Implementação do voto online, processos na FIFA, análise do elenco, investimentos para a próxima temporada e muito mais: leia a entrevista coletiva de Mário Bittencourt




Mário Bittencourt (Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.)



Mário Bittencourt concedeu entrevista coletiva no CT Carlos José Castilho

No fim da manhã desta sexta-feira (17), o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, concedeu entrevista à imprensa no CT Carlos José Castilho. O mandatário tricolor respondeu perguntas sobre diversos assuntos, tais como: implementação do voto online, processos na FIFA, análise do elenco, saída de Nenê, renovação automática com Wellington, investimentos para a próxima temporada, revitalização do Estádio das Laranjeiras e jejum de títulos. Confira abaixo a íntegra da coletiva:

Implementação do voto online

“Está no nosso plano de gestão. Colocamos que desejamos implementar o voto online. Queremos que o torcedor seja ainda mais participante da vida do clube. Nós dependemos de uma interpretação do Estatuto, não de uma alteração. O Fluminense é o clube mais democrático do Rio de Janeiro. É o único clube do RJ e um dos poucos do Brasil que, há duas eleições, os sócios-torcedores têm direito de votar. Isso é um direito democrático adquirido e maravilhoso que torcedor tem. Eu perdi uma eleição em 2016 já com o voto do sócio-torcedor e venci em 2019 com o voto do sócio-torcedor. Desde 2010, a eleição do Fluminense é fiscalizada e gerida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e com urnas eletrônicas do TRE que fiscaliza e participa das eleições. Até 2016 não havia urna eletrônica. E eu perdi a eleição. E em nenhum momento judicializei nem durante, nem depois a eleição. E nunca falei que a eleição foi sem lisura. Foi limpa. Perdi. Estou fazendo essa fala aqui porque a única coisa que a gente não pode para 2022 é transformar as eleições do Fluminense no que acontece em outros clubes.. E eu falo nominalmente o Vasco, que vem em uma derrocada enorme porque há 10, 15 anos vem em uma briga desleal, insana, política, que destruiu o clube. Judicialização, urna 7… O Fluminense não tem isso. Em 2016, perdemos, mas fizemos a boa política. Em nenhum momento fomos detratores das pessoas, não criamos fake news para poder atacar a instituição, para derrubar o presidente que nos ganhou com lisura. Discordamos de muitas coisas que ele fez? Sim. Fomos críticos? Sim. O Fluminense é maior do que todos nós, do que nossas vaidades e correntes políticas. O que não pode acontecer é as pessoas inventarem uma bandeira que é nossa. A bandeira do voto online é nossa, e que estamos trabalhando para organizar. No segundo mês de gestão contactamos empresas que podem implementar e que dizem que é possível sim implementar tecnicamente, desde que se tome cuidado com questões de fraude. Nós criamos uma comissão interna para que a gente possa entregar ao Conselho Deliberativo a análise para que não gere judicialização, como de que, por exemplo, eu estivesse me usando do voto online para me manter no cargo. Mudanças feitas na própria legislação correm risco de judicialização. E não queremos correr o risco de transformar a eleição do Fluminense em uma eleição sem lisura, com deslealdade. O Fluminense é muito grande para que nós fiquemos discutindo essas pequenezas que só prejudicam a instituição. Na década de 1990 foi assim, teve um movimento chamado ‘Vanguarda Tricolor’ que jogava pedra nos vitrais do clube, invadia sala de presidente, derrubava alambrado e levou o Fluminense à Série C. Lisura acima de tudo, é isso que precisamos para 2022.”

