marcos Paulo, o Jotapê (sei que nem estava no banco, pois serve uma das Seleções de base), o Ewandro e até o Pablo Dyego, que é mais um dos turistas privilegiados, dentre outros.
Mantenho-me convicto quanto ao Fluminense em 2019: temos um grupo de jogadores de razoável para bom, tal qual a maioria esmagadora dos clubes da Série A; dispomos de um trabalho da Comissão Técnica com ótimo conteúdo; via de regra somos melhores – mas menos efetivos – do que os nossos “inimigos” dentro das quatro linhas; porém, temos que treinar finalizações. E sermos menos egoístas – além de mais caprichosos – no momento crucial, aquele do último passe.
Desta forma, penso que os nossos atletas poderão acabar com as desculpas e falas repetidas, do tipo “temos que virar a chave” depois de mais um revés. Devemos, sim, virar chaves após vitórias e conquistas, já que tudo de bom que acontece em determinado duelo ou campeonato é rapidamente esquecido na primeira pancada. Oras, o surrado VICE-VERSA é parte íntegra das narrativas antônimas!
Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon