O show só está começando!




Jhonny



Nobres tricolores, herdeiros de Oscar Cox.

Estreio como colunista deste respeitável portal com a felicidade de um garoto que acabou de ser aprovado nas peneiras do clube de coração: o frio na barriga vem acompanhado da responsabilidade de honrar essa nova armadura (ou manto, pois essa controvérsia não me pega!).

Aproveito o espaço, por ora, para refletir sobre uma das mais antigas dicotomias do futebol: a base serve para conquistar títulos ou revelar jogadores para o time profissional? Esse entrevero, por sinal, dividiu os tricolores nas redes sociais após a eliminação deste domingo na Copinha. Não tenho a pretensão de esgotar o debate ou ser o dono da verdade.

Assim, como divisão formadora de caráter e responsável por dar subsídios necessários à prática da futura profissão, a base de um clube de futebol serve, em primeiro plano, como produtora de matéria-prima, ou seja, os investimentos vultuosos precisam dar retorno esportivo e financeiro. É uma espécie de ciclo da vida (ou da sobrevivência) do clube. O jovem deve ser trabalhado, lapidado e transformado em ativo, a despeito da conquista de títulos, por mais repugnante que isso possa parecer. Jogador de futebol visto como um bem no sentido prático.

Todavia, faço um afago nos que veem os títulos como algo preponderante. De fato, em um segundo momento, enxergo tais conquistas como algo fomentador do amadurecimento do garoto que precisa se familiarizar com as vitórias, acostumar-se com as glórias. Mas isso não é tudo.

Do que adiantaria as glórias em profusão na base se os insucessos se acumularem entre os profissionais? Medalhas de honra ao mérito, troféus em formato de cinzeiro não me enchem os olhos. Se para cada derrota dolorida na base revelarmos um André, o objetivo então fora alcançado. Ressalto que não há resposta certa, lado certo, tampouco uma coisa exclui a outra (na minha modesta opinião). Considero importante revelar bons jogadores, a fim de suprir lacunas no time de cima. As conquistas são consequências do trabalho de formação, nunca o objetivo.

Minha missão ao escrever esse texto é trazer à reflexão a necessidade de não se atirar os garotos aos leões após insucessos, pois paciência é a chave do negócio. É claro que eu queria o título da Copinha, Deus sabe como eu queria. Não gosto de ver o Flu perder nem em disputa de peteca. Foi duro ver nossos meninos talentosos sucumbirem à intensidade do Santos. Coisas do futebol…

Que a derrota de hoje represente uma vitória onde e quando realmente importar. Que essa decepção pavimente nosso caminho à sonhada Libertadores. A torcida do Fluminense quer títulos de expressão impulsionados pela força da nossa base, estamos cansados de pequenas pílulas paliativas em uma década de gastrite.

Eu quero ganhar tudo, claro! Mas devemos nos ater ao que realmente importa. A base é um espaço de maturação e, como tal, tem a paciência como condição mais patente. Assim, acalma o coração, dê uma chance aos garotos e puxa uma cadeira: o show deles está só começando.

Fico por aqui, mas nos vemos por aí… Saudações Tricolores.

Rafael Paiva