Fluminense: futebol, finanças e política




O Fred já é página virada no Fluminense. E é assim que tem que ser. Só que as justificativas para a saída dele é que me incomodaram um pouco. Dizem que foi por questão financeira. Até acredito que sim, mas sou obrigado a fazer uma pergunta: como é que gastaram R$ 30 milhões em janeiro? O Fluminense podia pagar R$ 10 milhões pelo Henrique e acertar um salário de R$ 450 mil mensais? Tínhamos condições de apostar R$ 10 milhões na promessa Richarlison? Quero que uma coisa fique bem clara: gosto do futebol dos dois jogadores. A discussão aqui é sobre o PLANEJAMENTO FINANCEIRO para o futebol em 2016.

Em março, o Diego Souza pediu para sair. Além de ter custado quase R$ 3 milhões aos nossos cofres, o clube estava pagando pouco mais de R$ 400 mil mensais ao jogador. E se ele não tivesse pedido para sair? Certamente, ele estava dentro do planejamento financeiro do clube, correto? Sendo assim, não dá para entender o motivo de não ter ocorrido uma reposição até agora. O motivo da economia não me convence neste caso, pois o Fluminense montou uma operação de guerra para contratá-lo, ou seja, teoricamente ficamos com uma brecha para gastar.

Sobre a questão do Fred, sejamos sinceros: o Fluminense já não tinha condições de mantê-lo logo após a saída da Unimed. Muito menos de honrar com o compromisso de 4 anos. A renovação dele na época foi muito mais por questão moral e política. O Fluminense necessitava dar uma satisfação ao mercado e ao torcedor tricolor. Na época, o anúncio da permanência do Fred foi um aviso “meio marrento” (muitas vezes temos que agir assim no mundo dos negócios) de que o Fluminense podia sobreviver sem o antigo patrocinador. De quebra, houve a questão política envolvida, onde a imagem do Mário Bittencourt ganhou uma força gigantesca com a torcida, já que o comando do futebol estava todo na mão dele. Durante boa parte de 2015, o Mário era o candidato preferido de boa parte da torcida tricolor. Estou falando alguma mentira?

O grande problema do Fluminense foi justamente a política. A própria diretoria e toda a sua base de sustentação acabaram se enrolando. Aprovaram todas as ações do Mário Bittencourt, como por exemplo, a contratação milionária do Ronaldinho Gaúcho. Pergunto: podíamos ter feito esta contratação?

Está nítido que o ano de 2015 está cobrando a conta agora. E tudo por causa da pretensão política do Mário Bittencourt. Ele é o único culpado? Claro que não! O Mário não assinava o cheque sozinho. É até uma tremenda covardia colocar toda esta responsabilidade exclusivamente nas costas dele.

Diante de todo este cenário do ano de 2015, fica a pergunta: como gastamos R$ 30 milhões em contratações para esta temporada? E é nisso que entra a minha indignação depois dos últimos acontecimentos. A partir do momento em que o Fluminense resolve gastar de verdade, a impressão que me foi passada é a de que estávamos bem na fita na questão das finanças mesmo sem contar com um patrocinador máster. Alguns falam na construção do CT, ok! Mas temos que considerar que o clube anunciou um superávit de R$ 31 milhões. Além disso, o Fluminense renovou com a Globo (o clube levou R$ 40 milhões de luvas pela renovação). Cota anual (pouco mais de R$ 60 milhões), venda do Gerson (mais de R$ 50 milhões), Dryworld (R$ 13,5 milhões), Viton 44 (pagando parcelas de dívidas de cerca de R$ 1 milhão durante 8 ou 9 meses), Frescatto (R$ 4 milhões), venda do Fred (R$ 5 milhões) e outra receitas menores (mensalidades dos sócios, premiações de avanços de fases nas competições, etc…). O custo total com o futebol para 2016 está orçado em R$ 86 milhões (com as saídas do Fred e Diego Souza este valor cairá). Sei que existem dívidas, mas mesmo assim, não consigo entender esse recuo do Fluminense no mercado. Quem montou esse enrolado planejamento?

A minha intenção com esta publicação é a de promover um saudável e construtivo debate com todos vocês. Acho que o torcedor tricolor necessita enxergar o clube não somente nos gramados. Um bom time começa a ser montado nos bastidores da administração do clube. E para que isto aconteça, temos que estar atentos a tudo. Por falar nisso, é ano de eleição. Muitos salvadores da pátria surgirão. E é aí que mora o perigo. O sócio tem a obrigação de saber quem é quem neste processo. Uma coisa que aprendi após começar a frequentar um pouco mais o clube é que o problema não está no totalmente no presidente, na verdade, está na sua base de sustentação. Isso não é um problema exclusivo desta direção e nem do Fluminense, é geral, ou seja, nos outros clubes de futebol, no governo federal, estadual, municipal, condomínio de prédio, etc… Os interesses políticos sempre acabam prevalecendo e colocam tudo a perder.

Ao longo da sua gestão, o presidente Peter Siemsen mandou bem em vários aspectos. Xerém, por exemplo, deu um salto de qualidade gigantesco. O próximo presidente tem a obrigação de dar continuidade. Podemos dizer que é um grande legado da gestão do Peter. O CT é outra bola dentro, sendo que devemos agradecer eternamente ao Pedro Antônio. Alguns mais radicais dizem que ele só está emprestando o dinheiro, mas fica a pergunta: quem teria a coragem de emprestar um valor tão alto a um clube de futebol? Sem falar na atitude de comandar toda a construção, angariar doações, negociar melhores preços… Mesmo não sendo candidato, espero que, independentemente do resultado da próxima eleição, ele continue ajudando o Fluminense. Precisamos dele, não pela questão financeira, mas pela iniciativa de sempre querer o progresso do clube colocando a mão na massa de verdade.

Para terminar, um papo rápido sobre o elenco:

1 – REFORÇOS → Não vamos cair na armadilha de achar que a garotada resolverá sozinha. O Richarlison tem um baita potencial, o Pedro, do time Sub-20, idem, Danielzinho tem tudo para ser um excelente camisa 10, mas… REFORÇOS PARA ONTEM!

2 – CARÊNCIAS → Um camisa 10 e um camisa 9.

3 – CAMISA 10 → Guerra, do Atlético Nacional de Medellin, da Colômbia, e Somoza, do Independente del Valle, do Equador.

4 – CAMISA 9 → Rafael Sóbis, que está no Tigres, do México. Ele quer retornar ao Brasil. Parece que já está negociando com o Cruzeiro, mas acho que seria válido tentar. É um cara que conhece bem o Fluminense e tem muita identificação com a torcida. Costumava atuar muito bem quando o Fred não estava em campo. Além de ser bom finalizador, é um cara acostumado com decisões. Anda comendo a bola no Tigres.

5 – GASTOS → As saídas do Fred e Diego Souza representam uma economia de pouco mais de R$ 1,2 milhão mensais. Acho que com a metade dá para pagar um camisa 10 (Somoza ou Guerra) e o Rafael Sóbis.

Saudações Tricolores!

Vinicius Toledo / Explosão Tricolor

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