Coletiva completa de Mário Bittencourt: ausência de patrocínio máster, cobranças por promessas de campanha, revitalização das Laranjeiras e muito mais




Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.



Mário Bittencourt concedeu coletiva no CT Carlos José Castilho

Na última quinta-feira (21), o presidente Mário Bittencourt concedeu uma longa entrevista à imprensa no CT Carlos José Castilho, na Barra da Tijuca. O mandatário tricolor respondeu perguntas sobre diversos assuntos, tais como: ausência de patrocínio máster, racha político no clube, cobranças por promessas de campanha, projeto clube-empresa e planejamento para 2020. Confira abaixo a íntegra da coletiva:

Afastamento de Celso Barros

Mário Bittencourt: O que eu informei é que até o final do campeonato esse afastamento seguirá. No final do ano, a gente conversa. Ele é vice-presidente eleito, isso é indiscutível. Dei as atribuições de vice de futebol, mas a partir de hoje estou assumindo. Serei também vice de futebol nessas últimas cinco rodadas. No final do ano, teremos uma conversa para saber como vai ser. O Celso buscou o caminho das redes sociais, expondo um debate interno, dando entrevistas… Não concordo com esse tipo de atitude. Diante disso, optei por afastar. A partir do momento em que o vice vai a redes sociais e à imprensa para passar a ideia de uma decisão autoritária, me senti exposto. Depois, outras postagens aconteceram, incluindo um grupo que o apoia. Postagens me atacando pessoalmente, com várias inverdades sobre a gestão.

Racha político no clube 

Mário Bittencourt: Esse discurso banalizado de união… “Precisamos de união”, postam. Aí, o cara vai na rede social e planta uma notícia mentirosa. Isso é discurso para inglês ver, rapaz. É união para inglês ver. União é o cara chegar 8h e ajudar o Fluminense. Perguntar “como posso ajudar?” Vamos ajudar, pô! É o que eu sempre fiz, trabalhei em várias gestões do clube. E quando fui oposição, nunca fui ferrenho, nunca fui maléfico, nunca plantei notícia, nunca postei nada acusando.

Cobranças por promessas de campanha

Mário Bittencourt: Não vou ficar impressionado ou pressionado porque as pessoas estão postando “ah, você prometeu”. Se daqui a três anos eu quiser seguir e os sócios entenderem que a gente melhorou a gestão e votarem, ok. Se entenderem que a gente não fez uma boa gestão, colocam outro. É democracia. É Fluminense grande. Eu insisto em não politizar a gestão. As pessoas dizem que eu falei na campanha. Lógico. Falei tudo que pretendo fazer. Numa boa, se a gente conseguir fazer 60% ou 70% do que nos programamos, posso dizer, o Fluminense vai dar um salto de qualidade monstruoso.

Ausência de patrocínio máster

Mário Bittencourt: Tivemos conversas com duas empresas, mas as verbas de marketing são definidos sempre no ano anterior. Por isso, tivemos essa dificuldade. O patrocínio é uma verba importante, mas antes de tudo é um posicionamento de marca. Por isso, não posso vender por um valor muito abaixo do que o uniforme vale. Não posso reduzir essa pedida, porque os outros patrocinadores vão se sentir prejudicados. A empresa que conversou conosco em junho deixou aberta a possibilidade de negociar de novo no final do ano.

Redução de dívidas

Mário Bittencourt: Nos primeiros cinco meses, pagamos R$ 24 milhões em dívidas. Temos um montante de R$ 700 milhões, dos quais R$ 200 milhões não estão parcelados. Estamos conseguindo avançar, e faço um agradecimento ao meu vice-presidente jurídico. O Fluminense precisa disso nesse momento. A única maneira de salvar o clube é fazer essa gestão no dia a dia.

Penhoras

Mário Bittencourt: A gente faz uma gestão diária. Fizemos alguns acordos para que os pagamentos sejam feitos em muitas parcelas com valores pequenos. Mesmo assim, há dificuldade de pagar algumas vezes. Quando isso acontece, a gente liga para o credor e pede um pouco mais de paciência. Isso tem tido um resultado de 100%.

Todos os nossos acordos estão sendo cumpridos desde que eu cheguei. Porque há essa comunicação com o credor. Assim, a gente vai se acertando. A gente ainda vai passar por muita dificuldade nesse sentido, por uns bons anos. Porque o volume de receitas é maior que o despesa operacional. O clube, inteiro, se paga. O futebol fatura mais do que ele gasta. Mas, o que come o nosso dinheiro é a dívida. Só da venda do Pedro, foram mais de R$ 7 milhões. Isso são duas folhas do futebol. Se não acontece isso, estaríamos com salário em dia.

Suposta dívida com o Samorin

Mário Bittencourt: Eles nos informaram sobre uma possível dívida e pedi para olhar os formulários, mas eles se negaram. Entraram com procedimento contra nós e vamos ver se temos de fato uma dívida a pagar. Só que já temos custos, porque temos que recorrer lá no tribunal internacional.

