Popurri de emoções




Foto: Vinicius Toledo / Explosão Tricolor

Buenas, tricolada! O Fluminense é capaz de surpreender os seres humanos mais desligados e desinteressados. Talvez aqueles que sequer apreciem o futebol. É capaz até mesmo de causar espanto nos seus torcedores mais apaixonados, os que entendem do riscado e acompanham a todos os esportes em que a armadura tricolor esteja presente. Já vi torneio de cuspe à distância com “neguzim” devidamente trajado com o nosso manto e cantando “vamos Fluzão, vamos ganhar, eu sou do clube tantas vezes campeão…”!

Sim, a nossa torcida esteve adormecida, revoltada, submersa em dor, desconfiada, puta da vida, mas sempre esperando avidamente por qualquer momentozinho de glória. Efêmera, que fosse, mas que permitisse um esgoelamento sinfônico, etéreo, retumbante e repleto de alívios!

Aí, na penúltima rodada de um Brasileirão 2019 onde tivemos campanha pífia, a cegueira divina obrigou a 40 mil cabeças vestir óculos e invadir o Maraca para acompanhar a peleja entre o FFC e o poderoso Fortaleza! Quarta-feira, às 21:30h, jogo com transmissão da TV aberta, e imediatamente após, na rodada anterior, um empate mequetrefe contra o rebaixado e inócuo Avaí, que atuou (quase) com uma equipe sub-20!

No confronto ante o lanterna do campeonato, no último domingo, poderíamos e tínhamos a obrigação de assegurar a nossa permanência na Série A tupiniquim. Pois é, a benevolência do eterno rival e inimigo Vasco da Gama, que bateu o Cruzeiro no dia seguinte, manteve-nos na elite. Porra, nem a nossa sobrevivência conquistamos com as nossas próprias pernas!

No duelo deste meio de semana, o bem arrumado time do Rogério Ceni não nos deu muitos trabalhos defensivos… Curioso e intrigante: o Flu também não assustou o gol nordestino, ao menos até os últimos 5 minutos de embate, quando fomo pro abafa. Ridículo!

O resultado de 0x0 retratou o que foi o Fluminense neste ano. Ou melhor, o que vem sendo o Fluminense há séculos. Impotência, incapacidade, medo, incompetência, falta de audácia, descaso com as tradições centenárias tricolores, calotes… Um balaio de gato do cacete!

Tem boneco comemorando o nosso momentâneo ingresso na Sula 2020, mesmo faltando ainda mais uma rodada para que se definam as colocações finais do Brasileiro-2019. Com um empate magérrimo ante o Fortaleza.  Mermão, pequenez do ca@#$%&! O Fluzaço não pode se contentar com uma mera briga por vaga em um torneio de importância secundária. Especialmente quando os adversários não têm históricos vencedores em competições nacionais e, mais grave, quando tal vaga é a derradeira, a rabeta, o fim da fila…

Não quero detalhar os meus conceitos sobre a partida entre Flu e Fortaleza, mas estou sem chão. Em primeiro, o que fazem Nenê e Wellington Nem nesse elenco? O que faz Marcão no banco, além de substituir mal e dar a impressão de que pretende “ficar de bem” com todo mundo? Caramba, a cada jogo ele escolhe um jogador e coloca em campo – sem os mínimos critérios. E saca determinado atleta que não foi substituído na rodada anterior. Parece um panelaço sem fim!

Outra: cadê o preparo físico desse time? Tenho reparado que, na metade do segundo tempo em diante de cada confronto, os tricolores vestem a gravata vermelha! E tomem contra-ataques, e tomem mesmices!

Por que o Miguel dificilmente é relacionado? E por que, quando ele está no banco de reservas, o menino não entra em campo? Por que o Evanílson só pisa no gramado após a vaca já ter ido pro brejo – e sempre no quarto final dos duelos?

E o Gilberto, hein?! Novamente o nome do jogo… Ou do Flu! Será que o lateral-direito está resgatando o seu bom futebol? O Gilberto das três ou quatro últimas brincadeiras incorpora o jogador que conquistou a galera. Não compromete na cozinha e é um azougue lá na frente! E o Yuri Lima, hein?! Ele acha que é Zidane? Tá legal, menos… Ele a pensa que é PH Ganso? Umas trocentas metidas de bola sem capricho – e capacidade – do volantão perderam-se no espaço sideral. Foram vãs e inaceitáveis!

O que fez o Dodi? Depois de uma partida memorável contra o Palmeiras, quando arrancou elogios generalizados, o camarada me comete uma irresponsabilidade daquelas? A gente com um a mais, já que o tresloucado Paulão havia sido expulso minutos antes, e ele sobe com o cotovelo no pescoço de um adversário? Este é um dos mais relevantes problemas que rondam o Time de Guerreiros: falta de regularidade!

Pois bem, chega de xingamentos ao elenco tricolor! Sabem o porquê? Pelo fato de ser um erro de foco monstruoso! Os moleques correram. Sempre. Sem rumo, mas correram! Quem aqui habilitaria ou chancelaria à (suposta) competência os três meses de salários atrasados? Quem?

Arrisco a repetir o que havia proposto há cerca de quatro meses: o nosso elenco atual é melhor do que aqueles montados nos últimos seis anos! Reuniram um grupo de jogadores meio na cagada, mas os resultados de início de temporada foram bem elogiados. Ademais, perdemos Ibañez, o trio Luciano, Pedro e Everaldo… Pô, não há planejamento que resista! E olhem que o FFC não prescinde de quaisquer diretrizes, pois é autossuficiente! Hahaha… Estou zoando, vocês perceberam, né?

Façam-me o favor!

Quem enxergaria sobrevida depois de uma eleição antecipada, ou depois das trocas de técnicos em dois meses? E a exposição de racha, após a briga de técnico com jogador, intromissão do Vice Geral sobre as nossas atuações, performances e resultados, criando rusgas entre torcida, atletas e Comissão técnica, que separou ainda mais o elenco da diretoria? Sempre a empáfia!!

Temo cada vez mais os vieses políticos que inundam o Laranjal! Eles são daninhos, porque vêm repletos de vaidades, ódio e mesquinhez! O Fluminense ficou pra segundo plano, pra esses gestores!

O fato é que o Mário Bittencourt já deveria ter o planejamento de 2020 sobre a sua mesa. As chegadas de um treinador de verdade, de jogadores pontuais, e a subida de vários garotos promissores encorpariam o nosso elenco!

Em suma, estou me tornando contumaz nas lamúrias aqui no Explosão Tricolor. Isto não é salutar, mas os desabafos em determinados instantes desanuviam a alma e geram paz. E, confesso, estou muito necessitado dessa paz. O Flu não quer permiti-la, mas sou tinhoso!

Chega de sofrimentos, chega de popurri de emoções! O FFC não vai perecer diante destas tentativas ao vento. Cento e dezessete anos de triunfos jamais serão apagados da liturgia tricolor. É isso, nós somos o Fluminense!

Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon