Em seu blog no Globo Esporte, Rodrigo Capelo publica análise sobre as Finanças do Fluminense




Dinheiro



Através do seu blog “Negócios do Esporte”, no Globo Esporte, o jornalista Rodrigo Capelo publicou uma análise sobre as finanças do Fluminense após a divulgação do balancete referente ao terceiro trimestre de 2021. Confira abaixo:

“Finanças do Fluminense: vendas de jogadores e premiações aliviam, dívida reduz, mas crise persiste”

“Navegando em águas relativamente tranquilas do ponto de vista esportivo, na briga pela classificação para a Libertadores de 2022, o Fluminense ainda enfrenta crise financeira severa.

Números referentes ao terceiro trimestre, portanto de janeiro a setembro de 2021, mostram que o torcedor tricolor tem alguns motivos para alívio e esperança, outros para preocupação com o futuro.

Neste texto, o ge passa pelos principais dados do balancete mais recente, publicado pela associação em seu site de transparência. Eles refletem o trabalho do presidente Mário Bittencourt em seu segundo ano de gestão.

Receitas, despesas e resultado

A arrecadação deve ser comparada com cuidado, entre 2020 e 2021, porque a pandemia do coronavírus causou uma anomalia em demonstrações financeiras. Como o Campeonato Brasileiro da temporada passada foi adiado e encerrado apenas neste ano, receitas que “pertencem” ao exercício anterior também foram postergadas.

Em outras palavras, significa que as receitas com direitos de transmissão seriam um pouco maiores em 2020 e um pouco menores em 2021, se a contabilidade não estivesse em um estado de exceção.

Esses são os principais destaques em relação às receitas:

  • Mesmo com a ressalva sobre verbas adiadas, os direitos de transmissão aumentaram consideravelmente, pois neles estão incluídas premiações de competições como a Libertadores
  • Patrocínios ainda respondem por uma parte pequena sobre o faturamento, mas melhoraram nos nove meses de 2021, com R$ 10 milhões a mais em relação ao mesmo período de 2020
  • Transferências de atletas são o maior alívio para o caixa tricolor. Com mais do que o dobro do que havia sido arrecadado na temporada anterior, essa linha tem sido a saída para a crise
  • A bilheteria está zerada por causa da pandemia. Com o retorno do público ao Maracanã, a tendência é que ela volte a oferecer alguma receita e melhore o quadro no quarto trimestre

Entre as despesas, a linha mais importante é a do “pessoal”, que abrange salários e encargos trabalhistas de jogadores, comissão técnica e funcionários de todo o clube. Porém, esta parte também requer cuidados por causa da estranheza causada pela pandemia na contabilidade.

Algumas obrigações referentes a 2020 foram adiadas para 2021, assim como no caso dos direitos de transmissão, o que atrapalha na comparação entre os dois períodos. A comparação entre as temporadas não deve ser feita sem considerar essa particularidade.

Entre receitas e despesas financeiras, um item de grande influência é a “variação cambial”. Em resumo: o Fluminense compra um jogador vindo do exterior, em moeda estrangeira, quando o real está em R$ 4 em relação ao dólar. Na hora do pagamento, meses depois, o câmbio mudou e levou a moeda brasileira para R$ 5,50. A diferença é a variação cambial.

Jogadores comprados do exterior causam um problema, pois saem mais caro do que previsto. A diferença negativa é a despesa financeira. No caso de atletas vendidos para fora do Brasil, o efeito é inverso. O Fluminense recebe mais do que aguardava. Aí vira receita financeira.

Além da variação, juros sobre dívidas aumentam as despesas financeiras – motivo pelo qual elas são maiores do que as receitas financeiras. Este é o ponto em que o passado tricolor mais prejudica o presente, pois desperdiça parte da arrecadação com instituições financeiras etc.

O superavit de R$ 40 milhões não indica que tenha “sobrado” dinheiro no caixa. Este indicador apenas mostra que a diferença entre receitas e despesas está positiva. Na prática, a “sobra” é consumida por dívidas.

Endividamento

Em linhas gerais, a dívida do Fluminense foi ligeiramente reduzida. Ela passou de R$ 706 milhões em dezembro para R$ 686 milhões em setembro, depois de oscilar para cima e para baixo no decorrer de 2021.

A classificação de acordo com o prazo, no entanto, aponta para um problema: o montante a ser pago em menos de um ano vem aumentando a cada trimestre. Isso gera novas dores de cabeça.

A dívida de curto prazo aumenta por alguns motivos. Algumas cobranças inevitavelmente chegam próximas da data combinada. Acordos com credores – uma das tarefas que mais dão trabalho à atual administração –, quando são feitos, também têm parte reclassificada para o curto prazo.



Por Explosão Tricolor

E-mail para contato: explosao.tricolor@gmail.com