Venda de Pedro 

Mário Bittencourt: A venda do Pedro era a vida ou a morte do Fluminense. Teríamos mais meses de salários atrasados, não pagaríamos o profut, o 13º continuaria atrasado. E vocês criticaram, com razão. Na época, eu não vendi o Pedro para o Flamengo, porque seria uma dor grande para o torcedor. Resisti naquele momento. Depois, com a venda, eu salvei o ano financeiro do Fluminense. Se não vende, não paga água, luz, plano de saúde… Não vou reconstruir o Fluminense jogando para fora, e sim para dentro. Se não a gente não vende, não teria nenhuma outra fonte de receita. Eu não tenho um real para receber de televisão. As fontes de receita são patrocinadores, ingressos, sócio futebol… E a venda de jogadores. Não tem outro caminho. Senão, deixo o clube com sete meses de atraso salarial.

Redução de cotas de TV em caso de rebaixamento

Mário Bittencourt: Vão ser descontados lá na frente, quando a gente voltar. Não conto mais porque tenho tudo retido. Se a gente receber uma receita, vender um jogador, recebo e abro fluxo. Tenho processos que penhora o dinheiro da Globo, mas se eu receber a grana por outro meio, pago, retiro a penhora e a Globo volta a me pagar. Se esse dinheiro diminuir, vamos nos enrolar mais ainda.

Mário Bittencourt: Participei de toda a discussão. A gente não pode confundir a palavra empresa com gestão. Transformar em empresa não é salvação de ninguém. Porque empresa sem gestão também quebra. E existem clubes do Brasil que não são empresas e são bem geridos. Em que pese o faturamento muito maior do nosso rival, o presidente anterior fez um grande trabalho. Agora, os frutos estão sendo colhidos. Não dá para jogar fora todo o trabalho que o Bandeira de Mello fez lá atrás. Posso apostar que eles não vão se transformar em empresa. Porque esse projeto prevê uma possibilidade de abertura para capital estrangeiro. Ou seja, uma possibilidade de vender o clube para alguém. Só que aumenta a carga tributária de maneira proporcional. Vai aumentar de 5% para 15%. Mas eu já não consigo pagar todas as minhas dívidas.

Se o Fluminense se transformar em empresa, morre no dia seguinte. Acho que os clubes de menor porte, que não têm torcida, vão se transformar rapidamente. Se não tiver dívida… São os clubes que mudam de nome, essas coisas. Os grandes, de grande torcida, 70% ou 80% deles não têm condições de se transformar em empresa.

Defesa institucional

Mário Bittencourt: As pessoas me mandam nas redes sociais que tenho de falar todo o dia. Por que? (Dizem que) não tem defesa institucional porque não falo todo o dia. Que isso, meu amigo. É lógico que tem defesa institucional. O fato de eu não vir aqui todo o dia, não falar na rede social, não ir na televisão não significa que eu não defesa o Fluminense. Eu trabalho com gestão e com a verdade.

Respaldo a Marcão 

Mário Bittencourt: O Marcão conseguiu recuperar algo do desempenho do Diniz, mas com mais resultados. O aproveitamento, agora, é de quem está em nono ou 10º na tabela. aproveitamento subiu e está sendo melhor do que os concorrentes na linha do rebaixamento. Estou afirmando para vocês que ele vai até o final. Já disse para ele. E o motivo é a avaliação criteriosa que fazemos dentro do departamento. O resto é querer tumultuar o ambiente, que treinador foi oferecido, procuramos… Eu não trabalho para fora, trabalho para dentro. Não podemos politizar a nossa gestão. A política é até a data que termina a eleição. Depois, é gestão, para reconstruir um clube.

Sócio Futebol

Mário Bittencourt: O Fluminense precisa disso: do sócio. Nenhum patrocinador master no Brasil vai pagar mais de R$ 8 ou R$ 10 milhões por anos. Divide aí e faz a conta. Se a gente tiver R$ 5 milhões do Sócio Futebol por mês, e o Grêmio e o Inter tem muito mais do que isso, a coisa será diferente. Eu posso contratar, posso fazer melhores contratos e posso comprar jogadores.

Eu leio coisas que não acredito: “só vou ser sócio quando tiver um time melhor”. Amigo, aí você não quer reconstruir, você quer moleza. “Ah, mas você falou na campanha que tinha vontade de repatriar um ídolo”. Tenho. E vamos repatriar na gestão. Mas eu não falei na campanha que ia repatriar um ídolo ganhando um dinheiro que o Fluminense não pode pagar. Se ele quiser voltar, vai ter de entender a nossa realidade. Faço todo o esforço disso. Isso não tem nada a ver com promessas. Ninguém falou que a gente ia ter o melhor time do mundo, porra, em três meses. Entende? Temos de reconstruir o Fluminense com austeridade, respeito às regras e às instituições. Se não for assim, vai sair o Mário, vai vir outro e o Fluminense vai continuar enxugando gelo.