Processos na FIFA

“As dificuldades continuam imensas, mas estamos fazendo um resgate, de recuperação, de pagamentos das dívidas, como vocês sabem. Estávamos sendo cobrados na Fifa pelo Samorin, 1,6 milhões de euros. Nosso departamento jurídico fez uma excelente defesa, conseguimos reduzir, mas fomos condenados a pagar 536 mil euros pela Fifa, que é quase um mês de folha. Temos 40 dias para pagar ou tentar um parcelamento, sob pena de ficarmos impedidos de realizar transferência de jogadores, de perder pontos, como Cruzeiro perdeu. Só de dívidas Fifa, que são dívidas a curto prazo, temos pra lá de R$ 40 milhões. Já pagamos um bom pedaço. As compras de jogadores feitas na nossa gestão, Michel Araújo e Fernando Pacheco, estão totalmente quitadas. Quitamos outra dívida, com o goleiro De Amores, cerca de 500, 600 mil dólares, e estamos pagando a dívida com o Independiente Del Valle ainda, pelo Sornoza e Orejuela, que é uma dívida gigantesca. Ainda falta 3 milhões de dólares. Estamos pagando para não vermos o nosso clube perder pontos e ficar impedido de fazer transferências. Em vez de investir em jogadores, estou pagando dívidas de compras que aconteceram há quatro, cinco anos. Toda a premiação que recebemos na Libertadores foi bloqueada por dívidas trabalhistas com jogadores que jogaram em 2010, 2011, 2012… A situação é muito difícil, mas mesmo assim, mesmo com pandemia, perda de receitas, sem público nos estádios, estamos sobrevivendo.”

Projeto de reconstrução do clube

“Era importante que, independente do resultado na Copa do Brasil, pudéssemos falar com os torcedores e jornalistas sobre como segue o nosso projeto de reconstrução, especialmente no que tange ao Departamento de Futebol, que é, sem dúvida, o carro-chefe da instituição. Independentemente dos resultados recentes, seguimos com um projeto sólido e, especialmente, coerente, no que tange à reconstrução do Fluminense. Em 2019, a nossa equipe, que faz um grande trabalho, assumiu o clube, que vinha de anos sem disputar as competições no topo, sem sequer figurar na primeira página do Campeonato Brasileiros. Iniciamos um trabalho de gestão dentro de um clube que já tinha seu planejamento para aquele ano. Chegamos em uma situação ruim, com o clube entre os últimos quatro colocados do Campeonato Brasileiro. Conseguimos, no final de 2019, mesmo com o trabalho em andamento, ficar na primeira divisão e se classificar para a Copa Sul-Americana. Em agosto de 2020, logo depois de um resultado adverso, eu estive aqui e falei sobre o nosso planejamento para o restante de 2020/21. Eu dizia que a nossa ideia era se classificar para a Pré-Libertadores. Fomos mais longe e conseguimos a classificação direta para a Libertadores, graças à 5ª colocação no Brasileiro. A montagem de elenco é sempre complicada e dolorosa, especialmente para um clube que, de uns anos para cá, vive uma situação financeira difícil, não somente em razão da diminuição de receitas ao longo do tempo, mas em razão da enorme dívida que possui, dificultando o fluxo de caixa, em especial, para grandes investimentos. Trabalhamos com austeridade, credibilidade e estabilidade. A estabilidade interna, em que não trabalhamos com política, mas única e simplesmente tentando recuperar o clube, faz com que, mesmo com os revezes no campo, sigamos sólidos para reconstruir o trabalho, a história e recolocar o Fluminense no topo das competições. A minha mensagem é para que o nosso torcedor acredite que viemos, sim, em um viés de crescimento financeiro, de reestruturação, de marketing, no Sócio-Futebol e dentro do campo, em que pese a enorme dificuldade financeira que ainda temos e teremos por algum tempo. No ano passado, ficamos entre os cinco primeiros colocados do Campeonato Brasileiro; fomos precocemente desclassificados das competições eliminatórias. Em 2020 e 2021, disputamos a final do Campeonato Carioca contra o nosso arquirrival. Acabamos ficando com o vice-campeonato. É pouco para o Fluminense, que é um dos maiores vencedores do campeonato. Mas nós temos de convir que, em 2019, nós havíamos ficado em 5º no Campeonato Carioca. Em 2021, voltamos a disputar a Libertadores e conseguimos chegar um pouco mais longe na Copa do Brasil. Nosso objetivo, em 2022, é voltar a disputá-las.”

