Nunca foi culpa da torcida




Foto: Vinicius Toledo / Explosão Tricolor



Desde o início da quarentena, diversos veículos de comunicação têm realizado enquetes sobre os mais variados assuntos. No caso do futebol, não faltaram temas. E o Fluminense nessa história? Pois é, a torcida tricolor vem dando um grande show de engajamento. Até o momento, o canal SporTV realizou seis enquetes sobre reprises de jogos do Fluminense. Em todas elas, os tricolores venceram as torcidas rivais. Vale destacar que a torcida do Flamengo foi batida em duas delas.

Além do SporTV, o diário Marca, da Espanha, promoveu uma enquete sobre o escudo mais bonito do mundo. E o escudo do Fluminense estava entre os candidatos. Sendo assim, a torcida tricolor se mobilizou nas redes sociais para colocar o clube no topo. Sites, páginas e perfis tricolores jogaram junto e o escudo tricolor assumiu a ponta durante dois dias. Porém, “do nada?”, o Raja Casablanca, do Marrocos, somou quase 90 mil votos em apenas duas horas e, consequentemente, ultrapassou o Fluminense. Com quase 170 mil votos, o Tricolor terminou a disputa na terceira colocação.

A performance da torcida do Fluminense nas enquetes realizadas durante o período da quarentena não me surpreende em nada. Em 2017, por exemplo, os torcedores bateram o recorde nacional de crowdfunding referente ao financiamento da Flu Fest 2017. No final da década passada e início da atual, a torcida venceu mais de uma vez a eleição do craque da galera, realizada pelo GloboEsporte.com, mas que era uma disputa oficializada pela CBF. Quem possui a real noção da grandeza da marca tricolor sabe do potencial da torcida. O grande problema é que o clube jamais soube trabalhar o engajamento do seu torcedor.

Na “era de ouro” da história recente do Fluminense, entre 2007 a 2012, praticamente nada foi explorado pelo clube. O máximo que o torcedor teve à sua disposição foi uma ou outra camisa comemorativa. E olhe lá. Nem a imagem de ídolos como o Fred, Conca, Deco, Thiago Silva e Cavalieri foram exploradas. Quem não gostaria de ter, por exemplo, uma coleção de mini-craques deles? Pois é, grandes oportunidades perdidas.

Ao longo dos últimos anos, as gestões e os seus simpatizantes políticos criaram a lenda de que a situação ruim do Fluminense é culpa exclusivamente da torcida. Baita cara de pau! Quem me acompanha há anos sabe um pouco da realidade dos fatos. Portanto, não perderei meu tempo para detalhá-los, pois a intenção do texto é outra, porém, não poderia deixar de mencionar essa parte da história.

Com a pandemia do novo coronavírus, um novo mundo surgiu. Sendo assim, será necessário bastante criatividade para sobreviver com o mínimo de dignidade, caso contrário, muitos ficarão na saudade. Mais do que nunca, empenho, dedicação e profissionalismo acompanhados de conhecimentos técnico e, principalmente, de produto, serão essenciais para fazer a diferença num cenário de grave recessão econômica e de consideráveis mudanças de hábitos da população mundial. Por falar nisso, nada de máscara oficial em tempos de pandemia?

Ainda é prematuro cobrar algo do Fluminense ou de qualquer outro clube no que diz respeito aos novos tempos. No entanto, espero que a gestão já esteja revendo  os seus conceitos e estudando diversas possibilidades de futuros cenários. O lançamento das novas camisas produzidas pela Umbro será um bom termômetro, entretanto, será necessário muita cautela na hora de analisar o resultado, pois o cenário econômico de agora poderá ser bem diferente lá na frente.

Apesar do delicado momento do planeta, a torcida tricolor mostra que o Fluminense segue mais vivo do que nunca. Resta saber como o clube está se estruturando para cuidar do seu torcedor nessa nova era mundial que ainda nem começou a engatinhar.

Forte abraço e Saudações Tricolores!

Vinicius Toledo