Promoção de ingressos

Mário Bittencourt: Ouço dizer que o Fluminense é um clube de elite. Que isso, cara! O Fluminense precisa do povo, que mora na Zona Norte, na Zona Oeste, na Baixada. Eu sempre digo isso nas minhas reuniões: o cara que vai ao jogo é de longe. Eu sei pois quando a gente jogava em Edson Passos e era vice de futebol as pessoas pediam para mandar ofício à Supervia pedindo que o trem ficasse aberto até tarde. A gente é um clube que precisa do torcedor que mora em todo o Rio.

Reclamam que tem de baixar o ingresso. Já expliquei que quanto mais eu baixo o ingresso, mais eu prejudico o Sócio Futebol. Quando eu baixo o preço do ingresso, o sócio manda um mail para a minha secretária e diz que o cara que não é sócio paga menos do que ele. Por isso, tem de ser sócio. Eu tenho de decidir como gestão, não como torcedor.

Planejamento para 2020

Mário Bittencourt: Não estamos buscando mudar o treinador no meio do caminho. Não foram feitos contatos, mas algumas pessoas ofereceram nesse período. Se a gente está na zona de rebaixamento, isso implica em várias questões para a gente se planejar. Esse é o primeiro ano em que o rebaixamento gera queda no dinheiro de televisão. Temos que esperar para discutir certas coisas.

Negociações por renovações

Mário Bittencourt: Allan e Caio são situações semelhantes. Emprestados por clubes de fora e sem opção de compra. Há conversas com representantes de atletas. Em São Paulo, por exemplo, conversei com o representante do Allan sobre possibilidade de outro empréstimo. O meu sentimento é que, se não chegar nenhuma proposta de compra, eles ficam conosco. Ambos manifestaram o desejo de permanecer. Gostam daqui, se sentem gratos ao clube, porque recuperaram o seu futebol aqui. É a mesma situação do Nino, que também quer ficar. Temos uma opção de compra por um valor significativo. Vamos iniciar a negociação. O Daniel, foi feita uma proposta. Ele, inicialmente, achou interessante, mas ainda não nos deu uma posição definitiva.

O Yony González é um jogador de um profissionalismo muito legal. Tem o contrato encerrando, há especulações, mas continua com muito profissionalismo. Houve uma manifestação do Benfica, que nos mandou uma carta, mesmo não precisando, para dizer que iniciou uma conversa. Eu mostrei a carta a ele e ele confirmou que está conversando, mas não assinou. Ele não me falou da proposta, mas disse que está aberto para conversar. Não há 100% de definição.

Revitalização das Laranjeiras

Mário Bittencourt: Temos uma reunião no dia 27 ou 28. Agora, eles vão apresentar de fato o projeto. Qual seria o tamanho, os custos… A próxima reunião é para avançar, discutir coisas técnicas. Por exemplo, há debate sobre demolição ou aproveitamento das arquibancadas. Dizem que as arquibancadas de cima estão condenadas, mas não há laudo que prove isso. Essas reuniões servem para isso também. Aproveita? Não aproveita? Dependendo da decisão, se mexe no projeto. Pelo que vi do projeto, prevê a demolição e a reconstrução das arquibancadas. Mas, temos que ver se de fato é necessário.

Presença do pai em comissão

Mário Bittencourt: Tudo no Fluminense é politizado. Meu pai é um engenheiro civil de 70 anos. Mora em João Pessoa, mas disse que, quando eu fosse presidente, gostaria de ajudar o clube de alguma maneira. Nomeei nessa comissão, porque é algo que ele domina. Ele já participou da revitalização de alguns estádios do Brasil e, no final da carreira, se especializou em reconstrução de patrimônio histórico. Trabalhou no Teatro Municipal, no Museu da Quinta, no Palácio de Cristal, em Petrópolis… Não recebe um centavo, assim como outros colaboradores dessa gestão. Não vi polêmica, mas não duvido que houve comentários mal intencionados. Ele não tem nem cargo, é só uma comissão que qualquer um pode fazer parte, desde que tenha conhecimento para passar.

Treino aberto nas Laranjeiras

Mário Bittencourt: Fizemos treinos e eventos ali, para exibir jogos no telão. Toda vez que fizemos isso, castigamos o campo. Além de que custou dinheiro. Nas outras vezes em que pensamos em treinar lá, o campo estava muito castigado. Ficamos preocupados de perder um jogador na véspera de um jogo importante. Cogitamos voltar a treinar lá antes de um dos jogos, mas temos que avaliar isso. Temos uma logística complicada, o que também dificulta. Além disso, tivemos que tirar toda a estrutura daqui para depois voltar.

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Por Explosão Tricolor

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