10 anos sem títulos importantes

“Em que pese as pessoas consideram que não foi um título, mas eu considero, o Fluminense ganhou a Primeira Liga em 2016. Não era nem minha gestão. Eu considero um título importante, era um movimento de mudança no futebol brasileiro e quando entro na Sala de Troféus ela tá lá. O Flu foi campeão brasileiro em 2012, em 2013 teve um ano muito ruim, quase caiu, mesmo com muito investimento. No ano seguinte, já com a saída do investimento (Unimed), ficamos em sexto no Brasileiro. Em 2015, fomos até as semifinais da Copa do Brasil. Em 2016 ganhamos a Primeira Liga. E de lá para cá, concordo que o clube deixou de ser protagonista. Brasileiros de 2017, 18 e 19 o clube sempre ficou na segunda página do Brasileiro. E disse sempre que nosso objetivo era voltar à primeira página do Campeonato Brasileiro.

Os mais jovens que pegaram aquele momento de três, quatro anos – o patrocinador ficou 15, mas só fez grande investimento em três quatro -, vale lembrar que o Fluminense já teve momentos no passado muito mais dolorosos que esse que estamos vivendo. O Fluminense ficou de 1984 a 2007 sem ganhar um campeonato nacional. O Fluminense nos anos 1990 foi ao fundo do poço, à Série C. Ficou de 1985 a 1995 sem ganhar um estadual. E mesmo de 1995 a 2005, também teve momento de enorme dificuldade, brigamos contra o rebaixamento por diversas vezes, mesmo com grande investimento. Em 2008 quase caímos porque estávamos focados na Libertadores. Em 2009 também, mesmo com um time com Conca, Mariano, Fred, Maicon, Alan… Por que falo isso tudo? Porque é a história da instituição, é cíclica, passa por bons e maus momentos.

Por que trabalhamos com uma gestão de estabilidade? Porque entendemos que pegamos o clube muito perto de voltar para aquela fase tenebrosa. E criamos estabilidade para que o clube tenha perenidade e volte a ganhar títulos em breve. “Ah, mas se não for na sua gestão?”. Não há problema nenhum, pode ser na próxima. Nosso arquirrival (Flamengo) teve uma gestão de recuperação financeira, de estabilidade e hoje está colhendo os frutos. Eu estou aqui de passagem para fazer com que o Fluminense possa colher os frutos. E é por isso que não podemos sucumbir aos momentos de derrota, de tristeza. Precisamos absorver as críticas, mas precisamos reconstruir o Fluminense.

O Fluminense já se reconstruiu algumas vezes. Vou citar um presidente que muitos não conhecem, o Fabio Egypto, que foi presidente na década de 1980. Ele foi presidente logo após o tri carioca e o título brasileiro. Ele até hoje é criticado por não ter ganhado nenhum título. Mas como advogado trabalhista eu posso te afirmar que a gestão dele saiu sem um real de dívida. Ele preparou o Fluminense para a gestão seguinte, que, infelizmente, não foi bem feita, que levou o clube, dez anos depois à terceira divisão. Mas ouço críticas enormes a esse ex-presidente, que não conheço, não é meu amigo. Se quem tivesse vindo depois tivesse mantido o trabalho austero e montado um time de futebol, teríamos feito uma década de 1990 muito melhor. Ele aproveitou o momento de títulos, fez algumas vendas, botou dinheiro no caixa e colocou o clube zerado para o clube recomeçar o caminho de vitórias. Quem veio depois não soube aproveitar.

Pegamos o clube com R$ 700 milhões em dívida e já pagamos mais de R$ 150. Estamos preparando o clube para o futuro. Queremos ganhar títulos? Claro. E cada dia mais somos mais competitivos. Chegamos em duas finais seguidas de estadual, daqui a pouco conseguimos vencer. Queremos repetir a Libertadores ano que vem, chegar longe na Copa do Brasil, disputar G-6 do Brasileiro. Isso é reconstrução, leva tempo. Eu sei que é difícil, que as pessoas são impacientes, mas nós que estamos aqui dentro precisamos manter o clube estável.”

Revitalização do Estádio das Laranjeiras

“Contratamos uma empresa que produziu um laudo que diz que o estádio está de pé. Ou seja, não está condenado, mas precisa de reformas. O nosso projeto é brigar pela manutenção do Maracanã como nossa casa e ter Laranjeiras para cinco ou seis jogos por ano, incluindo Campeonato Carioca, primeira fase da Copa do Brasil e jogos festivos. Há menos de 15 dias, foi publicada, no Diário Oficial, a aprovação da primeira verba do projeto executivo de restauração da sede. Com o laudo dizendo que o estádio fica de pé, precisamos de um projeto executivo para desenhar a reforma do estádio. Através de leis de incentivo à cultura, o Fluminense conseguiu a aprovação do projeto e vai receber uma verba para poder contratar o projeto executivo. Esse projeto é que vai dizer quanto é que vai custar a reforma do estádio para colocá-lo em condições de jogo. Não conseguiremos para janeiro de 2022. Acredito que só para o início de 2023, em razão da espera pela aprovação do projeto. Havia uma burocracia, no bom sentido, de juntar documentação, plantas do clube, o laudo… Acredito que em breve, em um ou dois meses, iniciaremos o projeto executivo. Aí, sim, vamos apresentar a maquete, onde vão ser as reformas. Faremos uma licitação para que uma empresa seja escolhida para iniciar o projeto executivo de reforma e restauração das Laranjeiras. O estádio e a sede são tombados como patrimônios históricos. Seremos fiscalizados por órgãos como Iphan e Inepac, que, inclusive, fizeram parte da discussão burocrática para a aprovação do projeto.”

Relação do Fluminense com o empresário Eduardo Uram

“A relação do empresário Eduardo Uram com o Fluminense é a mesma de todos os outros empresários que possuem jogador no Fluminense e em todos os clubes no futebol brasileiro. Não existe hoje jogador em nenhum clube do mundo que não tenha empresário. A relação dele é muito anterior à minha chegada ao clube. O Eduardo Uram, por exemplo, foi quem trouxe o Mariano para o Fluminense em 2009, é empresário do Cuca, hoje no Atlético-MG, do Guilherme Arana, que tentei contratar, mas não conseguir por condições financeiras. É também é empresário do Yago Felipe, que veio de graça para o Fluminense, que tem 70% dos direitos econômicos, cedidos de forma gratuita. É também é do Firmino, Lomba, Wellington Nem, de uma série de jogadores. A relação com ele é como todo e qualquer empresário. As pessoas gostam de falar dessa relação porque acham que ela me inibe de alguma forma, mas não tenho nenhum problema em relação a isso. O empresário do Calegari é o mesmo do Miguel, que é o mesmo do David Braz… Existem cinco ou seis grandes grupos de empresários. Os outros todos são parceiros desses seis grandes, que administram a carreira dos jogadores do futebol brasileiro.”

Ausência de opção de compra em antigo contrato de Caio Paulista

“Os dois empréstimos do Caio Paulista foram gratuitos. Em 2020, ele tinha uma proposta para ganhar mais do que aqui, mas optou por vir para o Fluminense. Era uma promessa que ele tinha feito à mãe de que retornaria para cá. O jogador estava na Tombense, emprestado ao Avaí, iria para o Inter e veio para cá, sem nenhum valor pago a título de empréstimo. Só existe opção de compra quando você paga pelo empréstimo. O caso do Nonato, por exemplo. Estamos pagando ao Inter pelo empréstimo e exigimos um direito de compra, porque já estamos gastando um dinheiro antecipado, então tem que ter essa opção.

O Caio teve muitas procuras em 2020, de clubes da primeira divisão, porque foi pouco aproveitado aqui. Mas nossa equipe de futebol, departamento, scout, viram um potencial para 2021. E aí fomos ao representante e solicitamos um novo empréstimo também gratuito, sem opção de compra. Por quê? Porque não tínhamos a certeza que ele iria performar, mas achávamos que ele tinha essa condição. Quando foi chegando perto do fim, informamos que tinha um interesse de comprar o atleta. O Tombense colocou um valor que acredita ser o de mercado do jogador e a nossa equipe interna concluiu que era um jogador que tinha um potencial para fazermos um investimento. E quando fazemos um investimento em um jogador, fazemos um contrato longo, porque estamos aportando um valor e se o contrato for curto e ele for embora o investimento vira pó. Foi uma operação absolutamente normal dentro dos padrões de mercado. Ele tinha propostas de clubes da Europa, não de primeira linha, mas que pagariam muito mais que nós, mas foi desejo do jogador continuar performando no Fluminense.”

