Colunista do UOL Esporte critica decisão de Fernando Diniz de poupar titulares contra o Fortaleza: “Planejamento foi incompreensível”




Fernando Diniz (Foto: Mailson Santana/Fluminense F.C)



Julio Gomes afirmou que o Fluminense “rifou” uma rodada do Brasileirão

Em seu blog no portal UOL Esporte, o colunista Julio Gomes criticou a decisão do técnico Fernando Diniz de poupar alguns titulares na derrota do Fluminense por 4 a 2 para o Fortaleza, no último sábado, na Arena Castelão, pela 3ª rodada do Campeonato Brasileiro. O jornalista afirmou que o planejamento do treinador para a partida foi “incompreensível”. Na opinião do comentarista, o comandante tricolor poderia ter escalado um time misto no jogo anterior, contra o Paysandu, pela Copa do Brasil. Leia o texto completo abaixo:

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“Eu adorei a opção do Diniz”. A frase me foi dita por um grande amigo, torcedor do Palmeiras. Afinal, quem pode tirar do Palmeiras mais um título brasileiro? Possivelmente só Fluminense e Flamengo estejam na resposta. O Fortaleza? Difícil imaginar por enquanto. Para o palmeirense, a rodada de sábado do Brasileirão foi perfeita: vitória sobre o maior rival e derrota do Flu.

A escolha de Fernando Diniz pode ter sido obrigatória, consensual ou à revelia da diretoria – ninguém perguntou na coletiva se era uma decisão do técnico, do clube ou se estão todos alinhados. O planejamento da semana foi incompreensível. Jogar com time titular contra o Paysandu, pela Copa do Brasil, com uma vantagem de 3 a 0 no bolso, e depois poupar os principais jogadores em Fortaleza.

É uma bola que venho cantando faz tempo. Libertadores e Copa do Brasil são torneios de mata-mata, o Brasileirão é de pontos corridos. Ninguém joga mais bola que o Flu, e os pontos corridos são vencidos por quem joga bem de forma consistente e tem elenco para aguentar. O Flu tem as duas coisas. Mas não dá para ir para cima nas três frentes. Em duas, dá.

Se o Flu jogar (ou jogasse) 38 rodadas do Brasileiro com os melhores jogadores disponíveis, ele certamente teria condições de disputar um título que não vence desde 2012, com o dinheiro mundo da fantasia da Unimed – era algo tão artificial que, quando saiu fora a empresa, o Flu caiu (para ser resgatado no tapetão). Um título raiz, na raça, com recursos próprios e nesta era atual do futebol brasileiro seria um negócio tremendo, histórico, muito valioso.



Diniz é um técnico que funciona muito melhor nos pontos corridos do que no mata-mata. Isso não é demérito, Pep Guardiola também. Não é que sejam ruins de mata-mata. É que jogos eliminatórios são aleatórios, oras bolas, qualquer pequeno detalhe muda o destino e vira classificação ou eliminação. Nos pontos corridos, os erros são diluídos. E técnicos como eles têm elencos tão na mão e conceitos tão arraigados que isso dá certo nas maratonas.

Dificilmente um trabalho frágil ganhará um campeonato longo. Mas trabalhos sólidos podem sofrer em disputas curtas.

A Libertadores tem sete times brasileiros vivos na disputa, que nem chegou ao mata-mata ainda. A Copa do Brasil tem 16 times brasileiros vivos, 15 de Série A e um que possivelmente subirá (o Sport). Ou seja, a Copa do Brasil é mais complicada de ser vencida que a Libertadores e, ainda por cima, é a terceira em importância no calendário dos clubes. O Flu pode fazer uma temporada maravilhosa e ficar de mãos vazias se pensar apenas nas Copas.

Sim, eu entendo a importância financeira da competição – a CBF fez isso, inclusive, para a Copa do Brasil não virar um estorvo no calendário. Times com o pires na mão podem priorizar a Copa do Brasil. Times que entendam que não têm a menor chance de ganhar o Brasileiro podem priorizar a Copa do Brasil. Não é o caso do Fluminense com Diniz – talvez fosse sem Diniz.

“Julio, você está se esquecendo que terça-feira tem jogo contra o River Plate pela Libertadores”. Desculpem, mas isso não é justificativa.

Diniz colocou os titulares para jogar seguidamente final do Carioca (dois domingos, com jogo no Peru no meio), contra o Paysandu (numa quarta, e foi quando eu critiquei a escolha pela primeira vez), contra América-MG (sábado), contra Strongest (terça), contra Athletico (sábado) e de novo contra o Paysandu (terça). Os caras estão jogando seguidamente, sem que ninguém seja poupado. Não parece ser problema jogar com três dias entre uma e outra.

O jogo contra o River Plate é importante, mas não é crucial para a classificação – o Flu é o único brasileiro com duas vitórias em dois jogos. Na lista acima, houve várias oportunidades para poupar jogadores. A mais clara delas, óbvio, esta da semana contra o Paysandu.



Talvez o plano nem fosse poupar contra o Fortaleza, tenha sido uma contingência em função do desgaste. Se foi isso, pior ainda.

Não estou advogando ser eliminado de propósito na Copa do Brasil. É assumir algum risco – e ele seria mínimo com um 3 a 0 na manga depois do jogo de ida. Até porque os titulares poderiam ficar no banco para o caso de necessidade. Já jogar contra o Fortaleza no Castelão seria duro com os titulares. Com time misto, era o mesmo que aceitar uma derrota de antemão.

Diniz disse: “Vínhamos conseguindo os resultados porque jogamos de maneira diferente, mas não foi a questão das trocas de jogadores. Não foi isso o que mais pesou, foi que hoje a gente jogou com menos concentração do que devia”. Existe uma razão para os titulares serem titulares e para os reservas serem reservas, oras. Incluindo, aí, capacidade de leitura de um jogo, de adaptação e de concentração. O Flu rifou uma rodada do Brasileiro, e Palmeiras e Flamengo agradecem.

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Por Explosão Tricolor

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