Saída de Nenê

“Um exemplo de saída extremamente bem-sucedida, onde todas as partes ficaram felizes foi a saída do Nenê. Ele queria um contrato mais longo, queria jogar mais dois anos. Nós dissemos que neste momento não tínhamos conversar sobre esse assunto com ele, porque ainda não temos o valor que vamos receber para investimento. E ele me pediu para fazer a rescisão porque estava indo para um lugar onde conseguiria um contrato um pouco maior. Fizemos uma reunião extremamente transparente, amistosa, rescisão de comum acordo, acertamos o que tínhamos de pendência e ele seguiu o caminho dele ao Vasco. Foi uma saída extremamente rápida. Ele deu o máximo que podia aqui, nós entregamos muito carinho, respeito. É assim que funciona o futebol.”

Decisão de renovar o contrato com Matheus Ferraz

“O jogador foi procurado pela Chapecoense e por mais dois outros clubes da primeira divisão. Em 2014, quando fui vice de futebol, eu ouvia do departamento de futebol o seguinte. Zagueiro, se você tem seis, você tem cinco; se você tem cinco, você tem quatro; se você tem quatro, você não tem nenhum. Porque zagueiros se machucam muito, recebem muito cartão. E a experiência, hoje, me fez entender que é preciso ter um time de zagueiros para disputar três competições. Sabíamos da possibilidade do Nino ir para Olimpíada, de uma possibilidade que não aconteceu de ele receber proposta no meio do ano, o Luccas Claro foi muito bem e poderia chegar proposta, e ele tem uma cláusula de saída para o exterior exigida na renovação. E quando o Matheus foi procurado, entendemos que seria melhor estender o contrato para termos uma garantia dessa quantidade de zagueiros. Além de tudo isso e de ele ser um grande jogador, é um cara muito importante para nós, um grande líder, um jogador extremamente aplicado, que nos ajuda muito internamente no dia a dia. E em algum momento ele vai ser utilizado, relacionado. Foi uma decisão de critério técnico.”

Cláusula de renovação automática com Wellington

“É mais uma negociação que colocamos uma cláusula, sim. O pedido do atleta era vir por dois anos. Nós não queríamos fazer dois anos fixos. O atleta foi um pedido da comissão técnica que aqui estava, não é uma crítica, porque ele vem contribuindo conosco. Mas os torcedores precisam entender que dentro das contratações, tem a opinião do departamento de scout, do diretor-executivo, do treinador que está no momento, da comissão permanente… Como o atleta tinha histórico de algumas cirurgias, o nosso departamento médico nos orientou a fazer um contrato de um ano e que colocássemos uma cláusula de performance, no sentido que se ele estivesse apto a jogar um percentual X de jogos, se não tivesse lesões, se tivesse fisicamente bem, poderíamos colocar cláusula de extensão de contrato. Foi uma cláusula para nos proteger. De cabeça confesso que não sei esse percentual, se ele já atingiu. As negociações estão sempre abertas. Ao fim do ano sentaremos com o representante para analisar a cláusula e com a comissão técnica, para saber se é o desejo de seguir ou não com o atleta. A grande dificuldade que temos no futebol brasileiro é que a legislação determina que se o clube dispensa o atleta sem uma negociação é obrigado a pagar o contrato até o fim. Não vamos cometer o erro cometido aqui no passado de dispensas motivadas por whatsapp, e-mail, cartinha, porque isso gerou um passivo de mais de R$ 70 milhões para o clube.”

Polêmica em torno da declaração feita por Luccas Claro após a eliminação na Copa do Brasil

“As pessoas, no calor da emoção, na chateação pela eliminação, deturpam algumas coisas que os jogadores falam. Quando o jogador (Luccas Claro) diz ‘seguimos de cabeça erguida’ é porque segunda-feira temos um jogo importantíssimo para voltar a brigar pela Libertadores. Foi o que aconteceu na final do Estadual. Perdemos no domingo, estavam todos de cabeça baixa no vestiário, chorando, e tínhamos que regatá-los porque em três dias enfrentaríamos o River Plate no Monumental para se classificar na Libertadores. E nos reerguemos e assim vamos fazer enquanto estivermos aqui.”

Retorno do público aos estádios no Brasileirão 

“Os 19 clubes querem que o público retorne, a gente também quer. É ruim ver o Maracanã vazio. É difícil jogar sem. É um desejo de todos. A única discussão é que a competência para abrir o estádio é das prefeituras e das secretarias de saúde, já a competência para alguns terem público e outros não, é dos clubes. O Fluminense quer a volta, tanto que fez um pedido para ter público contra o Barcelona de Guayaquil, todos querem. A discussão que teve no conselho técnico era se é justo alguns terem torcida e outros não. A conclusão foi que não era justo. A maior punição é tirar a torcida e hoje estamos todos “punidos” pela pandemia. Na concepção do colegiado não é justo que alguns estejam com e outros sem. Há nova reunião dia 28 e há o consenso que voltemos dia 2 de outubro a ter público caso todos estejam liberados.”

Novos planos de sócios

“Quando fizemos a pesquisa sobre o motivo de ser sócio, a maioria diz que é para ir aos jogos. Interrompemos o lançamento no ano passado e fizemos um trabalho, que começou pela torcida e o clube abraçou, do #ÉPeloFlu. Conseguimos a retenção desses sócios. Mesmo sabendo que não haveria público, 30 mil pessoas se mantiveram. A tendência é que a gente lance daqui a um mês o novo plano, com a abertura do estádio. Nos primeiros jogos vamos privilegiar os sócios que pagaram esse tempo todo. O Fluminense não tem prejuízo quando coloca sua torcida no estádio, vamos privilegiar quem ficou, não vamos nos preocupar com a questão financeira, mas com quem ficou. O protocolo que o Fluminense defende é só de vacinados. O PCR custa muito caro, uma ida ao estádio de uma família custa R$ 1500, não faz sentido fazer isso com o torcedor. A tendência é que os sócios estejam como convidados do Fluminense.”

Ato Trabalhista

“O Ato Trabalhista nós cumprimos integralmente, encerrou o prazo, não fomos excluídos. Agora existe uma discussão técnica porque a lei da SAF permite que o parcelamento da dívida seja feito em seis anos. Ainda não há entendimento do tribunal trabalhista se será feito em mais três ou mais seis. Estamos em discussão técnica aguardando um posicionamento do tribunal do RJ. Recentemente o Vasco foi executado em toda sua dívida trabalhista. A regra atual diz que se você apresenta um plano e ele não é aceito, toda a dívida entra em execução no dia seguinte, aí o clube engessa de vez. Estamos estudando há dois meses para decidir o caminho que temos que tomar com relação ao Ato.”

CNDs e Esportes Olímpicos

“Dividimos o passivo em mais R$ 45 milhões. Isso em pagamento de dívida e negociações, especialmente com a PGFN. A gente vem negociando uma transação tributária e, possivelmente, até o fim do ano vamos conseguir nossas CNDs. E aí temos alguns projetos pré-aprovados para os Esportes Olímpicos, para que, com esses projetos, mitiguemos os riscos e a partir de 2022 negociar essa conta e gerar esse prejuízo que estamos tendo também muito em razão da paralisação das atividades no clube. Uma das grandes fontes de receitas desse departamento são as escolinhas e com o clube fechado, elas sucumbiram. Com o retorno das atividades poderemos mitigar isso.”

Patrocinador máster para as categorias de base

“O trinômio de austeridade, credibilidade e estabilidade nos faz ser vistos de outra maneira pelo mercado. A conquista do patrocínio master e de outros patrocínios, além de investidores que hoje nos procuram e com quem temos conversas em aberto, fez com que o Fluminense voltasse a ser respeitado no mercado, o que era a nossa principal ideia. Tivemos uma grande conquista nesta semana. Conseguimos um patrocínio master para a base. A Avanutri, que é líder no mercado de softwares otimizadores de serviços de saúde, vai estampar sua marca nas equipes masculinas das divisões de base. A empresa vai criar um centro tecnológico de recuperação de atletas, privilegiando sua saúde, para que possamos, cada vez mais, formar e, em especial, utilizar grandes jogadores no Profissional.

Em um jogo da Libertadores, tivemos cinco jogadores da base entre os titulares com menos de 20 ou 21 anos. É um dado importante. Acho que nenhum clube disputou a Libertadores com cinco jogadores da casa e em uma idade ligada à imaturidade. Em nosso trabalho de reconstrução, nós utilizamos jogadores da casa. Na coletiva de 7 de agosto de 2020, eu avisei que o Luiz Henrique era um menino de enorme potencial, subindo naquele momento, e que precisávamos ter paciência com ele. Hoje, é nosso titular. É esta paciência que eu peço a vocês. A reconstrução do clube vai levar algum tempo, mas se dará de maneira sólida e coerente.”

Análise do elenco

“Temos um time competitivo. Um time com poucos recursos de investimento, com folha salarial baixa, precisa competir. Entendi isso em 2019 quando jogávamos um futebol muito bonito – e eu gostava muito e gosto do treinador, o Diniz -, mas percebi que quando temos dificuldade com o time, temos um elenco enxuto. E optamos por ter um futebol mais de competição, para equilibrar. E, com erros e acertos, somos competitivos. Competimos lá em cima, temos dificuldades contra os times de altíssimo investimento, mas, mesmo assim, tanto contra o Barcelona-EQU e o Atlético-MG, tivemos em algum momento a sensação de que podíamos ter nos classificado, e por isso a frustração minha, dos jogadores, da comissão técnica e dos torcedores. Conseguimos mostrar que éramos competitivos. Ganhamos do River na Argentina, ganhamos do Cerro no Paraguai, vencemos nosso arquirrival que tem investimento oito, nove vezes maior que o nosso. A gente mostra para o nosso torcedor que somos competitivos. E quando não vamos adiante, gera frustração. Mas mesmo após os revezes, é continuar fazendo o trabalho para conseguirmos voltar a disputar a competição no ano que vem. Nosso objetivo de momento é voltar para a Libertadores ano que vem e ser mais competitivo ainda. Óbvio que estamos tristes.”

Investimentos para a próxima temporada

“Eu já adianto aqui à vocês, que a gente justamente por não ter abundância de recursos e ter uma dívida gigantesca que nos consome o fluxo de caixa, a gente é obrigado a esperar um pouco, até o final do ano, para fazer novos investimentos, para saber em que competição a gente vai estar. Por que a gente conseguiu aumentar o investimento no time de 2021? Porque com as receitas da Libertadores a gente canalizou todas essas receitas para o departamento de futebol que conseguiu fazer contratações um pouco mais pesadas do que havia feito em 2020. A gente vai conseguir, pontualmente, reforçar um pouco mais o elenco, mas repito, gradualmente, tijolo por tijolo, a gente vem fazendo com que o Fluminense volte a protagonizar dentro das nossas condições e assim a gente vai seguir em frente com o nosso projeto sólido, de recuperação da instituição, que obviamente vai culminar com a recuperação dentro do campo, com as conquistas dentro do campo.”

Críticas da torcida ao trabalho de Paulo Angioni

“Ele é o diretor executivo de futebol do clube, chega aqui todos os dias às 7h da manhã, vai em todas as viagens com o time, decide junto com a comissão técnica o planejamento diário do futebol e exerce toda a função dele. As pessoas falam muito em profissionalismo e temos todo um modelo de futebol. O departamento tem um diretor executivo, scout, comissão técnica remunerados e não tem uma figura política, que é o vice de futebol, que alguns clubes têm e quase não ouço falar. Não diria que é uma figura decorativa, mas é uma figura política. O fato de ele falar ou não com a imprensa é uma opção dele, que opta mais pela discrição, sempre foi assim, tem mais de 40 anos de futebol. É um profissional que gostamos muito, que acreditamos no trabalho. A gente trabalha muito internamente aqui. O Paulo gera muita estabilidade. Porque ele é muito experiente. E no nosso país temos um defeito grave, que é menosprezar os cabelos brancos. Mas eu ouço muito as pessoas que estão nesse negócio há muitos anos. E é por isso que somos estáveis, pois temos um cara equilibrado, que está fazendo o trabalho dele. Eu, como presidente, atuo em todas as funções do clube. Não acumulo cargo no futebol. No fim das contas a responsabilidade é toda minha.

Em negociações de compra e venda, a parte técnica é decidida pela parte técnica, mas a parte financeira é discutida pelo presidente e pelos comitês financeiro e jurídico do clube. E trouxemos também um profissional para ajudar o Paulo Angioni no futebol, que é o Aníbal Rouxinol, que veio do Botafogo, que é um gerente jurídico específico do futebol hoje. Quando se tem que negociar os contratos vai o Aníbal. Mas todas as discussões de renovação é o Paulo que faz tudo.”

Renovações de contrato

“Setembro é conhecido como o mês “triangulo das bermudas” do futebol por conta das lesões e alguns jogadores estão em fim de contrato e procuram organizar o futuro. O clubes têm dificuldades nesse período porque a gente já começa a pensar no ano seguinte, mas ainda tenho 18 rodadas do campeonato para me classificar e preciso de todos os jogadores do elenco. Exceto em casos específicos, só vamos discutir renovação a partir de dezembro em 2021. Se acontecer uma questão pontual ou inversa, ou seja, se alguém procurar um jogador nosso em final de contrato e nossa comissão técnica entenderem que é um jogador que é importante para o ano que vem e iniciaremos uma processos e renovação. Por enquanto a rega é essa, só falamos de renovação no final da temporada, como aconteceu no caso do Nenê e do Matheus Ferraz.”

Liberações antecipadas de Kayky e Metinho para o Grupo City

“A relação é muito boa. O Fluminense não tinha uma relação boa com o Grupo City, por uma questão que houve no passado aqui, há cinco, seis anos, onde o clube tinha uma situação encaminhada com eles e acabou não cumprindo o que combinou. Era uma relação que precisava ser reconstruída e foi conosco. Fizemos a venda dos dois atletas. A ideia inicial era que eles pudessem ficar mais um tempo aqui. Mantivemos e percentual dos atletas e os bônus que o Fluminense tem são quando esses jogadores estiverem jogando em seus futuros clubes. Fazer uma parceria é entender que o desempenho esportivo deles precisa estar em desenvolvimento. O Kayky começou o ano jogando, inclusive como titular, e houve uma baixa natural pela idade, até porque o nível de Brasileiro e Libertadores é diferente de estadual. O soberano é o campo. Tanto para escalá-lo, quanto para tirá-lo. No caso do Metinho, na posição que jogava tinha Martinelli, André, outros jogadores da casa na frente e ele dificilmente seria aproveitado.

Mantenho contato constante com os representantes do grupo e vínhamos discutindo quinzenalmente a questão das performances. Em algum momento, quando eles não estavam mais sendo utilizados por critérios técnicos, houve um entendimento na parceria, que era importante eles estarem seguindo para lá para se adaptarem ao futebol europeu. Consultamos a comissão técnica se eles concordavam ou se pretendiam usar com frequência. Eles disseram que os atletas estavam no grupo, mas que não viam visualização de utilização constante. E junta tudo isso à cabeça do atleta, que sabe que em janeiro não vai estar mais aqui, que vislumbra estar morando na Europa, ganhando novo salário, vestindo a camisa de um clube europeu. Isso tudo foi conversado amigavelmente com todas as partes e decidido em comum acordo.”

Futura parceria com o Grupo City

“A relação continua ótima, seguimos debatendo, ainda de maneira primária, uma parceria de longo prazo com o grupo, que possa trazer questão de metodologia para o Fluminense e vice-versa, para que possamos fazer intercâmbio de profissionais para aprender a metodologia do Manchester, e outras parcerias na compra futura de jogadores. Mas não tem nenhum desenho. Faço com algumas reuniões com o representante aqui no Brasil e pretendemos em 2022 avançar ainda mais nessa relação porque eles foram muito corretos conosco, muito dignos.”

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Por Explosão Tricolor

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